Bradesco (BBDC4): estratégia é correta, mas recuperação será lenta, diz Genial

Recomendação foi mantida em compra, com potencial de valorização de mais de 30%

Ana Paula Ribeiro

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A Genial Investimentos espera a recuperação da rentabilidade do Bradesco (BBDC4) nos próximos trimestres, embora a maior parte dos resultados positivos sejam esperados apenas para 2025 e 2026. A avaliação é que a instituição vai conseguir crescer em crédito com a inadimplência controlada, o que levou a confirmação da recomendação de compra para as ações do banco, com preço-alvo de R$ 17, o que representa um potencial da valorização de 38%.

Um dos pilares da recuperação de rentabilidade é a reestruturação que o banco vem passando, o que inclui mudanças de áreas – incluindo a promoção de Marcelo Noronha ao cargo de CEO, em novembro -, corte de despesas e busca por maior eficiência.

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“A meta de eficiência estabelecida pelo banco é de 40%. No primeiro trimestre de 2024, o índice foi de 50%, indicando que serão necessários cortes significativos de despesas e aumento de receita para se alcançar a meta de eficiência”, explicou a Genial, relatório.

O indicador de eficiência é o quanto uma instituição financeira precisa gastar para gerar receitas. Um índice de 50% significa que foi necessária uma despesa de R$ 50 para uma receita de R$ 100, neste caso, quando menor o índice, melhor.

Ser mais eficiente é o que ajudará o banco a melhorar a sua rentabilidade, penalizada com o último ciclo de alta da Selic e aumento de inadimplência, o que levou o ROE (retorno sobre patrimônio líquido) da faixa de 18% a 20% para apenas 10% no ano passado.


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A administração também tem concentrado os esforços no aumento do crédito e melhora das provisões para devedores duvidosos. O risco dessa estratégia, na visão da Genial, está na execução e em uma eventual mudança no cenário macroeconômico.

“Em nossa visão, caso ocorra uma deterioração do cenário com o Banco Central elevando os juros novamente, isso poderá resultar em uma pressão adicional sobre a margem de mercado e no aumento da inadimplência nos segmentos mais arriscados (varejo massificado e PME, ou pequenas e médias empresas), os quais o Bradesco está voltando a crescer.”

No encontro com os analistas, o banco apontou que pode atingir o seu guidance (projeções). Se isso se confirmar, o lucro líquido no ano ficaria ao redor de R$ 18 bilhões, R$ 600 milhões abaixo das projeções da Genial e R$ 400 milhões abaixo do consenso de mercado. Além disso, com esse nível de lucro, a rentabilidade ficaria em 11%, o que ainda é considerada baixa.

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O banco ainda tem como desafio levar a expansão da carteira para o guidance. No primeiro trimestre, o crescimento foi de 1,2% na relação ao mesmo período do ano anterior, bem abaixo do intervalo de 7% a 11% projetado para 2024.

Para a Genial, o segundo trimestre deve apresentar um leve crescimento, mas a aceleração maior se dará nos dois últimos trimestres do ano, incluindo a margem financeira. Isso porque o Bradesco tem apostado nos segmentos considerados massificados pessoa física e pequenas e médias empresas.

“Como a originação desses segmentos foi muito afetada pela diminuição do apetite do Bradesco em 2023, a volta tem ocorrido com sucesso em 2024, segundo o banco.”

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É esse segmento massificado, em geral, clientes de menor renda, que em 2021 e 2022 foi responsável pelo aumento da inadimplência em um cenário de aumento da inflação e dos juros. A Genial lembra que o banco demorou a desaceleração as concessões e por isso foi mais afetado que os concorrentes.

Para contornar esse problema, o Bradesco passou a aprimorar a análise das etapas de concessão de crédito, incorporando aos modelos de crédito os dados transacionais e machine learning.

Quando assumiu o cargo, Noronha prometeu entregar um ROE de 14,6% ao longo de 2026, mas sem descartar a possibilidade dessa meta ser antecipada e, para isso, o banco tem trabalhado com mais de um pila de crescimento, que ainda inclui a seguradora e a Cielo (CIEL3), que está em fase de fechamento de capital e pode passar a atuar com maior agilidade.

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“O banco entende que, para o ROE voltar a patamares mais atrativos, é preciso atacar em várias frentes e capturar as oportunidades que se apresentam, particularmente nos segmentos de maior spread/risco de varejo massificado e PME”, avaliaram os analistas.