Brasil e Iraque cortam metas de produção e podem mudar cenário para mercado global de petróleo

Com o corte de produção da Petrobras e a renegociação do Iraque com gigantes do petróleo, o atual excesso deverá acabar mais cedo que o esperado

Reuters

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LONDRES – As revisões de projeção para a produção de petróleo no Brasil e no Iraque aumentaram os riscos para o mercado da commodity, que irá da atual festa à fome dentro de poucos anos, levando a um aumento de preços que poderá dar um novo impulso à indústria de petróleo não convencional (shale oil) nos Estados Unidos.

Brasil e Iraque tinham a expectativa de adicionar mais de 2 milhões de barris por dia à oferta global até 2020 e mais 2,5 milhões até 2025, tornando-se os dois maiores contribuintes para ajudar a atender à crescente demanda global, segundo previsão de longo prazo da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).

Com a Petrobras cortando nesta semana sua previsão de produção em cinco anos em 1,4 milhão de barris de petróleo por dia (bpd), em resposta ao escândalo de corrupção investigado pela Lava Jato e devido a queda dos preços da commodity, e o Iraque renegociando acordos com gigantes de petróleo para refletir metas de produção “mais realistas”, o atual excesso de petróleo deverá acabar mais cedo que o esperado.

“Todos esses cancelamentos de projetos (de expansão de produção) e cortes estão preparando o mundo para um mercado de petróleo mais apertado no médio prazo (2017-19), a menos que o recorde de sondas de perfuração no Oriente Médio se traduza em um aumento significativo da produção”, disse o chefe de pesquisa na Europa para a área de energia no Citi, Seth Kleinman.

“A demanda terá algo a dizer, mas a partir de uma perspectiva da oferta, é difícil não acreditar que as sementes do próximo pico de preços estão sendo semeadas hoje”, afirmou o Deutsche Bank, em um relatório nesta terça-feira.

Para colocar a revisão da Petrobras (PETR3;PETR4) em perspectiva, o 1,4 milhão de bpd é quase o equivalente ao excesso de oferta global atual, que surgiu devido a um boom do ‘shale oil’ dos EUA e de uma decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de manter sua produção para garantir seu market share.

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Há apenas um ano, a IEA previa produção de 3,7 milhões de bpd no Brasil e de cerca de 4,6 milhões de bpd no Iraque em 2020. Na segunda-feira, a Petrobras, responsável pela maior parte da produção brasileira, disse que vai extrair apenas 2,8 milhões de bpd em 2020.

Fontes das principais empresas petrolíferas que trabalham no Iraque, que estão produzindo uma média de 3,5 milhões de bpd neste ano, dizem que vão lutar para elevar a produção vertiginosamente depois de concordar com grandes cortes de gastos com Bagdá, que ainda aspira ver a produção entre 5,5 milhões e 6 milhões bpd dentro de cinco anos.

(Por Dmitry Zhdannikov; Reportagem adicional de Ron Bousso, Simon Falush e Christopher Johnson)