Big Techs perdem mais de US$ 1,8 tri em valor de mercado em 2022; e resultados não ajudam

Impactos da guerra, pressão inflacionária, lockdown chinês, aumento de custos em energia e transportes ajudam a explicar derretimento

Felipe Alves

Big techs podem ser taxadas (Foto: Shutterstock)
Big techs podem ser taxadas (Foto: Shutterstock)

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Com grande peso nas bolsas americanas, os resultados das Big Techs, como são conhecidas as maiores empresas de tecnologia do mundo, não passaram ilesos às consequências da guerra entre Rússia e Ucrânia, pressão inflacionária ao redor do mundo, aumentos de custos em energia e transportes e, mais recentemente, aos lockdowns impostos na China – que desestruturam as cadeias produtivas globais.

Não por acaso, o valor de mercado do conjunto dessas empresas vem derretendo em 2022. Juntas, Alphabet (GOGL34), Amazon (AMZO34), Apple (AAPL34), Meta (FBOK34), Microsoft (MSFT34), Netflix (NFLX34), Tesla (TSLA34) e Twitter (TWTR34) somavam um valor de mercado, em 28 de abril, de US$ 9,471 trilhões.

Como comparação, no encerramento do ano passado, valiam cerca de US$ 11,350 trilhões, ou seja, perderam cerca de 16,55% de seu valor em quase quatro meses, equivalente a US$ 1,878 trilhão – ou R$ 9,277 trilhões, levando em consideração a cotação do dólar de R$ 4,94 desta quinta-feira. Esse montante, inclusive, supera o PIB brasileiro do ano passado, que foi de R$ 8,7 trilhões.

E isso se refletiu de forma distinta nos índices acionários americanos. Enquanto no acumulado de 2022 o Dow Jones apresenta queda de 7,29%, o Nasdaq – onde as Big Techs estão concentradas – perdeu 18,46%. Já o S&P 500 acumula desvalorização de 10,61%.

Big Techs vencedoras e perdedoras da safra

No entanto, nem todas tiveram desempenho aquém do esperado. Enquanto Apple e Microsoft figuram como as maiores vencedoras da safra de balanços de janeiro a março, Amazon e Netflix foram as maiores decepções do período, segundo analistas consultados pelo InfoMoney.

De toda forma, não há como deixar de destacar que os papéis de tecnologia como um todo estão sofrendo uma correção de preços pós-pandemia. Dois drives contribuem para isso: os incrementos de juros no mundo todo e a desglobalização com os impactos da guerra Rússia versus Ucrânia em variadas cadeias produtivas.

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Jennie Li, estrategista de ações da XP Investimentos, lembra que as Big Techs têm sofrido desde o ano passado com a subida de juros nos Estados Unidos. E que setores como o streaming, por exemplo, sofrem com a inflação, já que as pessoas cortam primariamente serviços discricionários, o que também impacta no preço das ações.

Segundo Thiago Lobão, CEO da Catarina Capital, há duas formas de enxergar o cenário. A primeira, mais cética, é entender que as companhias de tecnologia sofreram correções, que estavam com preços inflacionados e não devem voltar aos altos valores tão cedo.

A segunda forma é olhar para determinadas empresas como oportunidade única de compra. Em alguns casos, desde 2008, segundo ele, não havia um momento tão acentuado de crise para as techs. A Meta Platforms (FBOK34), empresa dona do Facebook, por exemplo, acumula perdas de 38,83% desde o início do ano em valor de mercado.

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“As duas visões são válidas, mas para empresas em estágios diferentes. Há aquelas que têm bons fundamentos e as techs que eram cortina de fumaça durante a pandemia”, diz ele.

Na visão de Lobão, os melhores fundamentos estão em Microsoft, Apple, Amazon e Google. “São empresas que vão persistir e vão dominar as bases tecnológicas do mundo”.

Já o Facebook está num mercado competitivo demais e há questionamentos sobre o papel. Para a Netflix ele tem uma visão menos otimista, citando que a empresa deve sofrer e precisará urgentemente se reinventar.

