Bancos garantem melhora do crédito, mas queda menor da Selic pode frear crescimento

Itaú (ITUB4) segue sendo a ação preferida do setor

Ana Paula Ribeiro

Notas de Real (Marcelo Casal Jr / Agencia Brasil)
Notas de Real (Marcelo Casal Jr / Agencia Brasil)

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Os grandes bancos brasileiros devem manter a tendência de melhora da qualidade do crédito. No entanto, a redução do espaço da flexibilização da política monetária deve fazer com que esse a queda da inadimplência se dê de forma mais lenta. O que não muda é a preferência de analistas pelas ações do Itaú (ITUB4), instituição que tem apresentado os melhores resultados.

Após a temporada de divulgação dos balanços, é esperado que o setor acelere o ritmo de concessões. Esse aumento está relacionado a um juro menor do que o praticado no ano passado, facilitando a tomada de empréstimos. Os bancos, no entanto, ressaltaram que esse incremento será feito em linhas com mais garantias e para clientes com menor risco de crédito.

Essa maior seletividade dos bancos tem ajudado no controle da inadimplência. Quedas adicionais, no entanto, podem ficar comprometidas com a Selic terminando o ano acima do que era esperado ao final do primeiro trimestre. O último relatório Focus do BC aponta que economistas esperam a Selic terminando o ano em 10%, ante 9% do esperado no final de março.

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Matheus Nascimento, analista da Levante Corp, avalia que o cenário está menos propício para a redução da inadimplência. Segundo dados do BC, a inadimplência das pessoas físicas era de 5,5% em abril, alta de 0,1 ponto percentual em relação a março e queda de 0,7 ponto em 12 meses. Para pessoas jurídicas, ficou em 3,3%, também alta de 0,1 ponto percentual no mês e, em relação abril de 2023, elevação de 0,6 ponto percentual.

“Considerando o cenário atual, onde os juros estão caindo um pouco menos do que o esperado e há preocupações em relação aos Estados Unidos e à crise no Rio Grande do Sul, é possível que isso leve a uma deterioração na qualidade do crédito”, disse.


Com esse contexto, a preferência do analista é pelas ações do Itaú Unibanco, por ter consigo entregar os melhores resultados qualitativos de crédito e rentabilidade acima de 20%. O preço-alvo para a ação é de R$ 39 e recomendação de compra.

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O Bank of America também tem recomendação de compra para as ações do Itaú, com preço alvo de R$ 40.

“O primeiro trimestre refletiu sólida geração de receitas e controle de custos, o que levou a um melhor índice de eficiência de todos os tempos de 38,3%. A qualidade dos ativos continuou a melhorar desde um pico no terceiro trimestre de 2023”, avaliou a instituição ao justificar a recomendação.

O BTG Pactual também recomenda compra, com preço-alvo de R$ 42, com a expectativa de crescimento do crédito.

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“Um dos principais focos do Itaú em 2024 é garantir que o banco tenha o custo certo para servir no segmento de varejo de baixa renda e migrar todos os clientes “monoproduto” para ‘Super App’, proporcionando serviços bancários completos”, avaliaram.

No ano, o Itaú Unibanco é o banco que registra o desempenho menos negativo. A desvalorização da ação está em 2,36% e, desde a divulgação do balanço, em 1,69%. A título de comparação, no ano, o Ibovespa recua pouco mais de 7%.

Os demais bancos amargam quedas mais expressivas. No caso do Bradesco (BBDC4), a queda é de 23,4%. Do Santander (SANB11), 12,2%. O Banco do Brasil (BBAS3) é o único que registra estabilidade – mas queda de mais de 4% desde a divulgação do balanço.

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O Bradesco é o banco que mais enfrentou dificuldade em controlar a inadimplência, o que se reflete no desempenho das ações e também na recomendação de analistas. O Itaú BBA tem recomendação neutra para o papel, com preço-alvo de R$ 15,50.

“O pior das provisões de crédito pode ter ficado para trás, mas acreditamos que a margem financeira do Bradesco demorará mais tempo a recuperar”, segundo os analistas do Itaú BBA.

Já para a VG Research, essa queda das ações do Bradesco foi excessiva e por isso o banco está com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 13,90. O analista Milton Rabelo completa as recomendações de compra com Banco do Brasil, com R$ 30,60.

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“Naturalmente, cada instituição financeira tem uma dinâmica de resultados, porém é esperado para o setor, de forma geral, um aumento do crédito concedido em relação ao ano passado, quando as condições financeiras estavam ainda mais contracionistas”, avaliou.