Bens de capital: estrangeiro se preocupa com Brasil, mas aposta em Marcopolo e Randon

Embora haja preocupação com o macro no Brasil, a avaliação é que essas empresas estão com descontos considerados elevados

Ana Paula Ribeiro

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As ações da Marcopolo (POMO4) e a Randon (RAPT4) são vistas como as preferidas de investidores estrangeiros dentro do segmento de bens de capital no Brasil. Segundo relatório da XP Investimentos, embora haja uma preocupação com o cenário macroeconômico no Brasil, a avaliação é que essas empresas estão com descontos considerados elevados.

Em visita a investidores nos Estados Unidos, a percepção é que essas duas empresas podem se sobressair apesar de serem nomes expostos ao mercado doméstico.

“A piora do ambiente macro no Brasil foi uma preocupação consensual durante nossas reuniões, principalmente por conta dos riscos fiscais. No entanto, apesar do perfil doméstico de Marcopolo e da Randon, os níveis de valuation altamente descontados de ambas as empresas chamaram a atenção dos investidores, com uma narrativa micro promissora potencialmente levando a reavaliação dos múltiplos”, disseram, em relatório.

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No ano, as ações da Random acumulam desvalorização de 19,1% e as da Marcopolo sobem 3,4%.

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Outro nome destacado pelos investidores na reunião com os representantes da XP foi o da WEG (WEGE3), que pode ter as receitas beneficiadas pela recente desvalorização do real e o aumento da demanda por tecnologias atreladas à inteligência artificial e data centers, o que pode levar a mais investimentos em energia.

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“A WEG foi o nome que vimos os investidores mais otimistas, com os preços das ações sugerindo potencial de queda limitado, com altos níveis de valuation atuais sustentados por uma melhor percepção de crescimento dos lucros olhando para frente.”

No acumulado do ano até o momento, os papéis da WEG registram valorização de 12,6%.


Aquisição da Suzano

Se há otimismo com essas empresas, o mesmo não pode ser dito em relação à Suzano (SUZB3). Os investidores reconhecem que a demanda está melhor que o esperado e que isso deve manter os preços da celulose em patamar mais sólido. No entanto, a negociação com a International Paper, e o efeito dessa aquisição no balanço da empresa, é vista com cautela.

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“Vimos os investidores tendendo a uma leitura mais negativa caso a empresa faça uma oferta de US$ 19 bilhões ou mais pelos ativos da International Paper, dadas as preocupações de alavancagem que tal desembolso de caixa implicaria e a falta de sinergias claras a serem capturadas se o negócio for assinado”, explicaram, em relatório.

Os papéis da Suzano registram queda de 11,8% no ano, com o desempenho negativo ganhando força a partir de 6 de maio, quando foi anunciado a negociação com a International Paper.


Já a Vale (VALE3) foi citada nesse encontro como uma empresa barata (múltiplo EV/Ebitda abaixo de 4 vezes), mas as preocupações com o setor imobiliário na China tiveram um peso maior. As ações da mineradora caem 20,8% neste ano.

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“Com o setor imobiliário na China ainda não mostrando sinais claros de estabilização, preocupações com potenciais quedas dos preços do minério de ferro nos próximos meses moderaram o otimismo dos investidores (com a Vale).”

A XP esperava um maior otimismo em relação à Embraer (EMBR3), mas os investidores afirmaram esperar um potencial de valorização limitada para a fabricante de aeronaves. As ações da empresa sobem 69,8% em 2024 até o momento.