Bitcoin em queda: cripto pode chegar aos US$ 21 mil? O que aconteceu e o que esperar

Analista aponta quais são os preços-chave a serem observados pelo investidor que deseja eliminar riscos ou comprar BTC mais barato

Paulo Barros

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Antes considerado um mês de alta, abril repete o que aconteceu em 2021 e traz uma sequência de quedas para o Bitcoin (BTC). A criptomoeda já acumula perdas de 18% em relação aos US$ 48 mil alcançados no final de março, após cair momentaneamente para menos de US$ 40 mil ontem.

O desempenho acompanha as ações da Nasdaq, em meio a um aumento recorde da correlação entre as duas classes de ativos. Como pano de fundo, seguem as preocupações do investidor em relação ao impacto do aumento da taxa de juros e redução do balanço patrimonial pelo Federal Reserve, nos Estados Unidos.

Segundo analistas, o índice de preços ao consumidor dos EUA em 8,5% confirma mais uma vez a tendência de alta da inflação americana, impulsionando o Fed para um movimento agressivo de incremento dos juros.

O que aconteceu?

Investidores de criptomoedas temem que o aumento dos retornos dos treasuries americanos devore o capital posicionado no mercado de ações, especialmente nos papeis de tecnologia, que acumulam alta expressiva desde o ano passado. Como a correlação com o Bitcoin está nas alturas, tudo indica que uma queda da Nasdaq traria o BTC para baixo. O mercado, então, se antecipa e liquida posições para reduzir riscos.

“Após o Bitcoin perder os US$ 44 mil, o mercado acelerou a queda, voltando para a região de consolidação do primeiro trimestre, e, em paralelo, aumentando ainda mais a correlação com os mercados tradicionais e enfraquecendo a tese que o mercado cripto pode ser um ativo diversificado no portfólio dos investidores”, afirma, em nota, o analista de trading do Mercado Bitcoin, Humberto Andrade.

“Os mercados têm sofrido com o aumento da aversão ao risco dos investidores por conta dos temores de um aumento mais agressivo na taxa de juros para conter o avanço da inflação generalizada que tem atingido todos os países”.

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Nem diversas notícias positivas foram capazes de conter o movimento de redução de risco por parte de investidores. Os administradores das reservas do projeto Terra (LUNA), por exemplo, já acumulam mais de US$ 2 bilhões em BTC após seguidas compras de alto volume. Já a Blockstream começou a construção de uma fábrica 100% solar para a mineração de Bitcoin nos EUA, em parceria com a Block e a Tesla.

Na falta de análises de fluxo de caixa ou expectativa de receita futura, as criptos dependem muito do que os gráficos dizem. Na semana passada, o Bitcoin aplicou nos traders o que se chama de bull trap, ou armadilha de touros, em que o preço sobe e aponta para uma tendência de alta, mas em seguida volta a cair com força e reverte o movimento.

“A gente fechou a semana abaixo de todas as médias rompidas duas semanas atrás, e volta para um estado de alerta, de cautela, em que você provavelmente não quer apostar muito na subida do mercado”, apontou o trader e investidor Vinícius Terranova, durante participação ontem no Cripto+ (assista no player acima).

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O que esperar a partir de agora

Por conta do histórico da criptomoeda, o momento atual sugere alta probabilidade de quedas maiores, disse Terranova. No passado, na maioria das vezes que os mesmos indicadores técnicos foram perdidos, o Bitcoin aprofundou as perdas.

“No momento, nós estamos na média móvel de 200 do gráfico de 3 dias, que foi o que segurou toda essa queda até o momento”, disse o especialista quando o Bitcoin rondava os US$ 39.600 ontem.

Desde então, o BTC subiu cerca de 1,6%, para US$ 40.250. Mas, a análise gráfica indica que a possibilidade de ver agora uma recuperação mais contundente é pequena.

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“Confesso que não estou muito otimista, a gente tem rompido muitos dos nossos suportes”.

O nível chave a ser observado no momento é o de US$ 39.600, que representa atualmente a base de uma ferramenta técnica chamada “nuvem de Ichimoku”. Com a incerteza dos mercados, um possível rompimento dessa base pode enterrar o Bitcoin para níveis mais baixos.

O gráfico da capitalização total das criptomoedas também resiste no mesmo nível. Segundo especialistas ouvidos pelo InfoMoney CoinDesk, a perda do patamar atual pode levar o valor somado dos criptoativos para US$ 1,5 trilhão, fazendo evaporar quase US$ 500 bilhões do mercado.

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Apostar em altcoins agora, portanto, é ainda mais arriscado do que o usual, já que tudo depende do movimento futuro do BTC.

Até onde queda pode ir

O trader Vinícius Terranova aponta que há um suporte próximo de US$ 37 mil, que coincide com uma linha de tendência de alta “mais sadia”, que levaria o Bitcoin a alcançar uma nova máxima histórica em um cerca de um ano, porém com menos percalços pelo caminho.

No entanto, o gráfico semanal da criptomoeda pinta um cenário mais pessimista, com o próximo suporte na região dos US$ 35 mil. Perder esse nível, no entanto, faria o BTC cruzar um indicador para baixo, aumentando as chances de um movimento agressivo rumo a novas mínimas anuais.

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O último cruzamento negativo do mesmo indicador aconteceu em março de 2020, quando o BTC era negociado a US$ 8 mil. Nos dias seguintes, acompanhando o crash das bolsas, foi a US$ 3.800 – portanto, um recuo de 52%.

Dessa vez, se o Bitcoin repetir a dose e cair abaixo dos US$ 35 mil, é possível que a queda se prolongue ainda mais. O suporte mais forte da criptomoeda, relembra o analista, está perto de US$ 21.500.

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Paulo Barros

Editor de Investimentos