Bankman-Fried pede desculpas aos funcionários da FTX e detalha o valor da alavancagem

Ele não falou sobre a apropriação indevida de fundos de clientes ou outros temas espinhosos

CoinDesk

CEO da FTX, Sam Bankman-Fried (Alex Wong/Getty Images)
CEO da FTX, Sam Bankman-Fried (Alex Wong/Getty Images)

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O fundador e ex-CEO da FTX, Sam Bankman-Fried, disse em carta enviada na terça-feira (22) aos funcionários que “congelou diante da pressão” gerada pelo colapaso de sua antiga exchange.

No documento, compartilhado internamente no Slack (programa de mensagens) da empresa e obtido pelo CoinDesk, Bankman-Fried falou que sentia “profundamente o que aconteceu” e que sabia o significado da quebra do negócio para os colaboradores da firma.

Ele não abordou as alegações de que a FTX desviou fundos de clientes e empresas para sustentar a Alameda Research (empresa-irmã da exchange), as revelações de que a Alameda tinha uma isenção do processo normal de liquidação da FTX ou as declarações de que a Alameda havia emprestado fundos a funcionários da FTX, incluindo ele próprio.

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“Eu não queria que nada disso tivesse acontecido e daria qualquer coisa para poder voltar e fazer as coisas de novo. Vocês eram minha família”, disse ele. “Eu perdi isso, e nossa antiga casa é um armazém vazio de monitores. Quando me viro, não há mais ninguém com quem conversar.”

“Eu congelei diante da pressão, dos vazamentos e da Binance [da carta de intenção de compra da FTX] e não disse nada”, falou ele.

Bankman-Fried deixou o cargo de CEO da FTX em 11 de novembro, pouco antes de sua empresa declarar falência. Ele não é um funcionário atual da corretora, disse o novo CEO John Ray III depois que Bankman-Fried tuitou vários tópicos e falou com um repórter sobre a empresa. A carta foi postada por um funcionário atual, já que Bankman-Fried não tem mais acesso ao Slack.

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De acordo com Bankman-Fried, a FTX tinha cerca de US$ 60 bilhões em garantias e US$ 2 bilhões em passivos no segundo trimestre, mas uma quebra do mercado significou que o valor da garantia caiu pela metade.

A “secagem” do crédito na indústria cripto fez a garantia da FTX valer cerca de US$ 25 bilhões, embora sua medição de passivo tenha saltado para US$ 8 bilhões.

Outro crash em novembro “levou a outra redução de aproximadamente 50% no valor das garantias em um período muito curto”, que ele avaliou em US$ 17 bilhões na época.

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A corrida de saques, causada pelo que Bankman-Fried chamou de “ataques” em novembro, reduziu outros US$ 8 bilhões em garantias, disse ele.

“Enquanto juntamos tudo freneticamente, ficou claro que a posição era maior do que a exibida (no painel) de administradores/usuários”, disse ele. “Não percebi toda a extensão da posição de margem, nem percebi a magnitude do risco representado por uma queda hipercorrelacionada.”

“Os empréstimos e as vendas secundárias geralmente eram usadas ​​para reinvestir no negócio – incluindo a compra da Binance – e não para grandes quantidades de consumo pessoal”, disse ele.

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Bankman-Fried não abordou as preocupações de que os fundos dos clientes foram enviados da FTX para a Alameda, citadas novamente durante a primeira audiência de falência da empresa na terça-feira.

James Bromley, da Sullivan & Cromwell, que apresentou a situação atual da FTX na audiência de falência em Delaware, nos Estados Unidos, disse que “fundos substanciais parecem ter sido transferidos” para a Alameda de outras empresas dentro do guarda-chuva da FTX.

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“Também houve quantias substanciais de dinheiro que foram gastas em coisas que não estavam relacionadas ao negócio. Por exemplo, um dos devedores dos EUA é uma entidade operada que comprou quase US$ 300 milhões em imóveis nas Bahamas”, disse Bromley. “Com base em investigações preliminares, a maioria dessas compras de imóveis [estava] relacionada a casas e propriedades de férias usadas por executivos seniores”.

Ainda assim, o documento fornece uma visão do pensamento de Bankman-Fried, incluindo sua aparente crença de que ele não deveria ter entrado com o pedido de falência, algo que foi dito por ele pela primeira vez na semana passada a um repórter do site Vox.

A FTX entrou com pedido de falência devido a “uma quantidade extrema de pressão coordenada”, com a qual Bankman-Fried disse ter concordado “com relutância”.

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“Talvez ainda haja uma chance de salvar a empresa”, disse ele na carta. “Acredito que há bilhões de dólares de interesse genuíno de novos investidores que poderiam ser destinados a tornar os clientes completos. Mas não posso prometer que algo acontecerá, porque não é minha escolha.”

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