Quais ações brasileiras podem ganhar se Fed cortar juro – mesmo se a Selic subir aqui

Banco aposta em quatro setores com expectativa de afrouxamento monetário nos Estados Unidos

Felipe Moreira

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Mesmo com a expectativa de aumento de juros no Brasil, o Bank of America (BofA) vê as ações “bond proxies” (ações com comportamento semelhantes a títulos de renda fixa) como possíveis beneficiárias do início do ciclo de afrouxamento monetário nos Estados Unidos.

Os dados de emprego não-agrícola dos EUA (payroll) divulgados na última sexta levaram a dúvidas sobre a magnitude do corte de juros pelo Federal Reserve (0,25 ponto percentual ou 0,5 ponto) na próxima reunião de setembro, mas há uma clara indicação de que haverá reduções.

Nesse contexto, o BofA aposta em quatro setores da economia brasileira para se dar bem no cenário atual: Utilities (energia e saneamento), Telecomunicações, Transporte e Shoppings.

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De acordo com analistas, as empresas de utilities podem ser uma boa opção para investidores que buscam lucros resilientes e exposição a taxas mais baixas.

O BofA disse gostar de Eletrobras (ELET3), com uma taxa interna de retorno (TIR) real de 13% e potencial de alta nos lucros devido ao aumento de tarifas e potencial de redução de risco político. O banco também gosta de Copel (CPLE6), com TIR real de 11,5%, além de potencial de reclassificação devido a maiores dividendos.

Para uma exposição de longo prazo, o BofA disse preferir Sabesp (SBSP3) (11,5% de TIR real) em meio à sua reestruturação após a privatização.

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Em transporte, analistas mantiveram preferência por Rumo (RAIL3) (classificada como Compra) em comparação com CCR (CCRO3) e Ecorodovias (ECOR3) (ambas classificadas como neutro), com a ação negociando a uma TIR de 11,5% (em termos reais) assumindo uma taxa estável nas Operações Norte para 2025 (12,3% de TIR considerando repasse da inflação), contra 10,9% de TIR da Ecorodovias e 7,8% de TIR da CCR.

Para shoppings, o BofA ainda vê avaliações atrativas e um cenário mais construtivo, mas o desempenho permanece tímido devido à falta de gatilhos.

Segundo relatório, a inflação mais alta do Índice Geral de Preços (IGP), impulsionada pela recente depreciação do real, é um novo gatilho de alta, possivelmente levando a aluguéis mais altos. Os spreads de TIR em relação às taxas estão cerca de 230 pontos-base acima do período pré-COVID para crescimento semelhante. Allos (ALOS3) é a principal escolha do banco, dado os gatilhos positivos esperados pela reciclagem do portfólio e maiores rendimentos de dividendos.

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Na avaliação do banco, a preocupação dos investidores é exagerada com relação a inflação no setor de telecomunicações, uma vez que ignoram o potencial de alta com taxas reais mais baixas.

Nesse sentido, o banco enxerga uma desconexão entre os fundamentos do setor em melhoria e o posicionamento fraco dos investidores, o que pode mudar por dividendos de dois dígitos, já que as telecomunicações provavelmente serão as maiores pagadoras de dividendos entre as ações brasileiras. Com isso, BofA reitera recomendação de compra para Vivo (VIVT3) e Tim (TIMS3).