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Sobre a Tesla, Lobão avalia estar numa espécie de limbo. Apesar de liderar a revolução tecnológica no seu segmento e começar a apresentar bons resultados, só o tempo dirá se ela vai se perpetuar como uma empresa de carros elétricos globalmente.

Mas o momento é de tensão não só para as Big Techs, mas de impacto de forma generalizada para mercado financeiro.

Segundo Marcio Fontes, gestor do Asa Hedge, a quebra de cadeias de produção em vários países vai produzir mais inflação em um momento em que as taxas de juros já estão excessivas. “A implicação é vermos, de maneira geral, as taxas de inflação no mundo mais altas”, afirma.

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Variação do valor de mercado das maiores empresas techs dos EUA

Empresa 31/12/2021 28/04/2022 Variação
Alphabet (GOGL34) US$ 1,921 trilhão US$ 1,566 trilhão – 17,46%
Amazon (AMZO34) US$ 1,691 trilhão US$ 1,471 trilhão – 13,27%
Apple (AAPL34) US$ 2,913 trilhões US$ 2,670 trilhões – 7,73%
Meta (FBOK34) US$ 935,6 bilhões US$ 559,98 bilhões – 38,83%
Microsoft (MSFT34) US$ 2,525 trilhões US$ 2,166 trilhões – 13,70%
Netflix (NFLX34) US$ 267,4 bilhões US$ 88,641 bilhões – 66,88%
Tesla (TSLA34) US$ 1,061 trilhão US$ 909,1 bilhões – 16,96%
Twitter (TWTR34) US$ 34,559 bilhões US$ 39,319 bilhões + 13,63%
Valor das 8 empresas US$ 11,350 trilhões US$ 9,471 trilhões – 16,55%

Fonte: Levantamento elaborado TC/Economatica

Serviço de nuvem é destaque de Microsoft, Google e Amazon

As Big Techs que têm exposição ao setor de serviços em nuvem têm visto neste campo uma avenida de crescimento sustentável. Mas as consequências são diferentes para cada empresa, segundo Thiago Lobão, CEO da Catarina Capital.

No Google, por exemplo, com a ameaça do modelo de mídia, o Google Cloud ainda consome caixa da empresa, tirando a capacidade de resultados de janeiro a março.

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Já a Amazon sofre com os impactos do setor de e-commerce como um todo, em decorrência da alta inflacionária. Por outro lado, o serviço AWS da Amazon tem curva de crescimento muito grande, na ordem 37% no trimestre, maior do que os do Google e da Microsoft. “É uma operação superavitária e amenizou os resultados gerais da Amazon”, destaca Lobão.

Já na Microsoft a plataforma de serviço de nuvens, Azure, cresceu mais de 40%, e é um grande impulsionador do modelo de geração de resultados já consolidado da empresa.

Por outro lado, Lobão cita o nível de incerteza muito grande com a Meta, que tem um rescaldo de volatilidade enorme desde que anunciou a estratégia de investir no metaverso. Segundo ele, ainda não se tem clareza como será a monetização deste negócio e impacta a empresa que já é afetada pelo contexto global.

Big Techs: receitas avançam, mas lucros não acompanham ritmo

Enquanto a receita das Big Techs cresceu de janeiro a março de 2022, os lucros das companhias foram menores. Juntas, oito das maiores Big Techs, somaram US$ 386,8 bilhões em receitas de janeiro a março deste ano contra US$ 339,8 bilhões do mesmo período de 2021. Ou seja, alta de 13,8%.

Os dados levam em conta os balanços divulgados de Alphabet (GOGL34), Amazon (AMZO34), Apple (AAPL34), Meta (FBOK34), Microsoft (MSFT34), Netflix (NFLX34), Tesla (TSLA34) e Twitter (TWTR34).

As oito registraram alta de receitas de janeiro a março. Em percentuais, os destaques foram a Alphabet (GOGL34), controladora do Google, que cresceu 22,9% em receitas na base anual, e a Microsoft (MSFT34), que ampliou suas receitas em 18,3% nos três primeiros meses de 2022.

