BHP eleva provisões para Samarco e Vale (VALE3) deve seguir: qual impacto no balanço?

Diante do anúncio, o Itaú BBA acredita que provisões extras provavelmente serão feitas pela Vale e um montante de US$ 3,5 bilhões está dentro das expectativas

Felipe Moreira

Produção de Minério de Ferro, Mineração Vale (Sistema Norte), Estado de Minas Gerais, Brasil (Foto: Giles Barnard/Construction Photography/Avalon/Getty Images)
Produção de Minério de Ferro, Mineração Vale (Sistema Norte), Estado de Minas Gerais, Brasil (Foto: Giles Barnard/Construction Photography/Avalon/Getty Images)

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 A BHP anunciou nesta quinta-feira (15) que aumentará sua provisão para o rompimento da barragem da Samarco em US$ 3,2 bilhões (depois de impostos) em seu relatório de lucros do 4T23 (quarto trimestre de 2023), a ser publicado em 20 de fevereiro. Isto elevará o montante total das provisões para US$ 6,5 bilhões (a partir do ano 2023). Além disso, a companhia reconhecerá uma desvalorização não-monetária de US$ 2,5 bilhões contra o valor contábil do Níquel da Austrália Ocidental devido a uma queda acentuada nos preços do níquel.

Segundo a BHP, o valor é para cobrir os custos de resolução de todos os aspectos tanto da reclamação do Ministério Público Federal quanto das obrigações do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Ou seja, abrange não apenas os 42 programas ambientais e socioeconômicos que visam mitigar os impactos do rompimento da barragem, mas também os R$ 155 bilhões (US$ 32 bilhões) para reparação, indenização e danos morais que o Ministério Público pediu à BHP, Vale (VALE3) e Samarco. A Samarco é uma joint venture entre Vale e BHP.

Diante do anúncio, o Itaú BBA acredita que provisões extras provavelmente serão feitas pela Vale e um montante de US$ 3,5 bilhões está dentro das expectativas.

De acordo com cálculos do BBA, a Vale precisaria fazer um provisionamento adicional de US$ 3,5 a 3,6 bilhões em provisões para igualar os US$ 6,5 bilhões que a BHP reportará para o ano de 2023. Analistas destacam que as potenciais provisões adicionais representam aproximadamente 6% do valor de mercado e, portanto, significativas do ponto de vista do valuation.

O Itaú BBA acredita que os investidores já estavam contabilizando as provisões adicionais, totalizando US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões, e por isso o banco não espera que o montante seja uma surpresa. Embora ainda existam questões importantes quanto ao valor final a ser desembolsado por cada empresa, como i) o escopo e o custo dos programas; ii) resultados potenciais de recursos e acordos; e iii) a capacidade da Samarco de financiar diretamente as obrigações, ele acredita que chegar a um acordo com o governo resolveria um overhang (excesso de ações no mercado que levam à pressão de preços) para a empresa, o que poderia ser lido como positivo para o médio prazo.

O Bradesco BBI também vê uma probabilidade aumentada de que a mineradora aumente suas provisões (a VALE divulgará os resultados em 22 de fevereiro), o que poderia levar a uma reação ligeiramente negativa no mercado. Analistas destacam que as provisões da VALE eram de US$ 3 bilhões no terceiro trimestre e precisariam subir aproximadamente US$ 3,5 bilhões para igualar o novo nível da BHP de US$ 6,5 bilhões.

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A equipe de research do Citi, por sua vez, avalia que as provisões da Vale no final do terceiro trimestre eram de US$ 3 bilhões e teoricamente deveriam ter um aumento semelhante ao da BHP, já que a joint venture é de 50%-50%. Isso estaria no topo das expectativas de um aumento de US$ 2 a US$ 3 bilhões nas provisões, com base nas conversas do banco com investidores (e um acordo atualizado de aproximadamente R$ 100 milhões).

O Citi mantém recomendação de compra e preço-alvo para os ADRs (recibo de ações negociados na Bolsa de Nova York) da Vale de US$ 18,50, com base em um múltiplo de 5,0 vezes Ebitda nas previsões de 2024. Esse múltiplo é aproximadamente 15% abaixo dos pares globais, pois o banco espera que a Vale seja negociada com desconto. O BBA também tem classificação equivalente à compra e preço-alvo de R$ 88 para ação ordinária da mineradora.