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A perspectiva para os ativos de risco parece promissora após o relatório de inflação dos Estados Unidos da terça-feira (13) confirmar a esperada desaceleração do aperto de liquidez do Federal Reserve (Fed, o banco central do país).
O Bitcoin (BTC), no entanto, pode permanecer sob pressão, já que vários mineradores provavelmente irão à falência, ofuscando a melhoria das condições macroeconômicas, de acordo com a gigante de investimentos VanEck.
“O Bitcoin testará US$ 10.000 a US$ 12.000 no primeiro trimestre em meio a uma onda de falências de mineradoras, que marcará o ponto mais baixo do inverno cripto”, disse Matthew Sigel, chefe de pesquisa de ativos digitais da VanEck, em um texto com as perspectivas para o ano de 2023.
Este ano, os mineradores de BTC foram afetados pelos aumentos dos custos operacionais e pela queda do valor do Bitcoin.
A lucratividade dos mineradores está intimamente ligada ao preço do BTC, já que eles recebem a criptomoeda como recompensa por resolver complexos quebra-cabeças matemáticos para verificar transações na blockchain. As recompensas recebidas são frequentemente liquidadas para financiar os custos operacionais.
Quando o preço cai, como ocorreu neste ano, isso leva à capitulação da mineradora – uma situação em que as mineradoras fracas saem do mercado, vendendo suas reservas e fazendo com que o preço caia ainda mais. Na pior das hipóteses, a capitulação pode levar a uma “espiral de morte”, termo para identificar um período de forte queda.
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Os mineradores estão esgotando seu estoque de moedas para lidar com as condições adversas do mercado. Dados rastreados pela empresa de análise de blockchain Glassnode mostram que o saldo mantido nas carteiras dos mineradores caiu mais de 25.000 BTC (US$ 444 milhões) desde julho, atingindo 1,818 milhão de BTC, a maior baixa em 14 meses.
A tendência pode continuar, já que a maioria das empresas envolvidas na mineração estão perdendo dinheiro.
“O valor médio de mercado do MVIS Global Digital Assets Mining Index (índice que acompanha o desempenho do setor) é agora de apenas US$ 180 milhões, com quase todos os constituintes gastando dinheiro e negociando bem abaixo do valor contábil”, escreveu Sigel.
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“Com a mineração de Bitcoin em grande parte não lucrativa, os preços de eletricidade mais altos e os preços de Bitcoin mais baixos, prevemos que muitos mineradores se reestruturarão ou se fundirão”, completou ele.
Uma queda para US$ 12.000 significaria uma redução de 82% em relação à máxima histórica de US$ 69.000 do Bitcoin registrada em novembro de 2021. Os dois mercados de baixa anteriores perderam força com cerca de 85% de redução em relação aos então recordes.
Sigel espera que o BTC se recupere e atinja US$ 30.000 no segundo semestre de 2023.
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“Inflação mais baixa, diminuição das preocupações com energia, uma possível trégua na Ucrânia e uma reviravolta no fornecimento de dinheiro circulante impulsionarão o início de um novo mercado de alta”, observou Sigel.
Outras previsões importantes
VanEck também espera que as instituições financeiras ‘tokenizem’ mais de US$ 10 bilhões em ativos fora da cadeia, bem como uma nova stablecoin descentralizada que pode atingir o valor de mercado de US$ 1 bilhão.
A gigante dos investimentos também vê o Brasil se tornando um dos países mais “cripto-friendly” do mundo e tokenizando uma parte das ofertas de dívida soberana em blockchain, a Ripple perdendo o processo contra a Securities and Exchange Comission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) e o Ethereum (ETH) permitindo retiradas em sua rede “Beacon Chain”.