“Bets” afetam renda e mudam consumo até para um dos setores mais resilientes da B3

Executivos de empresas de telefonia apontaram em evento recente que os sites de apostas esportivas têm sido o maior concorrente pelo bolso do consumidor de menor renda

Equipe InfoMoney

(Joédson Alves/Agência Brasil)
(Joédson Alves/Agência Brasil)

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Estampadas nas camisas de jogadores de futebol e ganhando cada vez mais espaço nas propagandas de televisão, as chamadas empresas de “bets” (apostas esportivas online) trazem mudanças nos hábitos dos brasileiros – também afetando o consumo em segmentos até então vistos como impactados.

Se as varejistas já eram apontadas como bastante afetadas pelo aumento das apostas online por parte da população, agora até setores mais resilientes, como de teles, observam mudanças de seus clientes com parte da renda indo para as bets.

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Em declaração durante um debate sobre o setor de internet móvel no evento Teletime TEC na última semana, as empresas de telefonia e internet Claro e TIM (TIMS3) apontaram que os sites de apostas esportivas têm sido o maior concorrente pelo bolso do consumidor de menor renda. Em geral, as teles têm tido dificuldade de ampliar o faturamento com clientes de planos pré-pagos – que fazem recargas periódicas.

“A ‘bet’ é o principal competidor nesse momento. Não sei o quanto isso será danoso no longo prazo. São pessoas de baixa renda, com dificuldade de manter suas necessidades básicas, apostando de maneira muito simples”, afirmou o presidente da Claro, Paulo César Teixeira.

O diretor de marketing da TIM, Paulo Esperandio, concordou com a colocação do presidente da Claro. “No pré-pago, temos um grande desafio, porque consumo é mais elástico (isto é, a demanda pelo serviço varia bastante de acordo com a disponibilidade de renda). E é gradativa a competição pela participação na carteira dos clientes. Nesse sentido, as ‘bets’ geram mais competição”, apontou.

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A TIM está monitorando os efeitos colaterais gerado pelo crescimento do mercado das ‘bets’, que também tem gerado reclamação de varejistas, acrescentou Esperandio.

Em relação ao varejo, na última semana a SBVC (Associação Brasileira de Varejo e Consumo) divulgou um estudo sobre as implicações do crescimento exponencial das apostas esportivas para os varejistas brasileiros.

Entre os principais destaques, conforme aponta a XP, estão: 64% dos que apostam online no Brasil utilizam sua principal fonte de renda para apostar; 63% dos que apostam no Brasil afirmam que teve parte de sua renda comprometida com apostas online e, em termos de implicações para o consumo, 23%, 19% e 14% dos que apostam online afirmam que se abstiveram de comprar vestuário, alimentos/mercadorias e produtos de higiene pessoal, respectivamente.

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Quanto menor a idade do apostador, mais forte é o impacto no consumo, sendo que mais de metade dos jogadores online apostam pelo menos uma vez por semana.

“A pesquisa da SBVC reforça a nossa opinião de que as plataformas de apostas online estão ganhando parte da carteira dos consumidores com baixos rendimentos, embora o aumento da tributação possa tornar as apostas marginalmente menos atrativas”, avalia a XP.

No começo do ano, a equipe de análise da casa havia feito um mapeamento do mercado de apostas brasileiro, mostrando que os gastos mensais poderiam chegar a cerca de 20% do orçamento discricionário das famílias de baixa renda e ainda é um mercado com crescimento exponencial.

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(com Estadão Conteúdo)