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As criptomoedas pareciam ignorar a notícia do ataque hacker bilionário em uma das maiores corretoras do mundo, mas não resistiram ao cenário macro. O Bitcoin (BTC) caiu abaixo de US$ 90 mil nesta terça-feira (25), em meio a uma onda de liquidações no mercado de derivativos após Donald Trump confirmar que as tarifas contra Canadá e México podem mesmo ser aplicadas.
A fala contribuiu para um ambiente de aversão ao risco nos mercados globais, e os ativos digitais não pararam de cair desde então. Após atingir US$ 87 mil nas primeiras horas do dia, o BTC já é negociado na faixa dos US$ 86 mil às 12h30, 20% abaixo da máxima história de quase US$ 109 mil atingida no dia da posse de Trump, em 20 de janeiro.
A analista CNPI-T Paula Reis, parceira da plataforma de criptomoedas Ripio, diz que a queda do Bitcoin já era esperada do ponto de vista técnico. Segundo ela, desde o final de 2024 a criptomoeda vinha se movimentando dentro de um intervalo amplo, entre seu topo histórico e um suporte em US$ 90 mil. Com a perda desse nível, o ativo encontrou forte pressão vendedora.
“A partir do momento em que o BTC rompeu os US$ 90 mil, esse ponto passa a ser resistência. Inclusive, pelo mapa de liquidação, essa é uma resistência forte: muitos players estão shortando (criando posições de venda em) Bitcoin nessa região”, explica.
No curto prazo, a analista aponta que o BTC pode testar os US$ 85 mil, e, caso o cenário macroeconômico se deteriore, um suporte mais abaixo em US$ 83 mil pode ser acionado. Mesmo se alcançar esse patamar mínimo, diz, o movimento se enquadraria como uma correção e não alteraria a tendência de alta de longo prazo.
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A casa de análise QCP Capital observa também que, apesar da queda, a dominância do Bitcoin aumentou. O indicador leva em conta a participação de mercado da maior criptomoeda em relação às demais. Segundo a QCP, as perdas mais expressivas entre altcoins indicam que investidores institucionais seguem concentrando suas apostas no BTC.
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O caso do ataque hacker à Bybit, embora preocupe por conta da participação do grupo norte-coreano Lazarus, não parece ser o maior fator de formação de preços no momento. Em relatório, a gestora Hashdex ressaltou que o comportamento dos preços na sequência do episódio demonstrou “a resiliência do mercado cripto diante de eventos negativos”, já que “não houve pânico generalizado”.
Bitcoin em reais
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Os contratos futuros de Bitcoin (BITFUT), negociados em reais na B3, podem enfrentar uma correção mais intensa nos próximos pregões, segundo avalia o analista técnico Rafael Perretti. Ele ressalta que o ativo, que desde outubro de 2024 vinha consolidado entre seu topo histórico e um suporte em R$ 530.650, rompeu essa região nesta terça-feira, indicando um possível movimento de baixa mais acentuado.
“Hoje a gente tem um pregão rompendo essa região de suporte. Portanto, eu vejo que ele pode fazer uma correção mais profunda”, diz o analista. Essa correção mais profunda, diz, se daria até a média de 200 períodos, atualmente em R$ 456,5 mil, ou o ponto de bipolaridade, uma região de antiga resistência que deve se tornar suporte, nos níveis de R$ 433 e R$ 418,1 mil.