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O Bitcoin (BTC) e outras criptomoedas despencaram nesta segunda-feira (27) com o surgimento de um novo modelo de inteligência artificial (IA) chinês que desencadeou uma liquidação global de ativos de risco.
A principal criptomoeda caiu até 6,5% na manhã de segunda-feira, registrando sua maior queda intradiária desde 6 de dezembro. Tokens menores sofreram perdas ainda mais acentuadas, com XRP recuando 9% e Solana (SOL) caindo em proporção semelhante. A desvalorização no mercado cripto acompanhou a fraqueza nos mercados de ações, especialmente nos futuros de tecnologia dos EUA.
Os traders de cripto ignoraram, até agora, a ordem executiva de Donald Trump para apoiar a indústria na semana passada, logo após seu retorno à Casa Branca. Segundo analistas, os preços já refletiam essa medida. No entanto, temores de que o modelo de IA da startup chinesa DeepSeek possa afetar as avaliações de empresas de tecnologia contribuíram para o movimento de aversão ao risco nesta segunda-feira.
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“O modelo chinês de linguagem ampla (LLM) representa uma ameaça potencial aos mercados de ações dos EUA, ao perturbar a dominância americana em IA com sua eficiência de custos e tecnologia open-source inovadora”, afirmou a QCP Asia em um relatório. “Agora a questão é: como Trump retaliará?”
A queda ocorre após o presidente ordenar na sexta-feira (24) a criação de um grupo de trabalho para aconselhar a Casa Branca sobre políticas relacionadas a criptoativos. A medida fazia parte de uma aguardada ação executiva que deu ao grupo seis meses para propor um marco regulatório para ativos digitais nos EUA, além de avaliar a criação de uma reserva de criptoativos. No entanto, a ordem não confirmou o estabelecimento de uma reserva nacional de Bitcoin — algo prometido por Trump durante sua campanha.
“Embora o mercado tenha recebido 90% do que esperava com as ordens executivas, isso já estava, evidentemente, precificado”, disse Sean McNulty, chefe de derivativos da FalconX na região Ásia-Pacífico. Qualquer coisa que não fosse uma reserva de Bitcoin que imediatamente começasse a comprar BTC traria decepção, acrescentou.
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O mercado de criptoativos reagiu com modéstia à ordem executiva em 24 de janeiro, registrando pequenos ganhos após o anúncio. O Bitcoin acumula alta de mais de 50% desde a vitória de Trump em novembro. Antigo cético em relação às criptomoedas, Trump mudou de posição durante a campanha, em parte devido ao aumento do envolvimento da indústria nas eleições, por meio de doações políticas expressivas. Ele prometeu transformar os EUA no principal centro mundial de criptoativos e, em dezembro, nomeou o investidor de risco David Sacks como czar de IA e criptoativos.
A postura pró-cripto de Trump ficou evidente nos dias que antecederam sua posse, em 20 de janeiro, quando ele e sua esposa Melania lançaram memecoins — tokens altamente voláteis com valor intrínseco questionável.
“Após uma sequência de notícias otimistas — como nomeações regulatórias pró-cripto, novos pedidos de ETFs e ordens executivas — o mercado parece estar recuperando o fôlego”, disse Justin d’Anethan, chefe de vendas da Liquifi, uma consultoria de lançamento de tokens.
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Enquanto isso, as ações asiáticas subiram no início do pregão de segunda-feira, mesmo com o ressurgimento de temores de guerra comercial, após Trump impor sanções à Colômbia por rejeitar voos de deportação dos EUA devido a questões de direitos humanos. A preocupação de que o modelo da DeepSeek possa abalar o setor tecnológico “se espalhou para os futuros e também impactou os ativos digitais”, afirmou Jonathan Yark, trader quantitativo sênior da Acheron Trading.
O Bitcoin era negociado a cerca de US$ 99.200 às 8h30 de segunda-feira.
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