Blue chips puxam ganhos da semana pré-carnaval, ALL dispara 17% e BB sobe 12%

Entre os principais ganhos do Ibovespa, ações da Petrobras sobem 9,5% com noticiário agitado e Vale tem ganhos de 10%

Marina Neves

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SÃO PAULO – A semana pré-carnaval foi bastante positiva para a Bolsa, com o Ibovespa fechando com alta de 3,78%, a 50.635 pontos. Entre os destaques para os últimos cinco dias estão as ações de ALL e Cosan Logística, que fecharam o período com forte valorização em meio à aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para a fusão das duas companhias. Ainda chamaram atenção as ações da Petrobras, que fecharam nesta sexta-feira (13) sua melhor semana desde agosto do ano passado com noticiário agitado para a estatal. 

As ações da Oi (OIBR4, R$ 6,74, +20,36%) voltaram aos holofotes dos investidores nesta semana, após subirem mais de 12% na semana passada em meio à notícia de que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) deu aval à companhia sobre as dispensas regulamentares que pediu para validar seu acordo com a Portugal Telecom, após a perda de 897 milhões de euros para a portuguesa.

A semana foi de investidores de olho nos resultados das companhias, com algumas delas respondendo de forma negativa aos números, como foi o caso das ações da Natura e da BM&FBovespa, que viram seus ativos acumularem desvalorização nos últimos cinco dias.

Veja os destaques de alta do Ibovespa nesta semana:

ALL e Cosan Logística
A ALL (ALLL3, R$ 5,38, +16,96%) e Cosan Logística (RLOG3, R$ 3,18, +15,22%) dispararam em semana decisiva para as duas companhias, após o Cade decidir pela aprovação da fusão entre as duas, mesmo que com restrições. De acordo com relatório diário da Guide Investimentos desta semana, a ALL terá que oferecer serviços para concorrentes. Como próximo passo, ambas companhias prosseguirão com os trâmites para efetivar a incorporação, com o acordo dependendo agora da aprovação da ANTAQ. Ainda nesta semana, após a aprovação, quatro grandes bancos – Brasil Plural, Bradesco BBI, Itaú BBA e BTG Pactual – deram recomendação de compra para os papéis da ALL nesta quinta-feira, indo em linha com o sentimento gerado no mercado com o anúncio. 

Vale e siderúrgicas
As ações da Vale (VALE3, R$ 22,48, +10,09%; VALE5, R$ 19,34, +8,59%) e das siderúrgicas Usiminas (USIM5, R$ 3,60, +1,69%), Gerdau (GGBR4, R$ 10,11, +3,48%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 11,01, +4,86%) e CSN (CSNA3, R$ 4,92, +7,42%) fecharam a semana entre os ganhos do Ibovespa, após dados ruins vindos da China para o mês de janeiro abrirem espaço para especulações sobre estímulos econômicos vindos do gigante asiático, como explicou a Guide Investimentos. O Índice de Preços ao Consumidor chinês mostrou alta de 0,8% em janeiro, quando comparado com o mesmo período do ano anterior, bem abaixo dos últimos cinco anos.

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O CPI encerrou 2014 em alta de 1,5%, bem abaixo da meta de 3,5% estabelecida por Pequim. Mesmo com a euforia do mercado com os ativos expostos ao país, o analista de mercado Flávio Conde, disse não acreditar em um plano muito forte de estímulos, uma vez que para ele, mesmo com os pequenos estímulos que já vêm sendo adotados pelo gigante asiático, a economia chinesa continua em desaceleração. Acompanharam o movimento as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 13,53, +9,55%), holding que detém participação na Vale.

