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O dia foi de aversão a risco dos mercados e, mesmo com o Ibovespa amenizando fortemente e fechando com uma queda modesta de 0,46%, as ações de uma empresa em específico registraram fortes ganhos durante toda a sessão (ou seja, mesmo nos piores momentos do dia). Trata-se do Bradesco (BBDC3;BBDC4), com as ações disparando cerca de 8% após reportar um resultado na manhã de segunda-feira (5) que finalmente mostrou recuperação e ficou além das expectativas do mercado. Os ativos BBDC3 saltaram 8,30% (R$ 12,27), enquanto BBDC4 avançou 7,59% (R$ 13,61), entre as maiores altas da sessão.
O movimento ocorreu após o banco registrar um lucro líquido recorrente de R$ 4,7 bilhões no segundo trimestre, alta de 12% na comparação trimestral e 9% acima da expectativa do JPMorgan.
Segundo o banco americano, o resultado positivo foi impulsionado principalmente por menores provisões para perdas com empréstimos (PPD), ajudado por maiores recuperações de crédito e reversão de impairments (baixas contábeis).
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Dado o cenário de expectativas e desafios dos trimestres anteriores, o JPMorgan disse ter uma visão predominantemente positiva deste trimestre, uma vez que o banco continua avançando em seu plano de otimização de custos, com mais de 400 agências e pontos de venda fechados e redução de pessoal, além da recuperação no crescimento de empréstimos e queda inadimplência.
Os analistas do JPMorgan também comentam que embora seja difícil comemorar um retorno sobre patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) de 12%, o Bradesco continua a apresentar melhorias graduais nos resultados, e para o atual Preço/Valor Patrimonial de 0,8 vez em que as ações são negociadas, consideram o risco versus retorno atraente, à medida que o ROE continua a convergir em direção ao custo de capital, e, portanto, esperam que as ações se valorizem.
Já a Ativa Investimentos comenta que o Bradesco reportou um bom resultado, acima das suas estimativas, puxado pelo seu negócio principal. “O trimestre foi marcado pela melhora no produto bancário, em que o Bradesco não só voltou a crescer mais consistentemente sua carteira, como o spread melhorou após consecutivos trimestres de queda, tudo isso enquanto a inadimplência reduziu em 0,5 p.p., atingindo a marca de 4,3%”m destaca a casa de análise.
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Sendo assim, conforme a Ativa, com a necessidade de um menor provisionamento e volta da expansão do spread, a margem financeira líquida do banco foi o destaque positivo do trimestre, um importante indicativo para frente e que dá maior confiança no processo de recuperação de rentabilidade do banco.
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A XP Investimentos avalia que os resultados foram positivos e acima das suas expectativas, com enfase para o crescimento da carteira de crédito e da NII (margem financeira) com clientes após 3 trimestres de queda. “Outro destaque importante foi a redução do Custo de Crédito, com melhora significativa de 29% na base anual.”
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Apesar dos níveis ainda deprimidos, a XP acredita que o banco apresentou resultados consistentes apontam para uma trajetória positiva. Como resultado, o banco parece pronto para retomar o crescimento gradual com confiança.
Já o Goldman Sachs comenta que o lucro líquido superou suas expectativas com menores provisões e alguns sinais positivos.
Segundo o Goldman Sachs, o principal fator para o resultado acima do esperado foram as menores provisões, que caíram 7% no comparativo trimestral e ficaram 16% abaixo do previsto pelo banco, à medida que a qualidade dos ativos apresentou boas tendências, com o índice de inadimplência (NPL) caindo 60 pontos-base (bps) para 4,3%.
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A margem financeira ficou ligeiramente abaixo da previsão do Goldman Sachs, principalmente devido à fraqueza na margem de mercado, enquanto a margem de clientes cresceu 5% no trimestre, com os empréstimos crescendo, particularmente para pequenas e médias empresas (PMEs). Por outro lado, as receitas de tarifas superaram razoavelmente as expectativas, compensando o desempenho mais fraco nos seguros, e as despesas ficaram alinhadas com o esperado.
O Morgan Stanley, por sua vez, aponta que o ROAE de 11,4%, ficou acima dos 10,7% previstos por seus analistas.
De acordo com o Morgan, a margem com clientes cresceu devido a fortes originações e mix de empréstimos. Por outro lado, a margem de mercado de R$ 325 milhões, queda de 48% na base trimestral, foi impactado pela mudança na curva de taxas e menores ganhos de trading.
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O Itaú BBA também disse que o lucro do Bradesco veio 7% acima das suas previsões. Enquanto as receitas corresponderam às previsões, aumentando 5% no trimestre, as provisões de crédito caíram 7% no trimestre, levando ao resultado final.
Para o BBA, o desempenho operacional está avançando, conforme demonstrado por sua carteira de empréstimos 2,5% maior no trimestre e 5% maior margem com cliente. “A qualidade do crédito melhorou em 50 bps, liderada por PMEs, elevando ligeiramente os índices de cobertura para 170%”, destaca.
O JPMorgan mantém classificação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) com preço-alvo de R$ 18. Enquanto isso, o Goldman Sachs e o BBA reiteram recomendação neutra e preço-alvo de, respectivamente, R$ 14 e R$ 15,50.