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O primeiro trimestre de 2024 foi marcado como um período de recuperação na frente operacional para as duas maiores varejistas brasileiras — Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3). Os resultados das duas, apesar de elas estarem em momentos diferentes, foram considerados positivos, trazendo avanços. Mas a deterioração do cenário macroeconômico surge como um entrave para as empresas e para as ações.
Analistas reagiram ao resultado do Magazine Luiza, mencionando que a estratégia da companhia “está dando frutos”, com destaque para a rentabilidade. “A companhia divulgou um conjunto sólido de resultados, com um desempenho de receita líquida ainda moderado, mas melhorando a rentabilidade em ajustes comerciais e maior penetração de serviços”, avaliou, após a publicação, a equipe de análise da XP.
A varejista vem avançando com o seu marketplace, que se tornou o foco da empresa. Nele, a ideia é oferecer uma gama variada de serviços aos lojistas parceiros, o que aumenta a lucratividade.
“Pelo segundo trimestre consecutivo, Magalu apresentou uma margem Ebitda ajustada acima do patamar de 7,0% e lucro líquido − vale destacar que o 1º trimestre do ano não costuma ser um período que traz grande alavancagem operacional para o setor e, ainda assim, a companhia tem mostrado a sua racionalidade em se manter rentável e a sua capacidade em repassar preço”, apontou a Genial.
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Já para o Grupo Casas Bahia — que passa por uma reestruturação operacional e financeira, que conta com fechamento de lojas e descontinuidade de categorias —, a visão mais positiva dos analistas do resultado se deu pelo fato de a empresa ter tido um volume bruto de vendas (GMV, na sigla em inglês) com queda menor na base anual do que aquilo visto no quarto trimestre de 2023.
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Fora isso, o time da XP mencionou que a rentabilidade “tem evoluído sequencialmente”, já que a empresa tem se concentrado em uma estratégia de preços e categorias mais racional, e destacou que a empresa trouxe melhora do seu nível de estoque. As ações da varejista subiram forte após a publicação.
Juros minguam visão positiva dos resultados do Magazine Luiza e Casas Bahia
No entanto, apesar dessas melhorias no operacional, os papéis das duas seguem com queda no ano, sendo que a maior parte do recuo se deu após o começo do segundo trimestre. A recente visão de que os juros no Brasil podem ficar mais altos por mais tempo vem pressionando as ações, apesar dos avanços operacionais destacados.
No começo do começo do ano, a perspectiva de que os Estados Unidos poderia não cortar os juros em 2024 no nível esperado anteriormente, com a inflação ainda persistindo e a economia mais forte do que o esperado, pesou nas expectativas para o recuo da taxa básica (Selic) no Brasil. O Banco Central olha para fora para tomar as decisões internas.
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Fora isso, apesar de o cenário por lá ter melhorado recentemente, questões fiscais brasileiras, como a revisão da meta de superávit para 2025, também passaram a impulsionar as taxas brasileiras, principalmente na parte longa da curva.
“O que está acontecendo é que tínhamos um cenário para o final do ano de juros de um dígito e já se fala em juros de dois dígitos. Obviamente que isso desacelera as expectativas e torna o cenário menos favorável para bens duráveis, porque eles dependem fundamentalmente de crédito”, explica Alberto Serrentino, CEO da consultoria Varese, especialista em varejo.
Victor Bueno, analista da Nord, explica que juros mais altos criam a expectativa de que o consumo será menor. Fora isso, as duas varejistas, que estão em momentos de alavancagem considerável (a Casas Bahia mais do que o Magazine Luiza, vide toda sua reestruturação), acabam sofrendo também do lado dos gastos financeiros.
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“Por enquanto, a gente não enxerga uma oportunidade em nenhuma das duas empresas; Obviamente que se houver um cenário interno melhor, principalmente relacionados aos juros, isso pode acabar impulsionando de uma forma mais expressiva os resultados e podemos até repensar nessa nossa decisão”, fala. “Mas, no momento, com projeção de juros em patamar acima de 10% e de olho na alavancagem ainda bastante levada das duas, a gente não enxerga a oportunidade nenhuma das duas empresas”.
Atualmente, de acordo com dados da LSEG, as ações ordinárias do Magazine Luiza tem apenas uma recomendação de compra, nove neutras e uma de venda, com preço-alvo médio em R$ 2,50 . As do Grupo Casas Bahia tem cinco neutras e quatro de venda, com preço-alvo médio em R$ 8.