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SÃO PAULO – Com um ano morno para suas ações na comparação com o Ibovespa, os bancos engatam fortes ganhos desde a sessão da última quinta-feira (5), após a fala de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central.
Durante conferência “Agenda do Brasil para Crescimento Econômico e Desenvolvimento”, promovida pelo Council of the Americas (COA) na manhã de quinta-feira, Campos Neto destacou o alto volume de compulsórios, atualmente em torno de R$ 400 bilhões, dando indicações de que haverá a redução da taxa de compulsórios.
Os compulsórios correspondem à parcela dos depósitos que as instituições financeiras precisam, obrigatoriamente, recolher no Banco Central. Essa é uma das ferramentas da autoridade monetária para regular a quantidade de dinheiro em circulação na economia. Por meio do compulsório, o BC garante que os juros das instituições financeiras estejam alinhados com a taxa Selic, juros básicos da economia. Ao reduzir a alíquota, a autoridade monetária libera mais recursos para serem emprestados.
Em junho, a autoridade monetária já havia reduzido a alíquota sobre o depósito a prazo, liberando R$ 16,1 bilhões no sistema financeiro.
Essa medida vai em linha com as falas recorrentes do ministro da Economia, Paulo Guedes, que aponta que o BC deve seguir reduzindo a alíquota de recolhimento de depósitos compulsórios em mais de R$ 100 bilhões.
De acordo com análise do Credit Suisse, essa medida seria consistente com o ambiente de menor taxa de juros e com as intenções do Banco Central de gradualmente reduzir as distorções do sistema bancário brasileiro e reduzir os spreads (a diferença entre o que as instituições pagam para captar dinheiro e o que cobram quando o emprestam) de crédito.
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Além disso, apontam os analistas Marcelo Telles, Otavio Tanganelli e Alonso Garcia, como a liquidez não é um problema para os bancos, a redução do compulsório é positiva para o setor, permitindo flexibilidade na alocação do capital e maior crescimento de crédito.
Os analistas, contudo, fazem uma ponderação: para ter menor spread e crescimento de crédito, a redução do compulsório teria que ocorrer para depósitos à vista e poupança (não remunerados e parcialmente remunerados, respectivamente) – e não apenas para depósitos a prazo.
Conforme dados do BC citados pelo Credit, existem R$ 451 bilhões em depósitos compulsórios no sistema financeiro brasileiro, R$ 41 bilhões não remunerados (21% para depósitos à vista), R$ 160 bilhões parcialmente remunerados (20% para depósitos de poupança, remunerados a 70% da taxa Selic) e R$ 250 bilhões remunerados a 100% da taxa Selic (21% para depósitos a prazo).
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No ano passado, o BC reduziu as reservas compulsórias de 25% para 21% em depósitos à vista, de 25% a 20% para depósitos de poupança e de 36% a 33% para depósitos a prazo (em junho, houve a nova redução para 31%).
Os analistas do Credit ainda fizeram uma análise do possível impacto da redução dos spreads dos quatro maiores bancos brasileiros de capital aberto do Brasil: o Banco do Brasil (BBAS3), Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC3;BBDC4) e Santander Brasil (SANB11).
De acordo com as estimativas do banco, em um cenário em que todos os compulsórios (21% para depósitos à vista e 20% para depósitos de poupança) são suspensos e investidos à taxa Selic, o impacto positivo em média equivaleria a cerca de 3% do lucro antes de impostos para 2020 para o bancos de grande capitalização.
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Mais especificamente, alta nos lucros de 4,6% para o BB, de 3,1% para o Itaú, de 1,9% para o Santander e de 1,8% para o Bradesco.
“Isso, no entanto, é um exercício teórico, pois esses ganhos potenciais permitiriam aos bancos reduzir os spreads de crédito, aumentando a demanda por ele. Em conjunto, os spreads de crédito podem ser reduzido em até 19 pontos-base para os bancos de nossa cobertura se os compulsórios fossem suspensos e totalmente repassado aos clientes”, aponta a equipe de análise.
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