Binance restabelece depósitos em reais via Pix no Brasil

Saques de reais permanecem suspensos, mas serão retomados "em breve", diz empresa

Paulo Barros

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A Binance restabeleceu nas últimas horas os depósitos em reais via Pix na plataforma, já por meio da nova parceria com a Latam Gateway, anunciada no dia 24 de junho após rompimento com o banco digital Capitual, que até então intermediava as operações do Pix para a corretora. Os saques permanecem suspensos e deverão ser retomados “em breve”, afirmou a exchange de criptomoedas em nota ao InfoMoney CoinDesk.

A Latam Gateway adota um modelo parecido com o antigo parceiro da Binance, utilizando contas bancárias hospedadas em um terceiro que é de fato licenciado junto ao Banco Central para acessar a rede do Pix. Enquanto o Capitual movimentava contas no Acesso Soluções de Pagamentos, a Latam Gateway utiliza o Banco BS2, antigo Bonsucesso, para processar as operações no sistema de pagamentos do BC.

A Latam Gateway é uma emissora de moeda eletrônica com conta de pagamento sem autorização do Banco Central, mas que, por lei, pode operar pelo regime de transição. Por processar um baixo volume de transações, a empresa ainda não se qualifica para a licença de Instituição de Pagamentos do BC. Segundo especialistas consultados pela reportagem, se o volume de teto for atingido, eles serão obrigados a pedir a aval do regulador. Procurada, a Latam Gateway não respondeu ao pedido de comentário.

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Em nota, a Binance informa que o processo de integração com o novo parceiro de pagamentos está em andamento e “estará 100% concluído em breve, quando as transações (depósitos e saques) serão totalmente normalizadas”. Em testes conduzidos pela reportagem, um depósito de reais via Pix durou alguns segundos para ser compensado na conta da exchange.

Enquanto os saques não são retomados, a empresa segue recomendando as opções de P2P (venda de cripto para terceiros dentro da plataforma) e “vender para cartão”, que liquida criptos para um cartão Visa. As alternativas ficavam mais escondidas, mas passaram a ser oferecidas assim que o usuário tenta realizar saque em reais na exchange pelo aplicativo.

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Em meio à crise, a Binance perdeu território no Brasil no mês de junho. Segundo levantamento da plataforma Cointrader Monitor, que consulta dados fornecidos por exchanges via API, a corretora chefiada por Changpeng “CZ” Zhao registrou 46,22% do volume de compra e venda de Bitcoin no país no mês passado, abaixo dos 51,82% do mês anterior.

Ainda assim, a corretora preserva a liderança com folga – na última contagem, a segunda empresa com maior volume foi a BitPreço, com 15,52% de market share.

Entenda o caso

A Binance não oferece saques em reais via Pix desde o dia 17 de junho, quando anunciou o rompimento de uma parceria de um ano e oito meses com o Capitual, que até então operava as transações de clientes da exchange via Acesso, uma empresa do grupo Méliuz (CASH3).

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A corretora de criptos disse na época que tomaria medidas legais contra o Capitual, que por sua vez acusa a exchange de não cumprir com uma determinação do Banco Central para individualizar contas de usuários. As exchanges Kucoin e Huobi, que utilizam os mesmos serviços da fintech brasileira, teriam cumprido a exigência, mas a Binance não.

Mais tarde, veio à tona que o fundador do Capitual estaria envolvido no caso Gas Consultoria, empresa fundada por Glaidson Acácio dos Santos, o “Faraó do Bitcoin”. Na semana passada, a Folha de S.Paulo revelou que, mesmo preso, Glaidson teria autorizado R$ 228 milhões em transações por meio de uma empresa que tem como sócio Guilherme Silva Nunes, um dos fundadores da antiga parceira da Binance.

Ontem, o jornal Valor Econômico apontou que o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) ordenou o bloqueio de R$ 451,6 milhões das contas do Capitual – os valores seriam de clientes da Binance. O processo, no entanto, corre em segredo de justiça.

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Segundo a Binance as “ações da empresa conflitam com os seus valores”, e garante que “tomou todas as medidas necessárias e cabíveis em relação à Capitual para proteger os usuários e seus recursos e assegurar que eles não sejam afetados negativamente pela mudança” de provedor de pagamentos.

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Paulo Barros

Editor de Investimentos