Receitas das Big Techs

Empresa Janeiro a março/2022 Janeiro a março/2021 Variação
Alphabet (GOGL34) US$ 68,01 bilhões US$ 55,314 bilhões + 22,9%
Amazon (AMZO34) US$ 116,44 bilhões US$ 108,518 bilhão +7,3%
Apple (AAPL34) US$ 97,28 bilhões US$ 89,584 bilhões +8,5%
Meta (FBOK34) US$ 27,90 bilhões US$ 26,17 bilhões +6,6%
Microsoft (MSFT34) US$ 49,36 bilhões US$ 41,70 bilhões +18,3%
Netflix (NFLX34) US$ 7,86 bilhões US$ 7,16 bilhões +9,7%
Tesla (TSLA34) US$ 18,756 bilhões US$ 10,389 bilhões +81%
Twitter (TWTR34) US$ 1,200 bilhão US$ 1,036 bilhão +15,8%
Receita das 8 empresas US$ 386,8 bilhões US$ 339,85 bilhões +13,8%

Fontes: balanços das empresas

Entretanto, a época de grandes e crescentes lucros registrados pelas Big Techs parece ter ficado no passado. Os lucros registrados pelas Big Techs variaram de janeiro a março, mas quase todas reportaram lucro em maior ou menor escala. A exceção foi a Amazon (AMAZO34) que amargou um prejuízo de US$ 3,84 bilhões de janeiro a março de 2022 contra um lucro de US$ 8,10 bilhões no mesmo intervalo de 2021.

Em percentuais, os maiores lucros foram registrados pela montadora Tesla (TSLA34) e pela plataforma Twitter (TWTR34). As empresas de Elon Musk cresceram em lucro mais de 650% cada uma no comparativo anual.

Das maiores companhias, a Microsoft (MSFT34) e a Apple (AAPL34) foram as que melhor se saíram, crescendo o lucro em +8,2% e +5,8%, respectivamente.

Alphabet (GOGL34), Meta (FBOK34) e Netflix (NFLX34) somaram lucros de janeiro a março de 2022 menores na comparação anual.

Lucro das Big Techs

Empresa Janeiro a março/2022 Janeiro a março/2021 Variação
Alphabet (GOGL34) US$ 16,436 bilhões US$ 17,930 bilhões -8,3%
Amazon (AMZO34) – US$ 3,84 bilhões US$ 8,10 bilhões
Apple (AAPL34) US$ 25,010 bilhões US$ 23,630 bilhões +5,8%
Meta (FBOK34) US$ 7,465 bilhões US$ 9,497 bilhões -21%
Microsoft (MSFT34) US$ 16,728 bilhões US$ 15,457 bilhões +8,2%
Netflix (NFLX34) US$ 1,59 bilhão US$ 1,70 bilhão -6,4%
Tesla (TSLA34) US$ 3,318 bilhões US$ 438 milhões +657%
Twitter (TWTR34) US$ 513,2 milhões US$ 68,0 milhões +654%
Lucro das 8 empresas US$ 67,193 bilhões US$ 76,79 bilhões -12%

Fontes: balanços das empresas

Big Techs: veja os destaques individuais

Apple é destaque no trimestre, mas tem desafio pela frente

Uma das Big Techs que registrou melhores números no 1T22 foi a Apple (AAPL34). A companhia mais valiosa do mundo reportou lucro de US$ 25,010 bilhões no segundo trimestre fiscal, encerrado em 26 de março de 2022. Ou seja, acima da cifra de mesmo intervalo de um ano antes, de US$ 23,630 bilhões.

O lucro trimestral por ação diluída foi US$ 1,52, acima do estimado pelo mercado, de US$ 1,43.

A receita da Apple (AAPL34) somou US$ 97,28 bilhões, acima dos US$ 93,89 bilhões estimados pelo mercado. Um ano antes, a receita havia sido de US$ 89,584 bilhões.

Só com iPhone, as vendas somaram US$ 50,57 bilhões, ante US$ 47,88 bilhões projetados – comparado com US$ 47,938 bilhões de um ano antes. O diretor financeiro da Apple, Luca Maestri, em comunicado, destacou a “forte demanda contínua por produtos” e  “recorde de vendas de serviços”. Segundo ele, a guerra afetou a receita da empresa e que a demanda por iPhones foi maior do que o previsto no 1T22.