Petrobras (PETR3, R$ 9,78, +8,31%; PETR4, R$ 9,99, +9,54%)
As ações da estatal Petrobras voltaram a fechar no positivo nesta semana, em meio a noticiário agitado. Nos dias pré-carnaval, a companhia reagiu a sinalizações de seu novo presidente, Aldemir Bendine, de que irá implementar cortes nos investimentos e estimular a venda de ativos, conforme entrevista dada ao Valor. Ele comentou também a abertura de capital de unidade de negócios onde a estatal é única acionista, descartando nova capitalização. Na quinta, a empresa ainda confirmou que está revisando seu planejamento financeiro e que será necessário reduzir investimentos diante do cenário de queda dos preços do petróleo e seu atual nível de endividamento.

Na terça-feira, no entanto, a empresa enviou comunicado à Bloomberg em que dizia que ainda é impossível precisar o valor da baixa contábil e que a divulgação do resultado auditado de 2014 deve sair no fim de maio, enquanto estimativa do mercado apontava que divulgação poderia sair no fim de março. Na segunda, Bendine disse ao Jornal Nacional, na TV Globo, que o rombo de R$ 88 bilhões não será indicativo para baixa contábil. No entanto, de acordo com a estatal, o balanço auditado deverá ser divulgado no final de abril, enquanto a emissão ocorrerá apenas no final de maio. Vale mencionar ainda que a semana foi marcada por um acidente em um navio-plataforma da estatal em Espírito Santo, que matou dez pessoas, enquanto outras quatro permanecem desaparecidas.

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Educacionais
O setor de educação fechou a semana também entre os ganhos, em meio à notícia de que o Ministério da Educação vai reabrir o cadastramento do Fies (programa de financiamento estudantil) para novos alunos. O sistema estava fechado para contratos novos desde 1° janeiro. Os estudantes terão de 23 de fevereiro a 30 de abril para se inscrever. Estima-se que aproximadamente 250 mil calouros solicitem o financiamento. O ministro da Educação, Cid Gomes, também comunicou um reajuste de até 6,4% nas matriculas do Fies, a ser aplicado no aditamento do primeiro semestre. Na quarta-feira, o ministro havia dito que os cursos com reajuste acima de 4,5% estavam sendo colocados à parte antes de terem os contratos renovados. As ações que fecharam a semana no positivo foram Kroton (KROT3, R$ 10,70, +4,39%), Estácio (ESTC3, R$ 17,90, +5,73%) e Anima (ANIM3, R$ 19,14, +6,33%). 

Bancos
O setor financeiro da Bolsa também fechou entre os principais ganhos do Ibovespa, o que ajudou a puxar o índice para a alta. Destaque para as ações do Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 35,50, +3,56%), Bradesco (BBDC3, R$ 36,07, +2,89%; BBDC4, R$ 36,60, +2,74%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 24,60, +12,33%). No noticiário, após o Itaú ter divulgado seus resultados semana passada, foi a vez do Banco do Brasil reportar seus resultados. O banco teve lucro recorrente acima do previsto no quarto trimestre, mas viu sua carteira de crédito crescer apenas um dígito em 2014, situação que pode se repetir neste ano, segundo suas próprias previsões. O BB informou que seu lucro líquido somou R$ 2,959 bilhões no período, recuo de 2,2% sobre a mesma etapa do ano anterior. A previsão média de analistas ouvidos pela Reuters era de lucro recorrente de R$ 2,908 bilhões.

Semana passada, o Itaú declarou que encerrou 2014 com lucro líquido de R$ 20,242 bilhões, acima do resultado de R$ 15,696 bilhões registrado um ano antes e o que tinha sido até então o maior da história dos bancos brasileiros de capital aberto, de acordo com levantamento da Economatica.

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Veja os destaques de queda do Ibovespa nesta semana:

Natura (NATU3, R$ 27,75, -8,93%)
Esta semana foi negativa, no entanto, para os papéis da Natura, que fecharam no vermelho em meio à divulgação de seu balanço para o quarto trimestre deste ano e o anual. A empresa de cosméticos teve lucro líquido consolidado de R$ 225,2 milhões no quarto trimestre, baixa de 23,4% sobre um ano antes. No mesmo período, o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) alcançou R$ 491,4 milhões, recuo de 8,8% na comparação anual. Em pesquisa da Reuters, analistas estimavam lucro líquido de R$ 296,2 milhões para o período de outubro a dezembro, e Ebitda de R$ 563,9 milhões. 

