Bradesco (BBDC4), Itaú (ITUB4), Santander (SANB11) e BB (BBAS3): UBS e Goldman traçam o que esperar dos balanços dos bancos

Expectativa é que número de empréstimos aumente mas, do outro lado, qualidade das carteiras pode cair

Vitor Azevedo

Qual banco está barato na Bolsa?
Qual banco está barato na Bolsa?

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A temporada de balanços se aproxima e, com isso, investidores começam a definir suas expectativas para os resultados do quarto trimestre. Para os bancos, as previsões não são tão claras, com, de um lado, um provável crescimento das carteiras de crédito e, do outro, a ameaça de um aumento da inadimplência.

“Dados do Banco Central mostram expansão do crédito em 3% nos dois primeiros meses do quarto trimestre, concentrada principalmente no crédito de varejo”, destacam os analistas Thiago Batista, Olavo Arthuzo e Philip Finch, do UBS.

Eles ressaltam também o crescimento dos empréstimos disponibilizados para pequenas e médias empresas, que agora são 44% de todos o crédito disponibilizado para jurídicas, e para o avanço do número de contas abertas, que chegou a 788 milhões, alta de 6% na base trimestral.

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Do outro lado, porém, o banco vê também um possível crescimento da inadimplência e também dos custos de risco nos últimos três meses de 2021.

Os analistas do Goldman Sachs Tito Labarta, Tiago Binsfeld e Beatriz Abreu, endossam parcialmente esse último argumento, afirmando que o crescimento do crédito junto com a desaceleração econômica e a aceleração da inflação pode prejudicar os resultados (levando a um aumento de provisões, por exemplo). Apesar disso, para eles, boa parte dessas ameaças já estariam precificadas.

Banco do Brasil, Bradesco e Itaú são preferidos

“Nossas escolhas preferidas são para o Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4), que estão negociando de forma muito descontada e que devem apresentar ganhos resilientes”, comentam Labarta, Binsfeld e Abreu. Ambos têm recomendação de compra pelo banco americano e preços-alvos fixados em, respectivamente, R$ 46 e R$ 26.

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O Banco do Brasil, para o Goldman Sachs, deve ver seu retorno sobre patrimônio médio cair, por conta de maiores provisões. “Esperamos que as provisões aumentem 32% no comparativo trimestral, uma vez que o custo de risco aumenta 50 pontos-base na mesma base, chegando a 2,7%, e a qualidade dos ativos se deteriora ligeiramente”, dizem.

Já o Bradesco, segundo os analistas, pode trazer um crescimento saudável da carteira de crédito (de 2% no trimestre e 16% no ano), levando a uma expansão da receita provinda de juros (5% no trimestre e 22% no ano) – que deve ser parcialmente mitigada pela alta das provisões (15% no trimestre e 22% no ano), com o custo do risco avançando 30 pontos-base ante o terceiro trimestre, para 2,6%.

Projeções do Goldman Sachs para o BB e Bradesco: 

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O top pick para o UBS entre os bancos brasileiros é o Itaú (ITUB4), que deve trazer melhores margens, com a receita provinda de investimentos próxima ao topo daquilo que era previsto no guidance. 

Apesar de uma provável deterioração da qualidade dos empréstimos, essa deve ser compensada. A expectativa do banco americano é que o lucro do Itaú cresça 3% na base trimestral, chegando a R$ 7 bilhões, e o retorno sobre patrimônio médio (ROAE, na sigla em inglês) chegue a 19,9%. Além disso, o Itaú, para o UBS, traz um crescimento orgânico sólido da sua carteira.

O Goldman Sachs, entretanto, não vê a receita do Itaú avançar, prevendo queda de 2% na base trimestral, ficando em R$ 19,1 bilhões. O pessimismo do banco é explicado pela visão de uma maior pressão nas margens dos lucros com juros, que deve recuar 20 pontos-base, para 3,8%, que deve minimizar o crescimento de 4% da carteira de crédito. O lucro líquido deve recuar 1% na comparação com o terceiro trimestre, para R$ 6,7 bilhões.

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Para UBS e GS, Santander Brasil deve ter recuo dos lucros

Como consenso entre os dois grupos de analistas, está a provável queda dos lucros do Santander Brasil (SANB11). O UBS aponta que os lucros recorrentes devem diminuir 3,8% na base trimestral, para R$ 4,1 bilhões, com resultados mais fracos nos tradings e cobrança maior de impostos, que foram “anormalmente pequenos no terceiro trimestre”).

O Goldman Sachs vê a receita do Santander avançando 1% na base trimestral, para R$ 14,7 bilhões, mas o lucro ficando estável, também por conta dos tributos. “Esperamos uma expansão saudável da carteira de crédito (aumento de 3% no trimestre e 14% no ano), enquanto a margem financeira deverá crescer abaixo dos empréstimos numa base trimestral devido a uma margem de juros mais baixa”, comentam.

Apesar disso, o banco elevou a recomendação das ações unitárias do Santander Brasil de venda para neutra, com preço-alvo em R$ 34, sem modificações, uma vez que avalia que os riscos negativos para as ações já estão precificados e que a lucratividade deve seguir saudável.

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Goldman Sachs eleva recomendação de Itaúsa para compra

Em sua última análise, o Goldman Sachs elevou a recomendação para as ações preferenciais da Itaúsa (ITSA4) para compra, apesar do preço-alvo ter caído 3%, para R$ 12 (upside de 33% em relação ao fechamento dessa quinta-feira). “Vemos os papéis como uma forma barata de exposição a investimentos que combinam crescimento, como a XP, e qualidade, como o Itaú”, explicaram.

O UBS ainda traça expectativas para o Nubank e para o Inter (BIDI11), ambos com recomendação de compra.

Para o primeiro, os analistas esperam um crescimento forte do número de clientes, chegando a 52 milhões, impulsionados pela oferta pública, apesar de ver um prejuízo líquido de R$ 15 milhões. Além disso, a expectativa é que a carteira de crédito alcance US$ 6 bilhões, crescendo 14% no trimestre e 81% no ano.

Para o Inter, os analistas apontam que os principais dados operacionais do quarto trimestre já foram divulgados, com o número de clientes já tendo surpreendido positivamente. Para o lucro líquido, a expectativa é de R$ 55 milhões, com a carteira de crédito chegando a R$ 18,3 bilhões, alta de 15,7% na base trimestral e de 94,6% na anual.

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