Bruno Pires, CFA, equity research na Moat Capital, destaca que as Big Techs são muito diferentes entre si, pois cada uma tem um tipo de risco diferente. Segundo ele, a Apple teve um crescimento muito forte na pandemia, gerou muito lucro e, com isso, houve um prêmio maior nos múltiplos da empresa.

Agora, levando em conta a questão chinesa, a equação para a Apple deve ficar complicada no futuro. Isso por que a Apple deve sofrer com os lockdowns da China pois, segundo Bruno, 95% da manufatura da companhia vem do Oriente. “É bem improvável que não tenha impacto, pois a Apple está muito exposta a esse risco”, diz ele, ao citar ainda que é provável que a inflação de eletrônicos perdure mais e que haja choques de demanda e oferta.

Microsoft em posição diferenciada

Segunda empresa mais valiosa do mundo, a Microsoft (MSFT34) somou um lucro líquido de US$ 16,728 bilhões no 1T22, uma alta de 8%. Os resultados foram sólidos nos diversos negócios da companhia, segundo analistas.

O lucro por ação ficou em US$ 2,22, crescimento de 9%. O desempenho foi acima dos US$ 2,19 esperados pelos analistas consultados pela Refinitiv.

Já a receita da Microsoft somou US$ 49,36 bilhões – um incremento de 18% frente à cifra de um ano antes, e acima do esperado, de US$ 49,05 bilhões.

O Goldman Sachs ressaltou que a Microsoft registrou seu terceiro trimestre consecutivo de crescimento próximo de 20% à medida que continua a construir sua posição diferenciada em toda a cadeia de tecnologia.

Segundo a Microsoft, a receita com produtividade e processos de negócios foi de US$ 15,8 bilhões, avançando 17%. Isso ocorreu, entre outros fatores, pela expansão da receita de produtos comerciais e serviços em nuvem do Office. Também houve incremento da receita de produtos e serviços em nuvem do Dynamics e de Intelligent Cloud, assim como de produtos comerciais e serviços em nuvem do Windows.

Para o Credit Suisse, apesar das preocupações recentes sobre a desaceleração da demanda do segmento de serviços na nuvem, os resultados da Microsoft reforçam a tese de que a necessidade de infraestrutura para nuvem aumentará em 2022, impulsionando de forma sustentada e durável o crescimento não apenas para a Microsoft (e da Azure), mas também para o setor de software como um todo.

O Goldman Sachs destacou que a Microsoft “é provavelmente uma das empresas mais resilientes em questão de lucros no setor de tecnologia e em todos os setores”.

Alphabet tem 1T22 abaixo do esperado

A Alphabet, dona do Google (GOGL34), reportou lucro líquido 8,3% menor no 1T22 contra o mesmo período de 2021. O lucro foi de US$ 16,436 bilhões no primeiro trimestre de 2022, ante os US$ 17,930 bilhões do 1T21.

Desta forma, o lucro por ação ficou em US$ 24,62, abaixo do projetado pelos analistas consultados pela Refinitiv, de US$ 25,91.

Parte da baixa do lucro líquido na base anual se deu por conta das despesas com títulos de capital, que entre janeiro e março de 2022 descontaram US$ 1,07 bilhão do resultado líquido da Alphabet, enquanto no ano passado somaram US$ 4,83 bilhões.

A receita do Google também veio abaixo das projeções. A receita totalizou US$ 68,01 bilhões, inferior ao consenso de US$ 68,11 bilhões. Mas o indicador apresentou alta de 23% contra o 1T21, quando a empresa somou US$ 55,314 bilhões em receitas.

Em relatório, o Morgan Stanley ressaltou que os resultados superaram as expectativas e a empresa continua a se beneficiar de indústrias específicas que estão se recuperando da pandemia. Por outro lado, o YouTube registrou queda relevante em receitas de publicidade.

“Olhando para a frente, vemos o ambiente macro volátil como o principal risco para a publicidade digital em geral. Em segundo lugar, é preciso continuar monitorando a normalização do crescimento do segmento de Pesquisa em um mundo pós-pandemia e os ventos contrários/favoráveis ao YouTube”, destacou o Morgan Stanley.

