BofA vê menor produção para açúcar com clima seco e tem compra para SMTO3 e RAIZ4

Volumes de moagem de cana no Brasil ficaram abaixo das expectativas devido ao clima seco e os recentes incêndios florestais

Felipe Moreira

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Apesar do rali de 35% nos preços do etanol no acumulado, o Bank of America (BofA) ainda vê espaço para alta de 10% até o final do ano safra 2024/2025 e reitera sua visão positiva em relação ao setor de açúcar e etanol devido à perspectiva de oferta e demanda apertadas.

O time de análise do banco destaca que os volumes de moagem de cana no Brasil ficaram abaixo das expectativas devido ao clima seco e os recentes incêndios florestais no estado de São Paulo devem levar a uma produção ainda menor.

Segundo o relatório, a demanda por etanol hidratado aumentou 48% na base anual (abril-julho), enquanto a produção aumentou 17% na base anual. Com isso, analistas esperam que a paridade de preços pode ultrapassar 75% contra os atuais 67% e 60% no início do ano.

O banco também cita o risco para os volumes de moagem de cana no Brasil no ano safra 2025/2026 devido a um período de entressafra potencialmente mais seco e impactos de produtividade dos incêndios florestais, especialmente em áreas de renovação.

Olhando para o mercado global, o BofA espera que o açúcar tenha um pequeno superávit de cerca de 650 mil toneladas na temporada 24/25 (outubro-set), dada a fraca produção no Brasil (-2,4%na base anual).

No entanto, o banco acredita que a produção brasileira está superestimada na maioria dos casos e a Índia continua sendo um curinga desconhecido. A produção da Índia pode chegar a 34 milhões de toneladas, mas a disponibilidade pode ser de 30 ou 31 milhões de toneladas, dependendo da produção de etanol. Nesse cenário, o mercado global estaria em um déficit de aproximadamente 3 milhões de toneladas.

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Com base nesse cenário, o BofA reitera recomendação de compra São Martinho (SMTO3), mas reduziu preço-alvo de R$ 39 para R$ 37, pois a empresa deve se beneficiar de hedges sólidos de açúcar e preços mais altos de etanol em 24/25. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) deve aumentar ainda mais em 25/26 com preços realizados mais altos. A ação é negociada a 3,2 vezes Valor da Firma (EV)/Ebitda em 2026 contra 4 vezes em média.

O banco também tem recomendação de compra para Raízen (RAIZ4) com preço-alvo de R$ 4,60 ante R$ 4,90, com maiores margens de distribuição de combustível e fortes preços de S&E. No entanto, a falta de geração de fluxo de caixa no curto prazo continua sendo uma preocupação para analistas.