Bolsa tem a queda mais rápida da história e pode continuar em baixa, diz XP

Segundo o relatório, os índices de Bolsa de diferentes países nunca haviam caído entre cerca de 30% e 40% em um período de apenas duas semanas

Giuliana Napolitano

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SÃO PAULO – É cedo para estimar quais podem ser os impactos da pandemia de coronavírus para a economia mundial. Mas, nas bolsas de valores, o estrago já é o mais rápido desde que existem registros – e a queda pode continuar.

A análise consta de um relatório divulgado na noite de ontem pela XP Investimentos. Segundo o texto, os índices de Bolsa de diferentes países nunca haviam caído entre cerca de 30% e 40% em um período de apenas duas semanas, como aconteceu agora.

No crash de 1929, o índice Dow Jones, dos Estados Unidos, havia demorado 35 dias para entrar em um bear-market (mercado de baixa), que é definido com uma queda superior a 20%.

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Na crise de 2008, o mercado demorou mais de quatro meses para cair mais de 20%, de maio até o fim de setembro. Dessa vez, foram apenas 16 dias, segundo a XP.

O relatório toma como base o desempenho dos mercados entre a volta do carnaval (26 de fevereiro) e a última quinta-feira, 12 de março.

Nesse intervalo, o Ibovespa caiu 36%, o EWZ (índice da bolsa brasileira em dólares) desvalorizou 44% e o S&P 500, da Bolsa americana, teve uma baixa de 27%.

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No dia 13, as Bolsas voltaram a subir, mas, ainda assim, o Ibovespa acumula uma baixa de 15% de segunda-feira (9) até a última sexta-feira – no pior desempenho para uma semana desde a crise de 2008.

Bolsa pode cair mais: o que fazer?

Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP e autor do relatório, afirma no texto que “o sentimento se deteriorou de forma muito rápida”.

“Enquanto, após o carnaval, a maioria dos investidores olhava a correção de 10% como um excelente ponto de entrada, o tom mudou após a Bolsa corrigir mais 20% desde então. A mensagem que escutamos agora de gestores e participantes do mercado é de cautela e com um viés de que a Bolsa poderia cair mais.”

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Diante desse cenário, a recomendação da XP é de cautela. “Ainda nem começamos a ver os impactos da crise do coronavírus nos dados econômicos e das empresas em nenhum país, nem mesmo na China”, diz o relatório.

A evolução da pandemia também é incerta, assim como as medidas adotadas pelos governos para tentar conter a disseminação do vírus. Neste sábado, o presidente americano acrescentou o Reino Unido e a Irlanda à lista de países com viagens restritas para os Estados Unidos.

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“Em nossa visão, se o medo de que o mundo venha entrar em uma forte recessão se confirmar, acreditamos que a Bolsa brasileira poderia vir a sofrer ainda mais”, afirma o relatório da XP.

Fazendo uma análise de crises passadas, o relatório indica que o Ibovespa poderia cair “pelo menos mais 10-15%, chegando a 62.000-65.000 pontos”.

Essa, claro, é uma possibilidade. “É sempre muito difícil prever qual será o ponto de equilíbrio no qual os mercados param de cair e começam a se recuperar. Em 2008, após o S&P 500 ter caído 42% até outubro, o índice se recuperou 24% até o final do ano, antes de embarcar em uma nova queda de quase 30% em 2009 e enfim encontrar o vale”, diz o texto.

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Diante desse cenário, o que fazer?

Como os preços das ações estão mais baixos que há um mês, a XP sugere, para os investidores que buscam oportunidades, que façam compras ao longo do tempo, e não concentradas de uma só vez. “Ter um preço médio alivia os efeitos da elevada volatilidade.”

“As crises passam e, no longo prazo, ser sócio de empresas que têm bons fundamentos, em setores promissores, e que são geridas por um forte grupo de gestores é sempre a estratégia vencedora.”

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Giuliana Napolitano

Editora-chefe do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre finanças e negócios. É co-autora do livro Fora da Curva, que reúne as histórias de alguns dos principais investidores do país.