O Credit Suisse continua otimista com a Alphabet, de olho nas melhorias contínuas de monetização em publicidade de pesquisa, das contribuições acima do esperado em receita dos segmentos não relacionados à pesquisa e abertura de novas possibilidades de monetização, como Maps e a guia Discover.

Twitter e Tesla têm alta de 650% nos lucros

Tanto a Tesla quanto o Twitter, a mais nova aquisição de Elon Musk, viram seus lucros saltarem mais de 650% no 1T22 no comparativo com o 1T21. O resultado

O Twitter (TWTR34) reportou lucro líquido de US$ 513 milhões no 1T22, o equivalente a US$ 0,61 por ação, 654% acima do lucro de US$ 68 milhões no mesmo período de 2021.

A receita cresceu 16% no trimestre (para US$ 1,20 bilhão), mas levemente abaixo do consenso da FactSet (de US$ 1,23 bilhão). As receitas com publicidade cresceram 23%.

A recente compra do Twitter por Elon Musk tem movimentado o mercado e as ações da empresa, que ainda em 2022 deve se tornar de capital fechado.

Elon Musk
O bilionário Elon Musk quer comprar o Twitter e fechar o seu capital

Os impactos respingaram também na Tesla (TSLA34). A companhia chegou a ver ações dispararem mais de 10% após a divulgação do balanço do 1T22 em 21 de abril, mas os papéis caíram forte nos últimos dias após os rumores e o anúncio da compra do Twitter. Nos últimos 5 dias a queda é de 8,98% e, no último mês, o prejuízo é de 16,87%.

No 1T22 a Tesla (TSLA34) lucrou de forma líquida US$ 3,318 bilhões. O lucro líquido por ação ficou em US$ 3,22, contra US$ 2,26 projetados pelo consenso de mercado.

Já a receita líquida da montadora atingiu US$ 18,756 bilhões entre janeiro e março de 2022, ante projeções de US$ 17,80 bilhões e crescendo 81% na base anual.

O crescimento da receita foi impulsionado em parte por um aumento do número de carros entregues bem como por um aumento nos preços médios das vendas. A companhia de Elon Musk entregou 310 mil carros no primeiro trimestre.

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Meta (FBOK34), do Facebook, vê usuários crescerem

Dona do Facebook, a Meta (FBOK34) reportou lucro líquido 21% menor no 1T22 do que o mesmo período do ano passado. O lucro ficou em US$ 7,465 bilhões.

O lucro por ação da empresa foi de US$ 2,72, acima dos US$ 2,56 esperados pelos analistas consultados pela Refinitiv.

Já a receita da Meta atingiu US$ 27,91 bilhões. Ou seja, 7% maior do que um ano antes, mas inferior ao projetado para o 1T22 de US$ 28,2 bilhões.

Os investidores estavam de olho nos números de usuários ativos diários (DAUs) do Facebook, dado que havia decepcionado na última divulgação. Mas houve alta de DAUs de 4%, atingindo 1,96 bilhão em média em março de 2022, acima das estimativas.

Já o número de usuários ativos mensais do Facebook (MAUs) somou 2,94 bilhões em 31 de março de 2022, alta de 3% ano a ano. Houve também uma surpresa positiva no faturamento por usuário (US$ 9,54 vs. US$ 9,50 esperados).

A companhia tem como desafio o cenário macroeconômico, uma vez que os anunciantes pausaram muitas campanhas após o início da guerra. Ainda assim, a empresa acredita que possui uma vantagem competitiva sobre seus competidores e conseguirá se sobressair neste momento de incertezas. Outros entraves são a desaceleração do comércio eletrônico, a monetização do Reels e as receitas com publicidade.

O Goldman Sachs destacou como pontos positivos do balanço o crescimento de publicidade no 1T22, os resultados positivos de Reels (que somam 20% do tempo gasto no Instagram) e o potencial de monetização, e a diminuição do guidance de despesas para 2022.

Já os pontos negativos são os ventos contrários esperados para o setor de publicidade como um todo, o alto nível de investimentos em 2022 e os comentários da administração sobre desafios no setor de comércio eletrônico.

