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SÃO PAULO – Com uma valorização de 276% em dólar e nova máxima histórica, por volta de US$ 27 mil (segundo cotação desta segunda-feira às 13h40, horário de Brasília), mais uma vez o Bitcoin se encaminha para ser o melhor investimento do ano, firmando-se cada vez mais como uma opção de investimento aceita não só pelos investidores pessoa física, mas também por grandes instituições.
Diferentemente do que ocorreu em 2017, quando bateu sua máxima em um rápido rali de um mês, dessa vez o movimento ocorreu em um período maior. E, mesmo que isso possa indicar um alta mais “natural”, mais ligada a fundamentos do que apenas euforia, muitos investidores se questionam se teremos uma correção forte pela frente.
Olhando para trás, alguns eventos em 2020 foram responsáveis pela valorização do criptoativo, desde o esperado halving – que reduziu a oferta de bitcoins pela metade (entenda clicando aqui) – até a entrada de investidores institucionais, com grandes empresas como o PayPal passando a aceitar e comprar bitcoins, ajudando a aumentar o reconhecimento das criptomoedas.
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E até mesmo a crise do novo coronavírus, que em março não deixou nem o Bitcoin e ouro escaparem de uma forte queda, também acabou se tornando um fator positivo para o mercado cripto. Isso porque a grande injeção de dinheiro feita pelos banco centrais do mundo todo, em especial o Federal Reserve, se de um lado acalma o investidor no meio da crise, pode criar sérios problemas depois nas economias globais, principalmente uma pressão inflacionária (veja mais aqui).
“A pandemia causou muito estresse nos mercados financeiros tradicionais e trouxe muitas pessoas novas para o mercado de criptoativos. Definitivamente estamos vendo mais usuários chegando, mais adoção acontecendo e mais participação institucional. No geral, as coisas estão indo muito bem, eu diria”, disse ao InfoMoney Changpeng Zhao, CEO da Binance, a maior corretora de criptomoedas do mundo.
Diante disso, o Bitcoin, criado exatamente com a intenção de ser um ativo desvinculado de decisões de BCs e outras autoridades, conseguiu se recuperar rapidamente do choque de março, apagando completamente suas perdas em apenas um mês.
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“Foi um ano excepcional para as criptos. A forte alta é, na verdade, reflexo dos diversos acontecimentos positivos que marcaram o ano. Várias validações importantes de empresas, bancos, grandes investidores, reguladores”, avalia João Marco Cunha, gestor de portfólio da Hashdex. “Quem disser que esperava mais é porque estava demasiadamente otimista”.
Leia também: Criptomoedas: Um guia para dar os primeiros passos com as moedas digitais
Mas será que essa tendência de alta se sustenta depois de uma alta de mais de 200% em 2020, sendo 150% apenas no último trimestre? O InfoMoney conversou com diversos especialistas que acreditam que sim e que, principalmente para o investidor que toma suas decisões pensando no longo prazo, o Bitcoin é uma boa opção.
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A maioria prefere não fazer uma projeção de preço, apontando apenas que é possível que a moeda digital continue renovando sua máxima histórica. Em geral, a tendência agora é que o Bitcoin se fixe acima dos US$ 20 mil, enquanto no Brasil há quem acredite que a criptomoeda possa chegar a R$ 200 mil, praticamente dobrando de valor por conta da variação cambial.
Por aqui, por conta da forte alta do dólar, o Bitcoin registrou uma valorização ainda mais forte, chegando a superar sua máxima histórica ainda em outubro. A criptomoeda caminha para encerrar 2020 com ganhos de mais de 390%, atualmente cotada a R$ 143 mil.
Para quem ainda não conseguiu aproveitar esse rali do ativo, especialistas dizem que é preciso primeiro pensar qual a sua estratégia. O investidor que estiver olhando para retorno de curto prazo precisa ter mais cuidado com potenciais correções no preço. Por outro lado, ao olhar para um horizonte maior, além de ser uma estratégia melhor quando se fala em Bitcoin, também leva a um menor “sofrimento” com estas fortes variações pontuais.
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“Eu realmente acredito no valor de longo prazo do Bitcoin, então eu sugeriria aos investidores uma estratégia simples chamada Dollar Cost Averaging (DCA), significa investir em Bitcoin por um padrão de compra recorrente [ir comprando aos poucos, fazendo um preço médio]. É a maneira mais equilibrada de obter benefícios de longo prazo da valorização do Bitcoin com risco relativamente menor”, avalia Beibei Liu, CEO da corretora Novadax.
