BBA: mercados da América Latina têm avaliações atrativas, mas carecem de gatilhos

Analista destaca que os gatilhos para uma valorização das ações brasileiras podem vir de uma mudança no ciclo macroeconômico

Felipe Moreira

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O Itaú BBA destacou os principais temas da reunião com Jean Van de Walle, CIO da Sycamore Capital e grande especialista em Mercados Emergentes, incluindo o cenário global atual para ações, as perspectivas para Mercados Emergentes e o papel da América Latina na visão dos investidores desse segmento.


Na América Latina, Van de Walle observa que a região negocia a múltiplos baixos, mas precisa de catalisadores para entregar retornos. Ele mantém uma visão positiva para o Chile, antecipando uma possível mudança no ciclo macroeconômico ainda este ano.


No caso do Brasil, ele vê as avaliações como atrativas, mas destaca que os gatilhos para uma valorização podem vir de uma mudança no ciclo macroeconômico, embora haja baixa visibilidade disso no curto prazo.


Para a Argentina, Jean reconhece um bom potencial estrutural no setor de shale oil (em linha com nossa visão sobre a Vista), mas teme que a moeda tenha se valorizado excessivamente.


Já o México enfrenta um cenário mais desafiador, sendo mais sensível às decisões da administração dos EUA.

Cenário global


Van de Walle vê o ambiente de ações globais atualmente como um mercado volátil dentro de uma faixa de negociação, com múltiplos de avaliação elevados em comparação com a média histórica (indicando baixos retornos esperados no futuro, segundo a métrica CAPE).

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Sobre o dólar, ele acredita que, no curto prazo, tarifas e políticas fiscais têm impulsionado um dólar mais forte globalmente. No entanto, no médio prazo, há espaço para um dólar mais fraco, o que poderia beneficiar os Mercados Emergentes.

As ações dos EUA estão sobrevalorizadas?


Van de Walle argumentou que, historicamente, avaliações mais altas tendem a gerar retornos mais baixos. No entanto, segundo ele, a atual dinâmica de fluxos financeiros favorece as ações dos EUA em detrimento do mercado de títulos, o que pode sustentar os níveis atuais no curto prazo.

Ele também acredita que pode haver uma rotação dentro do mercado acionário, com saída das ações das “Sete Magníficas” para outros setores, incluindo ações de valor e Small Caps (ações de empresas com menor capitalização de mercado).