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SÃO PAULO – A tão esperada redução do desconto de holding, controlada, no caso entre Bradespar (BRAP4) e Vale (VALE3), ganhou um importante catalisador após os anúncios feitos pela primeira companhia na noite de ontem – e que fazem o ativo BRAP4 disparar nesta quarta-feira (15).
Os ativos BRAP4 subiram 5,23%, a R$ 63,18, após chegar a saltar 8,25%, a R$ 65,64, na máxima do dia. Enquanto isso, os ativos da Vale caíram 2,50%, a R$ 91,74, em um dia de nova queda para o minério de ferro.
Através de uma “manobra contábil”, a Bradespar fará uma distribuição de 41% da sua fatia da Vale por meio de redução de capital, ou um valor de R$ 11,6 bilhões para os acionistas.
A Bradespar informou que, em um primeiro momento, haverá um programa de bonificação em ações, por meio da capitalização de reserva de lucros. Haverá o aumento do capital social de R$ 4,1 bilhões para R$ 5,76 bilhões, ou de R$ 1,660 bilhão.
A companhia aponta que a operação de bonificação tem o objetivo de aumentar a liquidez das ações por meio de uma quantidade maior de ações em circulação e de ajustar a cotação das ações, tornando-as mais atrativas e acessíveis a um maior número de investidores.
Posteriormente, haverá a convocação de uma assembleia geral extraordinária (AGE) para votar uma posterior redução do seu capital, marcada para o dia 15 de outubro. A proposta consiste na redução do capital social dos R$ 5,76 bilhões para R$ 500,124 milhões (redução de R$ 5,26 bilhões), sem o cancelamento de ações.
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Se aprovada, a redução de R$ 5,26 bilhões será concretizada com a entrega de ações ordinárias da Vale aos acionistas da Bradespar. A avaliação é de que o capital social se tornou excessivo para o desenvolvimento dos negócios.
Cabe ressaltar que, conforme destaca a Levante Ideias de Investimentos, após o fim do último acordo de acionistas da Vale no fim de 2019, as companhias que controlavam a mineradora por meio do grupo Valepar (posteriormente incorporados pela Vale em 2017) se tornaram acionistas de referência.
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Porém, a mineradora se tornou oficialmente uma corporation posteriormente, ou seja, uma companhia de capital e controle pulverizados.
A Bradespar detém atualmente cerca de 5,5% das ações totais VALE3 se assemelhando a posição da BlackRock, uma das maiores gestoras de fundos passivos negociados em bolsa (ETF) do mundo.
“Assim, a holding Bradespar se tornou quase uma casca, no qual o único investimento é em VALE3, negociado com desconto em relação ao valor de mercado das ações detidas da Vale, percentual que gira na média de 20%”, aponta a Levante. Em 2018, a holding vendeu sua fatia na CPFL (CPFE3), seu último outro grande investimento.
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Em relatório, Yuri Pereira e Thales Carmo, analistas da XP, ressaltam que, com a aprovação da redução de capital, a Bradespar estima que a participação na mineradora cairá para cerca de 3,23%.
Além disso, a companhia informou que, se fossem consideradas as demonstrações financeiras de 30 de junho, a proporção estimada seria de 0,31390978 ação da Vale para cada ação de emissão da Bradespar.
“Vemos a notícia como positiva para Bradespar, pois existe espaço para um fechamento adicional do desconto de holding, que está atualmente em torno de 20%”, apontam os analistas da XP. Analistas do Safra também viram o movimento como “bem positivo”, apontando que a Bradespar vai utilizar o valor patrimonial das ações para rateio e distribuição aos acionistas.
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O Itaú BBA avalia que, se o mercado atribuir uma probabilidade de 100% da reorganização em andamento (os analistas veem riscos para a operação como limitados), o desempenho superior potencial (sobre a Vale) seria em cerca de 11% para BRAP4 e de 16% para BRAP3.
Os analistas do BBA, por sua vez, esperam um impacto limitado para a Vale, não esperando que a distribuição de 123,4 milhões de ações da Vale (cerca de 2% das ações em circulação, ou 3% do free-float – excluindo Previ, Bradespar e Mitsui) represente uma oferta tão significativa para os papéis no mercado. Além disso, num prazo mais longo, reforça a visão da Vale como uma “corporation”.
A Levante Ideias de Investimentos aponta ainda que essas medidas já podem ser reflexos da reforma tributária, que prevê a taxação de dividendos. “Ainda que não haja um desfecho, em caso de aprovação do texto em tramitação, pode gerar um cenário que não seja favorável para uma holding das características da Bradespar, que poderia pagar tributos adicionais sobre dividendos a seus acionistas, gerando um passivo tributário adicional sem necessidade”, avalia.
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