BicBanco rebate rótulo de “novo Cruzeiro do Sul” e sobe 80% com rumores de venda

Interesse de compra de grandes bancos sustentou o rali; no entanto, possíveis compradores negam rumores e analistas demonstram descrença com acordo

Carolina Gasparini

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SÃO PAULO – O que leva uma ação a subir mais de 80% em pouco mais de 2 meses, enquanto o principal índice acionário do país avançou menos de 10% no mesmo período? Se você acha que bons fundamentos, resultados consistentes e perspectivas positivas são bons ingredientes para esta receita, isso não se encaixa para o BicBanco (BICB4). Após ser comparado com o “liquidado” Banco Cruzeiro do Sul e ver suas ações caírem quase 50% nos primeiros 8 meses do ano, a instituição financeira vê seus papéis engatarem um rali impressionante com rumores de que pode ser vendido para um banco maior – e a lista de interessados inclui grandes marcas brasileiras e até estrangeiros.

No dia 5 de agosto, os papéis BICB4 conheceram na bolsa seu menor fechamento desde 25 de março de 2009, valendo R$ 3,30. O “fantasma” do Cruzeiro do Sul – banco que passou por uma liquidação extrajudicial – assombrava os investidores, que começaram a trabalhar com a hipótese de que a instituição controlada pelo grupo financeiro Bezerra de Menezes pudesse seguir o mesmo caminho. Na época, a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a nota de crédito do banco para Ba1 – primeiro grau especulativo – com todos ratings em perspectiva negativa.

Segundo relatório, a Moody’s justificou isso à expectativa de contínua pressão nas receitas no curto prazo, resultante do menor crescimento da carteira de crédito, intensa competição no mercado-alvo, e um ambiente operacional mais difícil. A agência citou ainda as incertezas relacionadas ao direcionamento estratégico do banco. Vale lembrar que em junho, a Standard & Poor’s cortou em um nível o rating do banco, para BB, dois níveis abaixo do grau de investimento.

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Vamos às compras?
Contudo, se a situação do banco não parece ser das melhores, outras instituições maiores parecem tentar aproveitar que as ações do BicBanco estão relativamente “baratas” e que seu poder de barganha para negociar está menor – tendo em vista sua complicada situação financeira – para avançar em uma aquisição.

Grandes brasileiros, como Bradesco (BBDC3, BBDC4), Itaú Unibanco (ITUB4) e BTG Pactual (BBTG11), uma instituição financeira chinesa, o CCB, e recentemente o mexicano Inbursa – do 2º homem mais do rico, Carlos Slim -, foram citados como possíveis compradores do BicBanco. Mesmo com o banco negando que esteja negociando sua venda para nenhum destes players, o mercado tem mostrado um forte otimismo e, com isso, jogado o preço de suas ações para cima, explica o analista-chefe da SLW Corretora, Pedro Galdi.

Nem mesmo um comunicado enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), no qual os acionistas controladores do banco informaram não haver documentos sobre alienação de controle, diminuiu o ritmo de ganhos. Atualmente, os papéis estão cotados a R$ 6,01, o que indica uma alta de 82,1% em relação à minima alcançada em agosto. No mesmo período, as altas das ações de Itaú, Bradesco e também do IFNC – índice que acompanha as ações do setor financeiro – não superaram a casa dos 20%.

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O analista Gabriel Ribeiro, da Um Investimentos, lembra que o ciclo de aperto monetário é favorável para as ações do setor bancário, o que tem sido reflexo no momento atual. De março até agora, a Selic – taxa básica de juros da economia brasileira – passou de 7,25% para 9,50% ao ano, e alguns economistas projetam que a taxa pode chegar a 10% até o final de 2013. Contudo, Ribeiro evidencia que o rali atual de BicBanco na bolsa está muito mais associado aos rumores de venda do que ao ciclo de alta da Selic.

Cuidado com o tombo
Contudo, por trás de toda euforia, há o risco de estar errado – principalmente se estamos falando de uma alta motivada por especulações de venda da empresa. Para Carlos Daltozo, analista do BB Investimentos, os rumores de venda do banco não têm fundamento e são pouco prováveis pela situação atual do BicBanco. “A instituição não apresenta capilarização nem grande carteira de crédito. Não vejo porque um banco brasileiro de maior porte faria uma aquisição dessas”, rechaça Daltozo.

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