Para 2021, eles não esperam nenhum grande evento, mas sim uma continuidade do que se viu nos últimos meses com a maior maturidade do mercado cripto.
Entre os pontos que devem mais afetar os preços, os especialistas citam os reflexos das ajudas financeiras dos bancos centrais e também o crescimento da entrada e uso pelos players institucionais, como bancos e grandes empresas, caso do PayPal, que em outubro anunciou que seus mais de 26 milhões de comerciantes poderão ser pagos com bitcoins a partir de 2021.
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É possível encontrar grandes analistas falando em Bitcoin a US$ 100 mil, ou até US$ 318 mil no caso do Citibank, no próximo ano, mas o que o investidor precisa ter em mente, segundo os especialistas consultados pelo InfoMoney, é que este ainda é um mercado volátil e de maior risco, e que, portanto, deve ser pensado pra longo prazo, sem preocupações com o valor exato que atingirá nos próximos meses.
Confira as projeções de 9 especialistas ouvidos pelo InfoMoney para o Bitcon em 2021:
João Marco Cunha, gestor de portfólio da Hashdex
O que esperar em 2021: “Mais do mesmo do ano passado, com grandes investidores entrando, bancos recomendando, empresas aderindo, reguladores assimilando, etc…”
Qual outro criptoativo pode chamar atenção: “O boom de DeFi (finanças descentralizadas, em inglês), que começou em 2020, tem tudo pra continuar no ano que vem e, consequentemente, os tokens desse segmento vão ter holofotes no próximo ano”.
Projeção de preço do Bitcoin em 2021: “Se os avanços em termos de adoção, regulação e infraestrutura vistos em 2020 se repetirem em 2021, podemos esperar outro ano positivo em termos de preço”.
Safiri Felix, diretor da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto)
O que esperar em 2021: “Continuidade do fluxo comprador, impulsionado por avanços regulatórios e criação de novos veículos de investimento […] Os pacotes de estímulos fiscais e monetários nas principais economias tendem a intensificar a busca por proteção e alocação em ativos escassos, como o Bitcoin. Nesse cenário, será importante observar a correlação entre ouro e Bitcoin, que tendem a dividir espaço em muitos portfólios. A aprovação de algum ETF negociado nos EUA pode ser uma surpresa positiva, impulsionando ainda mais o fluxo comprador”.
Qual outro criptoativo pode chamar atenção: “Ether, token nativo da rede Ethereum, tende a se beneficiar com o começo do funcionamento do upgrade do protocolo (mudanças e melhorias no sistema) e a expansão dos projetos DeFi (finanças descentralizadas)”.
Projeção de preço do Bitcoin em 2021: “Vejo espaço para uma valorização ainda maior do que esse ano, portanto não me surpreenderia a cotação acima dos R$ 200 mil”.
Changpeng Zhao, CEO da Binance
O que esperar em 2021: “Não gosto de prever – até para não parecer uma indicação de investimento -, mas todo mundo no mercado sabe que sou muito otimista em relação ao Bitcoin. O preço continuará volátil no curto prazo, mas os investidores devem continuar a focar no resultado de longo prazo”.
Qual outro criptoativo pode chamar atenção: “É muito difícil prever qual será a ‘coisa mais quente’ no próximo ano no mercado de criptoativos. Se você me perguntasse em 2016, eu não teria dito ICOs (Oferta Inicial de Moeda). Se você me perguntasse em 2019, eu não diria DeFi. Eu realmente não tenho ideia. Você tem?”
Projeção de preço do Bitcoin em 2021: Não fez
Beibei Liu, CEO da Novadax
O que esperar em 2021: “Iremos continuar a experimentar as turbulências econômicas. Com isso, é claro que os clientes globais individuais e institucionais recorrerão cada vez mais à rede Bitcoin. É absolutamente inevitável que as moedas digitais sejam cada vez mais aceitas e difundidas”.
Qual outro criptoativo pode chamar atenção: “O Ethereum (ETH) vale a pena investir […] O ETH provavelmente subirá mais que o Bitcoin. Ele é como um ‘sistema Android’ descentralizado, é naturalmente de código aberto e já vimos aplicativos descentralizados (DApps) e protocolos construídos no Ethereum, que têm sido o caso de uso mais quente”.
