BofA segue tendo compra para Brasil, mas vê Argentina com mais catalisadores na AL

Enquanto isso, os estrategistas do banco estão com exposição em linha com o mercado em México, abaixo em Chile e não têm exposição em Colômbia

Lara Rizério

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Em relatório de estratégia para a América Latina, os estrategistas do Bank of America (BofA) seguiram com exposição acima da média em Brasil (ou overweight) na comparação com o índice de referência para a região, o MSCI LatAm. Contudo, essa posição maior ocorre devido à falta de alternativas na América Latina. Enquanto isso, os estrategistas do banco americano permanecem defensivos em sua alocação setorial.

No México, a exposição é em linha com o mercado (marketweight), apesar da incerteza política, já que as avaliações (valuations) estão profundamente descontadas. Enquanto isso, o banco acredita que a Argentina pode ter os maiores catalisadores na região: desinflação, potencial acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e desregulamentação de riscos.

“A América Latina superou os mercados globais no acumulado do ano, em parte devido à leve posição no início de 2025 (com avaliações deprimidas e moedas defasadas)”, avaliam David Beker e equipe. O banco americano acredita que alguns nomes da América Latina podem ainda se beneficiar das tensões comerciais globais.

No Brasil, os estrategistas apontam gostarem de empresas mais defensivas, com menor risco de queda de lucros e que podem lidar com um ambiente de altas taxas. Entre os setores, estão: bancos selecionados, seguradoras, empresas de proteínas, construtoras de baixa renda e industriais globais.

“As taxas de juros (alta da Selic) pesarão sobre os lucros das empresas, mas vemos espaço para uma compressão nas taxas em algum momento”, avalia o BofA, que projeta a Selic atingindo o pico em 15,25%, enquanto o mercado está precificando quase 15,75%. Além disso, dados de alta frequência mostram sinais de desaceleração da atividade econômica, o que pode ajudar a ancorar as expectativas de inflação.

Em sua carteira, o BofA adicionou a Equatorial (EQTL3), focando na desalavancagem e no crescimento do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), com redução proporcional dos pesos das outras empresas restantes na carteira em Brasil.

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Já a Argentina é a maior exposição em seu portfólio da América Latina frente o MSCI LatAm, tendo exposição através de bancos e energia. Apesar da correção no acumulado do ano (MSCI Argentina em queda de 6,3%), o banco reforça que o país reúne os maiores catalisadores na região: eleições, desinflação, desregulamentação de riscos e um potencial acordo com o FMI até 25 de abril, que pode ser fundamental para a remoção dos controles de capital.

Confira abaixo a exposição dos países da América Latina na carteira do BofA frente o MSCI LatAm:

PaísBofA (%)MSCI LatAm (%)Diferença carteira BofA X MSCI LatAm
Brasil66.0%62.5%+3.5%
México25.0%25.7%-0.7%
Chile3.0%6.2%-3.2%
Argentina6.0%0.0%+6.0%
Peru0.0%4.1%-4.1%
Colômbia0.0%1.6%-1.6%
Panamá0.0%0.0%0.0%

Fonte: BofA Global Research

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O BofA observa, porém, que uma possível atualização da Argentina e elevação de categoria para mercados emergentes ainda pode levar tempo (a última vez demorou 2,5 anos).

Os países andinos (principalmente Chile e Colômbia) superaram o desempenho médio da América Latina no acumulado do ano (IPSA +12% e Colcap +18% em dólares). Dentro dos andinos, o BofA tem exposição ao Chile através do Santander Chile, focando na decomposição do prêmio de risco. Os mercados podem continuar a precificar um governo mais favorável ao mercado após as eleições deste ano. O banco tem exposição abaixo (underweight) no Chile e não possui exposição em Colômbia.

Para o México, o BofA está marketweight com base nos valuations. Na visão dos estrategistas, é possível que nenhuma tarifa dos EUA seja imposta, pois o México está cooperando em: 1) segurança nas fronteiras, 2) enfrentamento do fentanil/crime organizado e 3) restrições a investimentos chineses. Por outro lado, a desaceleração da atividade em 2025, as renegociações do Acordo Estados Unidos-México-Canadá e as reformas constitucionais provavelmente ainda pesarão sobre o sentimento. “Gostamos de opções defensivas, com muitos geradores de fluxo de caixa livre e receitas em dólares”, avalia o banco.

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Confira a carteira do BofA para as ações da América Latina:

NomePaís*SetorPeso na carteira
Lojas Renner SABZConsumo Discricionário2.5%
CuryBZConsumo Discricionário2.5%
MercadolibreBZConsumo Discricionário3.0%
VivaraBZConsumo Discricionário3.0%
JBSBZConsumo Básico3.0%
ArcaMXConsumo Básico3.5%
Coca-Cola FemsaMXConsumo Básico3.5%
Petrobras PNBZEnergia12.0%
BradescoBZFinanceiras2.5%
Itaú UnibancoBZFinanceiras6.0%
BB SeguridadeBZFinanceiras2.5%
BTG PactualBZFinanceiras3.0%
Santander ChileCLFinanceiras3.0%
Porto SeguroBZFinanceiras2.5%
Grupo GaliciaARFinanceiras3.0%
GenteraMXFinanceiras3.5%
HapvidaBZSaúde2.5%
EmbraerBZIndustriais3.0%
LocalizaBZIndustriais3.0%
GAPMXIndustriais3.5%
Vale S.A.BZMateriais4.0%
Gerdau S.A.BZMateriais3.0%
FIBRA PrologisMXImobiliário3.5%
VestaMXImobiliário3.5%
América MóvilMXComunicação4.0%
Telefonica BrasilBZComunicação3.0%
SabespBZUtilidades2.5%
EquatorialBZUtilidades2.5%
PampaARUtilidades3.0%

Fonte: BofA Global Research
* MX = México; BZ = Brazil; AR = Argentina; CL = Chile

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.