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SÃO PAULO – Pouco tempo após a XP adotar uma postura mais cautelosa com os bancos, o Bradesco BBI divulgou relatório retomando a cobertura dessas empresas com uma visão diferente, se mostrando mais otimista com o setor no curto e médio prazo.
Os analistas Gustavo Schroden, Otavio Tanganelli e Eric Ito disseram ter “uma visão construtiva de curto a médio prazo”, sustentada por uma esperada melhora na qualidade dos lucros, com recentes correções nos valuations abrindo oportunidades nas ações.
“Esperamos que os lucros dos bancos cresçam em 2021/2022, apoiados por uma melhor receita líquida de juros, impulsionada pelo crescimento dos empréstimos e melhorias no mix”, avaliam os analistas, que acreditam que o mercado deve receber bem esse cenário, elevando os múltiplos das companhias.
Segundo a equipe do BBI, a margem financeira dos bancos deve crescer mais rapidamente do que nos últimos anos, suportada por um melhor mix. Além disso, após um fraco avanço de 0,7% em 2020, a projeção é que a receita de juros líquida cresça 6,9% em 2021 e 7,0% em 2022.
“Em nossa opinião, esse melhor desempenho da receita líquida de juros deve ser impulsionado por um maior crescimento da pessoa física do que da pessoa jurídica, com foco em produtos de maior rendimento, como crédito pessoal (ex-folha de pagamento), cartão de crédito e cheque especial”, afirmam os analistas.
O cenário deles ainda projeta que os empréstimos para pessoas físicas cresçam 14,2% em 2021 e 12,7% em 2022, contra apenas 7,3% no ano passado, enquanto os empréstimos para empresas devem aumentar 2,6% e 7,4% neste e no próximo ano, respectivamente (em 2020 a alta foi de 26,9%).
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“Observe que as pessoas físicas têm uma taxa de juros média de 24,6% a.a., quase o dobro das taxas de juros para empresas de 12,6% a.a., o que pode explicar a expansão mais rápida da receita líquida de juros nos próximos anos”, avaliam, concluindo que os ganhos do setor devem crescer 29,6% em 2021 e 11,2% no ano seguinte, enquanto os ROEs (Retorno sobre o patrimônio líquido) poderiam expandir em 460 pontos-base, para 17,1% em 2022.
Dias antes, a XP emitiu um relatório em que se mostrou mais cautelosa com as instituições bancárias do país, apontando quatro itens como os principais fatores para sua nova visão: i) a concorrência no varejo aumentou à medida que as barreiras de entrada diminuíram; ii) os órgãos reguladores tornaram-se mais agressivos em prol de mais competição; iii) os players independentes no atacado ganharam market share; e iv) as perspectivas de crédito deterioraram-se com o open banking.
Para os analistas, os riscos do Open finance parecem maiores do que o previsto para os bancos. “Mais do que apenas crédito, o programa visa investimentos, seguros e até potencializa o uso do mercado de produtos financeiros. Tal mudança deve aumentar a competição e diminuir o ROE do setor”, avaliam.
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Para o Bradesco BBI, porém, a melhora nos resultados será um driver mais importante que a concorrência. Reconhecemos os desafios estruturais devido à concorrência de novos operadores, bancos digitais e fintechs, mas nos próximos 6 a 12 meses acreditamos que a melhoria na qualidade dos resultados será o driver mais importante dos preços das ações, daí a nossa visão mais construtiva”, apontam os analsitas.
Itaú é o favorito
Com um preço-alvo de R$ 38, o BBI colocou uma recomendação de compra para o Itaú Unibanco (ITUB4), com o banco sendo a escolha preferida dos analistas entre as instituições de grande capitalização.
“Acreditamos que o crescimento do crédito e um melhor mix de produtos devem levar a uma melhor qualidade dos resultados até pelo
menos o 4T22”, afirmam os analistas sobre o Itaú.
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Segundo eles, o Itaú deve apresentar o maior aumento de ganhos entre seus pares com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) prevista de 26% entre 2020 e 2022, contra 20% do sistema bancário como um todo. Com isso, o ROE do banco também deve ter uma expansão maior nos próximos dois anos, chegando a 18,8% em 2022, contra previsão de 17,1% para o resto do setor.
Além disso, o BBI aponta um valuation mais atrativo para o Itaú quando comparado com seus pares privados. Os analistas veem o Itaú (ex-XP) negociando com um P/E (preço sobre lucro) de 8,1 vezes, contra 9,2 vezes do Santander Brasil, por exemplo.
Sobre os outros banco, os analistas do BBI colocaram recomendações neutras para Banco do Brasil (BBAS3) e Santander (SANB11), com preços-alvo de R$ 39 e R$ 47, respectivamente.
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Essa avaliação se dá porque, na visão deles, as melhorias citadas parecem ter um preço muito alto para o Santander, enquanto eles têm incertezas com relação a melhorias no ROE para o Banco do Brasil.
“De fato, embora reconheçamos os fundamentos sólidos do Santander Brasil, observamos que o banco deve registrar um crescimento de lucros mais lento do que seus pares de grande capitalização (CAGR de 9% entre 2020 e 2022 vs. 20% para o sistema), e menor expansão do ROE”, diz o BBI.
“Enquanto isso, o gap de ROE do Banco do Brasil contra os pares privados deve ser maior em 2022 do que em 2020 (gap de ROE de 590pb em 2022 vs. 420bps em 2020), justificando nossa classificação de neutra”, explica.
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Na véspera, a XP colocou o Banco do Brasil como sua ação preferida no setor, sendo a única com recomendação de compra. Os analistas destacaram que o BB apresenta uma assimetria de investimento positiva, principalmente com base no valuation atrativo do banco, enquanto mantém uma operação defendida. Eles também avaliam que a distribuição de dividendos do banco deve se tornar relevante, pois o banco deve aumentar seu dividend payout (clique aqui para ver a análise completa e as outras recomendações).
Por fim, o BBI também cita o ABC Brasil (ABCB4) com uma recomendação de compra e preço-alvo de R$ 20, sendo o preferido dos analistas entre os bancos menores em crescimento mais rápido de lucros. “Também classificamos o Banrisul (BRSR6) como Neutro devido à falta de visibilidade da expansão do ROE”, concluem.
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