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O Banco do Brasil (BBAS3) reconhece que há uma pressão na carteira de crédito proveniente do segmento de pessoa jurídica e do agronegócio, mas que a inadimplência seguirá em um nível saudável e as provisões para devedores duvidosos irão caminhar para a projeção estipulada para o ano.
“A precificação do banco ainda não reflete o fato de estarmos entre as instituições mais rentáveis do país. As ações tiveram uma valorização de 75% no ano passado, mas consideramos que o nosso valuation ainda está distante do que deveria ser”, disse Tarciana Medeiros, presidente do BB, durante coletiva com a imprensa para o detalhamento dos resultados do primeiro trimestre.
O aumento das provisões, assim como o aumento da inadimplência na carteira agro e de pessoas jurídicas, foi um dos pontos que chamou a atenção dos analistas.
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As provisões do BB totalizaram R$ 8,5 bilhões no primeiro trimestre, um crescimento de 45,9%. Se esse ritmo for mantido, essa despesa ficaria acima do projetado para o ano, que é entre R$ 27 bilhões e R$ 30 bilhões.
No mesmo período, a taxa de inadimplência (atrasos acima de 90 dias) ficou em 2,9%, ante 2,62% em igual período do ano passado. Esse aumento se deu devido ao maior índice de atrasos no segmento agro e de pessoas jurídicas.
O vice-presidente de Finanças do BB, Marco Geovanne Tobias, afirmou que a elevação da inadimplência da carteira do agronegócio está sendo monitorada e está atrelada a um grupo de produtores de soja. A taxa de inadimplência dessa carteira chegou a 1,19% no primeiro trimestre, ante 0,59% em igual período do ano passado e 0,96% do quarto trimestre.
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“A gente entende que temos provisão suficiente para cobrir o risco dessa carteira. A inadimplência que está sendo observada é um caso específico de produtos de soja. Por conta da variação da commodity, alguns atrasaram, mas temos monitorado para manter a inadimplência sob controle”, disse durante coletiva a imprensa dos resultados do primeiro trimestre.
De acordo com o BB, os produtores elevaram a estocagem do produto, esperando a elevação dos preços. No entanto, terão que honrar as operações para ter o financiamento da safra de 2024/2025.
Já em relação a pessoa jurídica, a expectativa é de uma queda nas linhas destinadas a pequenas e médias empresas e, no caso das grandes, o aumento da inadimplência e provisões estão relacionados a Casas Bahia, que anunciou uma recuperação extrajudicial.
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“A gente viu uma estabilização na gestão de risco da pessoa física. Começamos a ficar um pouco mais pressionados em virtude de créditos a empresas, com algumas inferindo em recuperação judicial ou extrajudicial, e a PME que está um pouco mais desafiador”, explicou, acrescentando que o banco tem provisões para lidar com esse período de deterioração.
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Apesar dessa pressão, ele afirmou que está confiante na entrega das provisões e dos demais guidances. Além disso, afirmou que o “payout” (pagamento de dividendos em relação ao lucro) do banco, que foi elevado de 40% para 45% em fevereiro.
O guidance (projeção) do banco para lucro ajustado é uma faixa entre R$ 37 bilhões a R$ 40 bilhões – foi de R$ 35,6 bilhões em 2023.
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“Embora muitos analistas não acreditem, os nossos números do primeiro trimestre mostram que podemos entregar um ‘high single digit’ [um dígito alto]”, disse.
Rio Grande do Sul
Medeiros informou que o banco ainda não tem a estimativa dos impactos das enchentes que atingem o Rio Grande do Sul, estado que representa 4% da carteira total do banco e 6% da carteira agro.
“É algo que nunca lidamos. O país nunca lidou. É uma tragédia sem precedentes. Não é algo que nesse instante tem uma relação só com o banco. É todo um ciclo econômico de uma região inteira e os impactos no país”, disse.
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Para a executiva, além de atender à região, é importante buscar ações estruturantes porque eventos como esse devem ficar mais recorrentes. “Precisamos ver como estaremos preparados para lidar com as intempéries climáticas daqui em diante.”
O banco anunciou nesta terça-feira mais R$ 50 milhões para apoiar os atingidos pelas enchentes. Esses recursos serão direcionados pela Fundação BB. Anteriormente, o BB já tinha anunciado R$ 5 milhões em doações e outros R$ 4 milhões que foram arrecadados pela fundação.
“Estamos direcionando mais R$ 50 milhões. Mas as nossas ações vão além das doações, envolve apoio humanitário e apoio negociais aos clientes”, disse, durante coletiva para a divulgação dos resultados do primeiro trimestre.
Entre as flexibilizações já anunciadas, estão o atendimento priorizado da BB Seguros, maiores carências, renegociação de dívidas com taxas diferenciadas e suspensão das ações de cobrança, entre outras medidas.
O BB tem 350 pontos de atendimento no Rio Grande do Sul. Cerca de um terço do total foi afetado pelas enchentes, o que inclui as agências que estão em regiões sem fornececimento de energia.