Biden decide barrar fusão entre U.S. Steel e Nippon Steel após oposição sindical

As empresas indicaram que poderiam buscar medidas legais caso Biden formalize o bloqueio

Equipe InfoMoney

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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, decidiu bloquear a venda da U.S. Steel para a japonesa Nippon Steel, encerrando um acordo de US$ 14,1 bilhões que enfrentou meses de forte oposição e levantando dúvidas sobre o futuro de uma das gigantes industriais do país.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, emitiu decreto nesta sexta-feira, 3, no qual proíbe a compra da U.S. Steel pela japonesa Nippon Steel. A medida, que já havia sido adiantada por múltiplos veículos da imprensa norte-americana, busca proteger a segurança nacional do país, de acordo com comunicado divulgado nesta sexta.

Com a notícia, a ação da U.S Steel caía 7,88% no pré-mercado da Bolsa de Nova York por volta das 10h25 (de Brasília).

O presidente já havia manifestado sua oposição ao acordo anteriormente, argumentando que a U.S. Steel deveria permanecer sob propriedade e operação americana, embora nunca tenha declarado publicamente que bloquearia a transação. A Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

As empresas indicaram que poderiam buscar medidas legais caso Biden formalize o bloqueio.

Investidores já haviam precificado baixas chances de o acordo ser concluído, com as ações da U.S. Steel fechando a US$ 32,60 na quinta-feira, bem abaixo da oferta de US$ 55 por ação feita pela Nippon Steel. A decisão de Biden, se confirmada, encerraria uma disputa de um ano, apesar das concessões feitas pela Nippon Steel em relação ao emprego, investimentos e liderança local.

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Essa decisão levanta questões sobre os próximos passos da U.S. Steel, que pode ter que reiniciar o processo de venda e encontrar dificuldades para atrair um comprador para toda a companhia. A Cleveland-Cliffs Inc., sediada em Ohio e concorrente no setor, havia demonstrado interesse antes, mas recentemente adquiriu um produtor canadense e não deixou claro se ainda estaria disposta a adquirir toda ou parte da U.S. Steel.

A Nippon Steel, por sua vez, terá que buscar novas alternativas para seu crescimento global.

O Comitê de Investimentos Estrangeiros nos Estados Unidos (CFIUS) havia ficado dividido em sua análise sobre o acordo, deixando a decisão final nas mãos de Biden, que tem até o início da próxima semana para formalizar sua posição. O presidente eleito Donald Trump, que assumirá o cargo em breve, já havia prometido bloquear o acordo caso ele chegasse à sua mesa.

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O acordo, anunciado em dezembro de 2023, tornou-se um ponto crítico na campanha presidencial dos EUA, especialmente após forte oposição do influente sindicato United Steelworkers. A análise do CFIUS se concentrou em determinar se a venda de uma empresa industrial americana representaria risco à segurança nacional.

O painel do CFIUS geralmente avalia compras de empresas americanas por entidades estrangeiras, com foco especial em adversários como a China, e raramente é acionado em transações com aliados como o Japão.

A U.S. Steel enfrenta desafios financeiros há anos e já havia alertado sobre a necessidade de bilhões de dólares em investimentos para modernizar suas instalações. A empresa afirmou que, caso o acordo não fosse concluído, algumas plantas poderiam fechar e a sede em Pittsburgh poderia ser relocada.

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A decisão de Biden representa uma vitória significativa para o presidente do sindicato United Steelworkers, David McCall, e para a liderança sindical que se opôs fortemente ao acordo, mesmo com alguns membros manifestando apoio.

Desde o anúncio do acordo, a Nippon Steel tem se esforçado para convencer a Casa Branca e os trabalhadores, realizando diversas visitas aos EUA para apresentar seus argumentos de que o acordo seria positivo para os empregos e a economia americana.

O CEO da U.S. Steel, David Burritt, chegou a publicar um artigo em dezembro argumentando que a fusão com a Nippon Steel enfraqueceria a influência da China no mercado global de aço e manteria a empresa americana intacta.

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(com Bloomberg e Estadão Conteúdo)