Projeção de preço do Bitcoin em 2021: Não fez.
Ricardo Da Ros, country manager da Ripio
O que esperar em 2021: “O Bitcoin continuará firme em seus fundamentos: emissão limitada de novas moedas, segurança da rede na máxima histórica e demanda crescente. Como isso vai afetar o preço no curto prazo é impossível prever, mas tem um efeito positivo no longo prazo […] O mercado está crescendo e acredito que 2021 será o ano em que o Brasil verá esse mercado atingindo um ponto de maturidade bem interessante”.
Qual outro criptoativo pode chamar atenção: “Há vários projetos com alguma utilidade, mas na minha opinião apenas o Bitcoin tem função monetária. Alguns outros ativos podem se valorizar, mas acredito que seja muito mais arriscado tentar adivinhar quais ativos podem ser bons investimentos. O Bitcoin já oferece um potencial muito grande de retorno, não vejo a necessidade de entrar em posições de risco muito mais alto”.
Projeção de preço do Bitcoin em 2021: “Não gosto de previsões, porém acredito que o Bitcoin se consolidará acima dos US$ 20 mil e poderá ter um pico de euforia similar ao de 2017 durante o próximo ano. No Brasil, poderemos ver o preço do ativo acima dos R$ 200 mil nesse cenário”.
João Canhada, CEO da Foxbit
O que esperar em 2021: “A expectativa é de que novos gigantes, como alguns bilionários e grandes empresas fizeram esse ano, devem ceder e anunciar que estão trabalhando com Bitcoin, ou adquirindo Bitcoin, posicionando ainda mais esse ativo como reserva de valor. Isso definitivamente vai trazer impactos no preço, nos últimos halvings (quando a oferta é cortada pela metade) sempre no ano seguinte o Bitcoin teve alta histórica de preços superando em até 10 vezes os topos anteriores”.
Qual outro criptoativo pode chamar atenção: “Ethereum (ETH) deve ser a altcoin [criptomoeda alternativa ao Bitcoin] mais empolgante, o preço deve buscar seu topo de US$ 1.400, e ela segue sendo a altcoin mais completa em que pese a tecnologia. É no ETH que praticamente todos os tokens de stablecoins são movimentados e nele que temos grandes investimentos e criação de tokens atrelados a tudo. O mundo está sendo tokenizado e ETH é a principal cripto utilizada para infraestrutura nesse novo mundo de tokens”.
Projeção de preço do Bitcoin em 2021: “Grandes analistas mundiais apontam um possível patamar de US$ 100 mil como um topo para o Bitcoin em 2021”.
Thiago Cesar, CEO da Transfero Swiss
O que esperar em 2021: “Nós podemos ver finalmente o que é falado há muito tempo: a questão da entrada dos institucionais. 2020 foi marcado pela entrada de alguns grandes players no mercado e isso pode ser de fato a consolidação desse movimento e alguns outros players podem entrar nesse trem, o que vai pressionar o preço do Bitcoin para cima. Cada vez mais o Bitcoin está no mainstream, isso está deixando de ser tabu, a regulação tem avançado muito nos países desenvolvidos. A tendência é que os anos de ‘faroeste’ acabem e, com a institucionalização desse mercado, o equilíbrio do preço deve ficar mais para cima”.
Qual outro criptoativo pode chamar atenção: “A gente vai ter um ano de teste nestas plataformas de DeFi que nasceram em 2020, como Compound e Curve.fi. Todos os tokens que nasceram ou cresceram muito em junho e julho de 2020, vão agora passar pelo teste do caso de uso, da adoção e massificação. Também vai ser um ano para a estrutura disso tudo, que é o Ethereum, amadurecer na versão do Ethereum 2.0, que vai ser um processo longo. Eu colocaria essas, e também a Chainlink e a Aave”.
Projeção de preço do Bitcoin em 2021: “Eu acredito que o Bitcoin deva chegar aos US$ 25 mil e se manter negociado nessa faixa de preço, talvez com algumas esticadas até US$ 30 mil. Tudo vai depender do dinheiro novo entrando nesse mercado, se de fato os players institucionais vão pegar o Bitcoin […] E tem um outro fator, se os bancos centrais continuarem o ritmo de impressão de moeda, a tendência é que não só as criptomoedas, mas os ativos em geral, se valorizem […] Tudo isso pode fazer o Bitcoin ultrapassar os US$ 30 mil”.
