Bolsa do Japão se recupera com força e salta 10,23%, maior alta diária desde 2008

Movimento ocorre após o tombo de 12,4% de ontem deflagrar busca por ações baratas e o iene devolver parte dos recentes ganhos que acumulou ante o dólar

Equipe InfoMoney

Sede do Banco do Japão (BoJ) em Tóquio  - 18/03/2024 (Foto: Kim Kyung-Hoon/Reuters)
Sede do Banco do Japão (BoJ) em Tóquio - 18/03/2024 (Foto: Kim Kyung-Hoon/Reuters)

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A bolsa japonesa se recuperou com força nesta terça-feira, após despencar no pregão anterior em meio a temores sobre uma possível recessão nos EUA que derrubaram os mercados acionários globais. Outras bolsas asiáticas também se recuperaram parcialmente, mas de forma mais moderada, aparentemente se estabilizando após a violenta onda de volatilidade que teve início no fim da semana passada.

O índice japonês Nikkei saltou 10,23% em Tóquio, a 34.675,46 pontos, assegurando o maior ganho diário desde outubro de 2008, após o tombo de 12,4% de ontem deflagrar busca por ações baratas e o iene devolver parte dos recentes ganhos que acumulou ante o dólar. Ações de eletrônicos e da indústria pesada se destacaram no Japão: Tokyo Electron e Hitachi dispararam quase 17%.

Em outras partes da Ásia, o sul-coreano Kospi avançou 3,30% em Seul, a 2.552,15 pontos, e o Taiex subiu 3,38% em Taiwan, a 20.501,02 pontos.

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Na China continental, que foram menos afetadas pelo tumulto global dos últimos dias, os ganhos foram mais modestos. O Xangai Composto subiu 0,23%, a 2.867,28 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 1,18%, a 1.567,03 pontos.

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Na contramão, o Hang Seng caiu 0,31% em Hong Kong, a 16.647,34 pontos.

Em pregões recentes, os mercados asiáticos e de outras partes do mundo ficaram pressionados após dados econômicos fracos dos EUA gerarem temores de que a economia americana pudesse estar rumando para uma recessão. Assustou particularmente o último relatório de emprego dos EUA, que foi divulgado na sexta-feira (02) e veio bem pior do que o esperado. Ontem, porém, um indicador positivo do setor de serviços ajudou a amenizar as preocupações sobre a saúde econômica dos EUA.

Na Oceania, a bolsa australiana ficou no azul, após o RBA – como é conhecido o banco central local – deixar seu juro básico inalterado em 4,35%. O S&P/ASX 200 avançou 0,41% em Sydney, a 7.680,60 pontos, mas reverteu apenas uma fração do tombo de 3,70% que sofreu ontem.

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Estados Unidos longe de uma recessão?

Já o temor quanto a uma desaceleração da economia norte-americana, após um Payroll fraco na sexta, também se dissipou durante a segunda. Especialistas enxergam que, apesar dos números do mercado de trabalho, a maior economia do mundo segue resiliente.

“De forma geral, quando a gente avalia a economia dos Estados Unidos e essa reação do mercado, vemos essa reação como exagerada”, falou Francisco Nobre, economista da XP mais cedo na segunda.

“Apesar de o dado referente ao mercado de trabalho nos Estados Unidos ter vindo mais fraco do que era esperado, mostrando um arrefecimento, ele não sugere uma contração ou uma deterioração. Não passa a imagem de uma recessão e, por isso, achamos que teremos uma reversão parcial do movimento”, completou o economista.

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A especulação sobre uma recessão iminente nos EUA nesta segunda — em grande parte vista como prematura — eliminou o clima de celebração impulsionado pelos recentes sinais do Federal Reserve sobre o momento de seu primeiro corte de taxa. A reavaliação foi tão acentuada que o mercado de swaps chegou a atribuir uma chance de 60% de uma redução emergencial de taxas pelo Fed na semana seguinte. Essas probabilidades diminuíram posteriormente.

“A economia não está em crise, pelo menos ainda não”, disse Callie Cox, da Ritholtz Wealth Management. “Mas é justo dizer que estamos na zona de perigo. O Fed corre o risco de perder o rumo se não reconhecer melhor as fissuras no mercado de trabalho. Nada está quebrado ainda, mas está quebrando e o Fed corre o risco de ficar para trás.”

(Com Bloomberg e Estadão Conteúdo)