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“Compre Bolsa, compre dólar” é o que afirmaram gestores no painel “Bolsa e volatilidade: como fazer boas escolhas?”, na Expert XP 2024. Na visão deles, o cenário deve ser de otimismo para Bolsa, tanto considerando o preço atual quanto o cenário externo.
Participaram da conversa Sara Delfim, sócia-fundadora da Dahlia, João Luiz Braga, sócio-fundador e analista da Encore, Leonardo Linhares, membro do conselho de administração e head de ações da SPX, e Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP.
“Os mercados emergentes tendem a ir muito bem em um cenário em que o Federal Reserve corta juros”, ressaltou Ferreira, sobre o retorno do investidor estrangeiros à Bolsa, movimento que se acelerou nos últimos meses.
Mesmo considerando que já é dito há algum tempo, Ferreira destacou que considera a bolsa brasileira barata. Isso mesmo depois do recente rally, que levou o índice ao seu recorde de pontos.
“O que os preços mostram é que os investidores não estão nem tão pessimistas nem tão otimistas”, avaliou.
Afinal, é hora de comprar bolsa?
Um ano atrás, as preocupações eram similares, com juros lá fora e fluxo estrangeiro, explica Sara. Mesmo com uma alta de 15% na comparação anual, a bolsa brasileira ainda pode ser considerada barata, em sua visão.
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“A gente segue fazendo o que fez nos últimos anos: compra Bolsa e compra dólar”, explica. “Vamos continuar comprados no dólar”, reforça.
A gestora destaca que, ao falar de renda variável, o relevante é a combinação de ativos, que traga consistência ao longo do prazo e que seja replicável.
“Vemos bastante valor na bolsa brasileira e americana. Elas não são inimigas da renda fixa no Brasil”, afirma.
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Para Braga, o pessimismo de agentes do mercado não se justifica, uma vez que tem sido possível extrair valor no ativo e capturar carregos, em especial considerando a alta anual.
“Valuation não é um problema para gente subir”, comenta Linhares.
“Agora, para a gente ter um grande movimento, precisamos ter uma ajudinha do Brasil, né? Não só do externo, que está ajudando, mas também os juros longos precisam fechar”, afirma.
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Cenário externo
“Historicamente, é raro pouso suave, mas é muito positivo para ativos de risco e ativos emergentes. A impressão que eu tenho é que conseguiremos isso nos Estados Unidos. A parte ruim é que isso já está sendo precificado”, comenta o gestor da SPX.
Linhares comenta que, em outras situações, desequilíbrios complicaram a possibilidade de pouso suave e hoje não estão presentes. Sobre a China, “não espero notícias positivas dali e, até a eleição dos EUA, o movimento deve ser de segurar”, diz.
O gestor comenta a possibilidade de que haja intervenção mais severa do governo na economia no país asiático, após o pleito americano.
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“No final do ano, a gente vai ter um ambiente que é extremamente favorável”, afirma Braga. Isso será causado pelo fato de 80% dos bancos centrais cortarem juros neste ano e isso se apresenta como favorável para mercados emergentes.
A sócia da Dahlia considera que o pior já passou, mesmo considerando os juros americanos em seu pico atualmente. “A gente está em um mundo de abundância energética”, destaca a gestora, sobre o potencial de exportação de petróleo.
Com a China em condições menos boas, os preços da commodity caem e o potencial de queda de inflação aumenta. “É uma combinação de fatores que nos torna otimista com o cenário externo”, comenta. “No geral, o cenário externo é benigno”.
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Em relação às eleições, Kamala Harris seria a melhor opção para mercados emergentes desde que não conte com maioria no Congresso norte-americano, segundo os gestores.
Braga considera que Trump poderia trazer mais previsibilidade, por já ter governado anteriormente e apresentado o mesmo escalão que o governo anterior.
Linhares tem visão oposta e vê como pior cenário para a bolsa americana a eleição de Kamala, com um Congresso com maioria democrata.
Onde investir?
“Não precisa ser herói, os ativos bons estão baratos”, diz Braga. O micro reforçaria a tese de que bons ativos estão com preços interessantes e que não requerem muitos sacrifícios do investidor.
Sara concorda e considera que o micro das empresas tem apresentado panorama muito superior ao visto nos últimos anos. “Um sinal que mostra isso é a geração de caixa que vimos nos últimos 18 meses (das empresas) e a quantidade de dividendos pagos”, afirma.
Linhares destaca que a alavancagem tem estado em situação razoável e que demonstra que as empresas tem estado preparadas “para o pior”. Hoje em dia, o que o cenário demonstra é que o PIB se apresenta bom, há renda e há emprego, em sua visão.
“O meu portfólio está mais diversificado que a média”, comenta, destacando apostas em utilities e no setor financeiro, não somente bancos. Os dois setores apresentam nomes com valuation atrativo, em sua visão. “A gente vai ter juros altos nesse governo mesmo, então o setor financeiro pode ir bem”.