Amazon (AMZO34) tem primeiro prejuízo trimestral desde 2015

A Amazon (AMZO34) amargou seu primeiro prejuízo líquido em um trimestre desde 2015 e reportou um 1T22 que ficou abaixo das expectativas de Wall Street.

A companhia registrou prejuízo líquido de US$ 3,84 bilhões no primeiro trimestre, ou US$ 7,56 por ação diluída. Um ano antes, havia lucrado US$ 8,1 bilhões, ou US$ 15,79 por ação diluída.

Por outro lado, a receita da empresa cresceu 7,3%, para US$ 116,44 bilhões. Apesar da alta, esta foi a taxa mais baixa para qualquer trimestre desde a quebra das pontocom em 2001.

Andy Jassy, ​​CEO da Amazon, destacou que a pandemia e a guerra entre Rússia e Ucrânia trouxeram “desafios incomuns”. Segundo ele, os serviços na nuvem da empresa, contudo, têm sido “fundamentais para as empresas enfrentarem a pandemia”.

O lucro operacional, por sua vez, diminuiu para US$ 3,7 bilhões no primeiro trimestre, em comparação com US$ 8,9 bilhões no primeiro trimestre de 2021.

Mas apesar dos resultados de curto prazo, o Goldman Sachs vê que a Amazon é capaz de capitalizar investimentos em variadas frentes de negócios, consolidando a liderença da empresa no setor de e-commerce.

Big tech
Amazon e Netflix batalham também na guerra do streaming

Netflix foi a decepção do trimestre

Uma das grandes decepções do trimestre foi a Netflix (NFLX34). A primeira das Big Techs a reportar seus resultados do 1T22 em 19 de abril registrou queda do número de assinantes – fato inédito na história da companhia. As ações chegaram a derreter 35,12%, cotadas a US$ 226,19 em 20 de abril, fazendo a empresa perder US$ 54,3 bilhões em valor de mercado em uma só sessão.

Vale lembrar que os dados do 4T21 da Netflix já haviam decepcionado o mercado, com as ações caindo 21% em um só dia após a divulgação do balanço.

Agora, os dados, em geral, vieram acima do consenso do mercado, mas o fato de a empresa ter perdido 200 mil assinantes no trimestre balançou a gigante plataforma de streaming.

O megainvestidor Bill Ackman, fundador e CEO da Pershing Square Capital Management, por exemplo, veio a público dois dias após a publicação do balanço para anunciar que vendeu todas as suas ações da Netflix, apenas três meses depois de ter comprado 3,1 milhões de papéis da empresa. Ele amargou um prejuízo de US$ 400 milhões. Segundo ele, a queda do número de assinantes o fez “perder a confiança em sua capacidade de prever as projeções futuras da empresa”.

Apesar disso, a Netflix (NFLX34) reportou um lucro por ação de US$ 3,53 no 1T22, acima do consenso de US$ 2,89, calculado pela Refinitiv.

Já a receita da empresa também frustrou levemente, ficando em US$ 7,78 bilhões, pouco abaixo dos US$ 7,93 bilhões esperados.

A empresa citou que a Covid-19 “nublou as projeções” da companhia e afirmou que o fato de o crescimento da receita estar desacelerando está relacionado com “fatores não controlados diretamente”, como a saída da empresa da Rússia, que resultou na perda de 700 mil usuários. Os principais freios para o crescimento da Netflix, segundo a empresa, são o número de casas com TVs inteligentes, o compartilhamento de contas e o avanço da concorrência no setor.

Bruno Pires, CFA, equity research na Moat Capital, vê que o principal entrave da empresa está em adquirir clientes na velocidade que eles imaginavam. Outro problema é a questão do compartilhamento de senhas dos usuários da Netflix. Em um universo de cerca de mais de 200 milhões de pagantes, cerca de 100 milhões de casas fazem esse esquema.

Por isso, Pires vê como acertada a decisão da Netflix de criar um plano de assinatura mais barato, que vai contar com publicidade.  Além disso, a competição mais acirrada no mercado também traz dificuldades.

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