BBA rebaixa Yduqs e Cogna para neutro e mantém compra para Ânima

Projeções de lucros foram substancialmente revistas para baixo, refletindo uma combinação de volumes de matrículas mais fracos do que o esperado e pressões financeiras

Felipe Moreira

Fachada da Estácio, uma das empresas da Yduqs (Divulgação)
Fachada da Estácio, uma das empresas da Yduqs (Divulgação)

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Apesar da confiança no potencial de longo prazo do setor de educação, o Itaú BBA adotou uma postura mais cautelosa sobre Yduqs (YDUQ3) e Cogna (COGN3), rebaixando ambas de outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para market perform (desempenho igual a média do mercado, equivalente à neutro). A decisão foi motivada pela maior exposição de ambas ao ensino a distância – cuja rentabilidade no médio prazo permanece incerta devido a possíveis mudanças regulatórias – e pelos múltiplos de Preço/Lucro relativamente mais elevados.

O preço-alvo de Cogna passou de R$ 3 para R$ 1,50, enquanto a meta de preço da Yduq caiu de R$ 20 para R$ 11. Às 10h25 (horário de Brasília), COGN3 caía 2,19% (R$ 1,34) e YDUQ3 tinha baixa de 2,70% (R$ 9), mas fecharam com ganhos respectivos de 2,19% e 3,24%, seguindo o dia positivo do mercado brasileiro como um todo.

Segundo relatório, as projeções de lucros foram substancialmente revistas para baixo, refletindo uma combinação de volumes de matrículas mais fracos do que o esperado e pressões financeiras.

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O BBA pontua que o otimismo inicial em torno do ensino a distância como uma solução acessível para populações carentes não foi sustentado devido a dificuldades em justificar os elevados custos de aquisição de clientes (CAC), com os números de matrículas ficando abaixo das expectativas em 2024.

De acordo com o banco, esse cenário impactou a perspectiva de crescimento para 2025, criando um ponto de partida mais fraco para o desempenho da receita. Além disso, as altas taxas de alavancagem no setor agravaram o impacto do aumento das taxas de juros, deixando o fluxo de caixa livre (FCF) sob pressão.

Ânima (ANIM3)

Por outro lado, o banco manteve recomendação equivalente à compra para Ânima (ANIM3), devido a melhores dinâmicas de preços e FCF desde o segundo semestre de 2023. As ações fecharam com fortes ganhos de 7,57%.

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Apesar dos desafios impostos pelo aumento das taxas de juros, que naturalmente pressionam os lucros neste ano, a companhia está sendo negociada com uma avaliação descontada em comparação aos seus concorrentes (com um P/L de 4,8 vezes em 2025, enquanto COGN3 e YDUQ3 estão sendo negociadas a 8,4 vezes e 7,3 vezes, respectivamente).

Cruzeiro do Sul (CSED3)

O BBA manteve recomendação de compra para Cruzeiro do Sul, mas o preço-alvo foi reduzido de R$ 6,00 para R$ 4,50, pois a companhia possui um o portfólio de cursos de alta qualidade, que tem consistentemente apresentado bons resultados nos últimos trimestres.

Além disso, o banco projeta que a empresa registre algum crescimento na receita líquida devido a taxas de renovação mais altas e ao aumento dos preços das mensalidades para alunos veteranos. Com isso, a previsão para a receita líquida consolidada em 2025 é de R$ 2,974 bilhões, representando um aumento de 9% na comparação anual.

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Em termos de rentabilidade, o crescimento mais forte nos cursos de ensino a distância, combinado com uma exposição crescente aos cursos de graduação em medicina, deve resultar em um melhor mix de cursos e levar a uma maior margem bruta.

Ser Educação (SEER3)

Com um crescimento anual mais modesto nos volumes de matrículas da Ser em 2025, tanto nos segmentos presencial quanto de ensino a distância, devido ao ambiente competitivo intenso, o BBA manteve recomendação neutra e o preço-alvo caiu de R$ 8 para R$ 5.

Por outro lado, o banco acredita que a empresa conseguirá implementar alguns aumentos de preços, apoiados pelo programa Ser Solidário. Além disso, analistas projetam uma melhora no mix de cursos, impulsionada por uma maior exposição ao segmento de escolas de medicina. No geral, o banco prevê uma receita líquida consolidada de R$ 2,114 bilhões em 2025, representando um aumento anual de 7%.

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Vitru (VTRU3)

Apesar do ambiente cada vez mais desafiador para o crescimento na indústria de ensino a distância, o banco prevê que a empresa registre um crescimento de 10% nas matrículas ano a ano, principalmente devido à maturação dos polos de ensino a distância recentemente abertos.

Além disso, a empresa observou um aumento na proporção de cursos com mensalidades mais altas (como engenharia e cursos relacionados à área de saúde), o que deve resultar em um melhor mix de cursos e sustentar um preço médio de mensalidade mais elevado. Analistas estimam uma receita líquida consolidada de R$ 2,263 bilhões em 2025, representando um crescimento anual de 7%.

O BBA manteve recomendação de compra, com preço-alvo caindo de R$ 18 para R$ 12.

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Possíveis saídas para setor de educação

Olhando para o futuro, analitas mencionaram que regulamentações mais rígidas poderiam consolidar o mercado, elevando as barreiras de entrada para menores concorrentes, permitindo que as empresas listadas com infraestrutura estabelecida capturem uma fatia maior de mercado.

Além disso, segundo o BBA, a consolidação por meio de fusões e aquisições oferece oportunidades para gerar sinergias de custo e melhorar o poder de precificação, ajudando a mitigar as pressões sobre as margens.