BBDC4: Por que o Itaú BBA recomenda compra para a ação do Bradesco após balanço

Estrategistas destacam uma recuperação gradual da rentabilidade, com foco em prudência e uma estratégia de diversificação para 2025

Murilo Melo

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O Itaú BBA reiterou sua recomendação de compra para o Bradesco (BBDC4) após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre de 2024 (3T24), destacando a postura conservadora do banco em meio a um cenário de crédito desafiador para o próximo ano.

A instituição diz que vê potencial de valorização no Bradesco, impulsionado por uma recuperação gradual da rentabilidade e por novas estratégias focadas em clientes de alta renda e no setor de saúde. Os analistas afirmam ainda que o mercado vê o Bradesco como um investimento atrativo a longo prazo, mesmo com as revisões.

Com um preço-alvo de R$ 17 para o final de 2025, os analistas do Itaú BBA consideram que o Bradesco está posicionado para capturar crescimento com segurança, mesmo em um contexto econômico incerto.

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Segundo os estrategistas, o balanço financeiro do banco, com projeções e expectativas de lucro, indica uma recuperação de longo prazo mais moderada. O banco sinalizou que o ritmo de crescimento será guiado por prudência e ajuste de capital, apostando em segmentos menos arriscados para enfrentar um cenário de crédito potencialmente mais desafiador no próximo ano.

De acordo com analistas, a instituição segue otimista quanto ao futuro, mas o desempenho da margem financeira líquida (NII) ainda está abaixo das expectativas do mercado, com o banco buscando clientes de alta renda e priorizando linhas de crédito respaldadas pelo governo para pequenas e médias empresas (PMEs). Essa estratégia, diz o BBA, visa mitigar riscos, dada a previsão de um ambiente econômico com incertezas para 2025, especialmente em relação a juros mais altos e possível pressão sobre o crédito ao consumidor.

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Desempenho dos indicadores financeiros e redução de risco

Em relatório, os especialistas apontam que os resultados do 3T24 do Bradesco indicaram um desempenho aquém das projeções em margens de crédito, devido aos custos de captação mais elevados e à concorrência no setor, especialmente em produtos como crédito consignado e financiamentos imobiliários.

O banco revisou suas estimativas para 2025, projetando um crescimento de 13% no NII total, uma leve desaceleração frente aos 32% de recuperação em 2024. Além disso, a previsão é de que o custo de risco aumente moderadamente.

No entanto, o BBA observa que o Bradesco optou por manter uma postura conservadora, priorizando um portfólio menos suscetível a inadimplências. Em termos de indicadores de cobertura de provisões, o banco reportou um índice de 170%, ligeiramente abaixo de seu patamar histórico, o que reforça a decisão de focar em um portfólio com menos volatilidade.

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Outro destaque que os analistas trazem no relatório é o capital principal (Core Tier 1) de 11,2%, que, apesar de abaixo da média, é considerado adequado para enfrentar os desafios econômicos e regulatórios previstos.

Estratégia de prudência em meio às incertezas de 2025

Com a atual estabilidade macroeconômica favorecendo o consumo, o Bradesco poderia aumentar o volume de empréstimos em linhas de maior risco para impulsionar resultados de curto prazo, segundo o BBA. No entanto, a perspectiva de um cenário de crédito menos favorável no próximo ano levou o banco a uma abordagem mais cautelosa, que tem sido bem-recebida pelo mercado, dizem os analistas.

Em paralelo, o Bradesco iniciou um processo de diversificação de receitas com o lançamento de seu novo segmento de alta renda, denominado Principal, e aquisições adicionais na área de saúde, reforçando o movimento para um portfólio mais diversificado.

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Essa política de contenção, especialmente ao não acelerar empréstimos de maior risco, pode ajudar a sustentar a credibilidade do banco em caso de um eventual endurecimento das condições econômicas em 2025, quando se espera um ciclo mais longo de altas taxas de juros, de acordo com o BBA.

Expectativa de rentabilidade

Para 2025, o Bradesco estima uma taxa de crescimento do lucro líquido ajustado para cerca de R$ 23,9 bilhões, o que representaria um retorno sobre o patrimônio (ROE) de 14%, mantendo uma recuperação gradual do índice, com metas de 14% a 15% no segundo semestre de 2025, conforme balanço trimestral do banco.

A trajetória de recuperação também projeta margens financeiras ajustadas ao risco com uma expansão de 30 pontos-base em 2025, embora ainda aquém da média dos últimos cinco anos. A ação BBDC4 está sendo negociada a 0,85 x seu valor patrimonial (P/B) e a 6x seu lucro esperado para 2025, níveis considerados justos para o cenário atual.