PDG Realty (PDGR3, R$ 0,49, -18,33%)
As ações da companhia de construção fecharam novamente no vermelho após terem início de mês positivo na Bolsa. No entanto, as altas da última semana foram apenas um “alívio”, uma vez que o papel vem sofrendo diante de perspectivas negativas que se concretizaram com os dados operacionais da incorporadora no quarto trimestre, que mostraram fraco desempenho operacional, comentou a Citi Corretora, que reiterou recomendação de venda para as ações. Além disso, pressionam os papéis rumores de que a companhia estaria tendo dificuldades nas negociações com credores em relação às suas dívidas, embora a própria empresa tenha dito que está em negociações avançadas com os credores para equacionamento das “eventuais necessidades de rolagem de dívida a partir de março”.  

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BM&FBovespa (BVMF3, R$9,35, -1,06%)
A BM&FBovespa fechou no negativo nesta semana em meio à divulgação de seus números para o quarto trimestre de 2014. A Bolsa mostrando lucro líquido de R$ 232,8 milhões no quarto trimestre de 2014, alta de 28,5% ante mesmo período do ano anterior. A previsão média de analistas ouvidos pela Reuters apontava para lucro líquido de R$ 267 milhões. Para a XP Investimentos, o resultado foi neutro. 

Varejistas
s ações das varejistas fecharam no vermelho nesta semana após as vendas do setor mostrarem recuo (-2,6%) em dezembro na comparação com novembro, bem acima do queda de 0,5% dada pela mediada esperada pelo mercado. Em reflexo, as ações do setor caíram na Bolsa, com destaques para Lojas Hering (HGTX3, R$ 16,70, -7,89%) e B2W (BTOW3, R$ 19,90, -8,84%).

Veja os destaques fora do Ibovespa:

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Abril Educação (ABRE3, R$ 11,94, +17,87%)
Relativamente blindadas pelas novas regras do Fies (programa de financiamento estudantil) no início do ano, as ações da Abril Educação fecharam esta semana no positivo com uma boa surpresa no radar. A Thunnus Participações, sociedade detida por fundos de investimentos geridos pela Tarpon Investimentos, adquiriu o controle da Abril Educação, com preço fixado de R$ 12,33 por ação ordinária. Com o preço fixado bem acima da cotação de fechamento do papel na sexta-feira (R$ 10,13), o esperado era que a ação atingisse o patamar dos R$ 12,33. Isso não aconteceu, no entanto, porque os minoritários terão direito à extensão da oferta nas mesmas condições (preço) ofertados pela Thunnus, o famoso “tag along”, pois configurou-se troca no controle e ala será obrigada a fazer uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) para o restante das ações, explica a casa de research Empiricus. 

JB Duarte (JBDU4, R$ 4,95, +28,57%)
Os papéis da companhia dispararam na Bolsa nesta semana, no entanto, sem notícias no radar, na quinta-feira, a A JB Duarte informou ao mercado e à BM&FBovespa que desconhece o motivo da alta dos papéis. Em comunicado, a companhia disse que acredita que o movimento seja apenas uma “reposição de preço de mercado”, uma vez que não possuem conhecimento de nenhum outro fato que possa justificar a disparada. 

Usiminas ON (USIM3, R$ 21,00, +6,60%)
Novamente as ações ordinárias da Usiminas chamaram atenção dos investidores, com os papéis ON voltando a se descolar dos PN em meio à briga entre as duas companhias do bloco de controle da siderúrgica, a argentina Ternium e a japonesa Nippon Steel. Em meio à briga, especulações sobre a venda de participação de alguma das duas companhias começaram a surgir no mercado, o que abriu uma demanda forte pelos papéis ordinários, que possuem a ferramenta do “tag along”, que estende a oferta dos controladores aos minoritários, protegendo assim os acionistas que queiram sair do papel no caso de mudança no bloco.