Vinicius Frias, CEO do Alter
O que esperar em 2021: “Vejo o mercado brasileiro entrando em ponto de inflexão interessante, por alguns motivos: players estrangeiros de relevância entrando na competição do mercado local; amadurecimento das empresas brasileiras onde algumas estão bem capitalizadas e com ótimos profissionais; venture capital olhando para as empresas blockchain e cripto e entendendo que há um grande mercado a ser construído”.
Qual outro criptoativo pode chamar atenção: “Vejo potencial em mais cases de uso envolvendo stablecoins e um leve amadurecimento nas aplicações descentralizadas, que ainda são tímidas e estão se desenvolvendo”.
Projeção de preço do Bitcoin em 2021: “Não gosto de fazer essa futurologia, mas estou bem ‘bullish’ (sentimento de alta). Haverá, sim, correções, mas não visualizo o mercado descendo dos atuais patamares que estão sendo testados no médio prazo”.
Lucas Schoch, CEO da Bitfy
O que esperar em 2021: “Penso que será um ano de ainda mais crescimento para o mercado de criptomoedas. Não somente no valor do Bitcoin, mas das tecnologias utilizando moedas estáveis (stablecoins) para melhorias de serviços, como remessas internacionais e projetos relacionados ao impacto social e doações. Há muito a ser implementado e todas essas novas tecnologias vão mostrar que os criptoativos são um caminho sem volta e cada vez mais aderente à nossa sociedade. Penso que será um ano ainda mais vitorioso para quem sempre acreditou no potencial das criptomoedas”.
Qual outro criptoativo pode chamar atenção: “Acredito que a Ripple (XRP), conseguindo algum contrato grande para ser o blockchain de uma ‘Central Bank Digital Currency’, pode ser uma aposta simpática. Altcoins com utilidade de interoperabilidade entre blockchains tem em sua tecnologia meus olhos também”.
Projeção de preço do Bitcoin em 2021: “Absolutamente impossível responder essa questão, e por isso que é tão interessante. Se fosse para lançar um valor, diria R$ 250 mil, mas certamente é um chute”.
Veja o que outros especialistas projetam
Tom Fitzpatrick, diretor administrativo do Citibank
Em meio a um macroambiente incerto e semelhanças com o mercado de ouro dos anos 1970, o Bitcoin pode chegar a mais de US$ 318 mil em 2021. Sua avaliação é feita usando análise técnica, seguindo trajetória semelhante da criptomoeda nos últimos sete anos. “Você vê a ação do preço sendo muito mais simétrica ao longo dos últimos sete anos, formando o que parece ser um canal muito bem definido, dando-nos um movimento ascendente de prazo semelhante ao da última alta (em 2017)”, disse ele.
Analistas da Bloomberg
“O Bitcoin manterá sua tendência de alta em 2021 e, em nossa opinião, há indicadores macroeconômicos e técnicos que apontam US$ 50.000, implicando em cerca de US$ 1 trilhão de capitalização de mercado”. Segundo eles, o crescimento do Bitcoin no próximo ano também será mais firme do que o visto no rali de 2017. Um dos motivos é que, atualmente, apenas 900 novos bitcoins são extraídos a cada dia, ante 1.800 daquele ano, o que diminui a oferta e aumenta a procura.
Irmãos Winklevoss
Tyler e Cameron Winklevoss acreditam que há uma “questão existencial” para o dólar americano por conta do aumento da oferta de dinheiro e da dívida acabará tornando “implausível” para o governo pagar suas contas.
Os gêmeos ganharam fama no mercado ao processarem Mark Zuckerberg por conta da criação do Facebook. Nos anos após a batalha judicial, os dois decidiram apostar em startups e estiveram entre os primeiros grandes nomes a mergulhar no mundo das criptomoedas. Hoje eles possuem uma corretora de criptos, a Gemini.
“É por isso que muitas pessoas fugiram para o Bitcoin […] porque não está claro como o dólar sai dessa trilha de dívida e impressão, e o que realmente vai valer no futuro, se é que vai valer alguma coisa”, disse Tyler à CNBC.
Os irmãos acreditam que o Bitcoin atingirá US$ 500 mil na próxima década. “É uma reserva emergente de valor e é melhor do que ouro”, disse Cameron. “Achamos que poderia valorizar algo em torno de 25 a 40 vezes o preço de hoje”. Para Tyler, essa projeção é “realmente conservadora”.
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