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O corte do Banco Central Europeu (BCE) de 0,25 ponto percentual (pp) na taxa de juros era amplamente esperado pelo mercado. Mas há discussões sobre os próximos passos da autoridade monetária da zona do euro, já que há expectativa de inflação um pouco mais alta à frente.
Para Francisco Nobre, economista da XP, que participou nesta sexta (13) do Morning Call da XP, este segundo corte promovido pelo BCE, que havia começado o ciclo de flexibilização em junho, depois manteve a taxa na reunião de julho, e agora reduziu novamente os juros, pode significar que eles pretendem ditar o ritmo de afrouxamento monetário em períodos trimestrais.
Inflação cedeu bem
“A inflação lá já cedeu bastante. A inflação chegou acima de 10% e agora está próximo de 2%”, disse. “De forma geral, a política monetária tem que ficar contracionista por mais algum tempo, mas a inflação já cedeu bastante e, assim, se consegue ir ajustando o nível de restrição”, explicou.
A próxima reunião do BCE para discutir a taxa de juros é em outubro. “O mercado está bem dividido se cortam de novo ou se vão pular. A nossa visão é que deve pular e cortar só em dezembro por alguns motivos”, comentou.
Para Nobre, a próxima reunião é já daqui a cinco semanas, o que dá menos tempo de se avaliar se é ou não apropriado fazer mais um corte de juros na zona do euro. Em segundo lugar refere-se à divulgação pelo Banco Central nesta quinta (12) da revisão das projeções do PIB e da inflação.
Pressão de serviços
“Olhando para o núcleo de inflação, a projeção deles ficou um pouco otimista. Subiram a média do ano de 2,8% para 2,9%, mas considerando as surpresas altistas que a gente vê em serviços, é mais provável que acabe o ano com a média de 3%”, ressaltou.
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“O BCE está avaliando três métricas principais (para definir os cortes futuros de juros): crescimento salarial, crescimento de produtividade e inflação de serviços”, disse.
“É bem provável que as próximas leituras vão surpreender o Banco Central Europeu”, afirmou. “Mas há espaço para cortar (juros) de forma gradual, porém com cautela”, acrescentou.
Segundo o economista da XP, a taxa terminal dos juros na zona do euro deve ficar em 2,25%, portanto, há espaço ainda para corte de 1,25% – hoje, a taxa está em 3,5%.