Banco do Brasil (BBAS3): resultados e dividendos robustos, mas por que ações fecharam em queda de mais de 4%?

Analistas destacam que número ficou abaixo do esperado principalmente por conta da provisão de Americanas, mas reiteram visão positiva

Lara Rizério

Banco do Brasil
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Ainda que fortes, resultados abaixo do esperado.

Essa é uma das explicações para a queda das ações do Banco do Brasil (BBAS3) na sessão pós-resultados desta quinta-feira (9), com o ativo fechando em baixa de 4,18%, a R$ 49,51 (também seguindo a piora do mercado no geral).

Contudo, analistas seguem com expectativas positivas para o banco, que também anunciou um pagamento robusto de proventos, no valor total de R$ 2,25 bilhões.

O BB reportou lucro líquido recorrente de R$ 8,8 bilhões no 3T23 (estável no trimestre, mas 4,5% maior no comparativo anual), 2,2% abaixo do consenso da Bloomberg.

Em termos de rentabilidade, o ROE (retorno sobre o patrimônio) ficou em 21,3%, ligeiramente abaixo do esperado pelo Bradesco BBI de 21,5% e estável em relação ao 2T23. O número ligeiramente abaixo do previsto foi atribuído principalmente a maiores despesas de provisão (5,3% acima do esperado), devido a R$ 507 milhões em provisões adicionais relacionadas a um cliente corporativo específico de grande porte (Americanas, AMER3), o que também levou a uma deterioração de 0,10 ponto percentual (p.p.) na inadimplência total.

“Não fosse esse caso específico, a inadimplência teria melhorado 0,1 ponto percentual em termos trimestrais, com uma melhoria significativa na qualidade dos ativos individuais (recuo de 0,3 ponto em termos trimestrais)”, avalia o BBI.

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Excluindo a provisão adicional, o lucro líquido teria sido de R$ 9,2 bilhões (altas de 4,7% no trimestre e de 9,5% em base anual).

Enquanto isso, aponta, a margem financeira registrou um desempenho ainda forte (em linha com o esperado), com despesas operacionais controladas (em linha com a expectativa) e receitas de comissões positivas (2,6% acima do esperado).

“O banco também reiterou sua orientação para 2023, com lucro líquido recorrente entre R$ 33 e 37 bilhões, onde esperamos provisões na extremidade superior da orientação de R$ 23 a 27 bilhões, compensadas pelo crescimento da margem financeira em base anual também na extremidade superior da faixa, entre 22% e 26%, embora observemos que a receita de tarifas e as despesas operacionais estão próximas do ponto médio das faixas de orientação”, avalia o BBI. Os analistas da casa mantêm a sua estimativa de lucro líquido recorrente para 2023 em R$ 35,5 bilhões.

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Para a Levante Corp, apesar do trimestre apresentar resultados abaixo do esperado, o banco estatal continua com uma robusta margem financeira bruta e um sólido crescimento da carteira de crédito. “No entanto, alguns pontos de atenção, como a evolução da inadimplência, merecem acompanhamento, particularmente no curto prazo. O Banco do Brasil mantém um foco direcionado na expansão da carteira de crédito, especialmente no segmento de agronegócio, como principal via de crescimento para a companhia”, afirma.

Já para o BBI, o BB apresentou fortes tendências no 3T23, com crescimento ainda robusto da margem financeira (acima de 20% em base anual) e melhoria significativa na qualidade dos ativos de pessoas físicas, o que pode apontar para uma potencial aceleração gradual no segmento.

“É digno de nota que reconhecemos que a inadimplência corporativa se deteriorou mesmo excluindo os impactos do caso específico, mas principalmente devido às PME (pequenas e médias empresas), e destacamos que permanece abaixo da média histórica e deve normalizar gradualmente para níveis pré-pandemia. Finalmente, os spreads registraram números sólidos, enquanto as despesas operacionais foram controladas”, avalia, mantendo recomendação de compra para o papel.

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A XP também reitera recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 61 para o ativo ao final de 2024, destacando a ação como bastante descontada.

Para os analistas da casa, o forte desempenho comercial do banco e o crescimento da carteira de crédito (+10% ano a ano) tiveram um impacto positivo no NII, ou margem financeira (+21,1% frente o 3T22).

“O BBAS apresentou resultados consistentes em praticamente todas as linhas, incluindo na qualidade do crédito, com um índice de inadimplência acima de  90 dias confortável e estável de 2,81% (em comparação com 3,5% para as companhias do setor financeiro)”, aponta a XP.

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Além disso, apesar do aumento das provisões (+66,4% ano a ano e +34% do que a XP projetava), vê o índice de cobertura ainda saudável. “Em suma, dado os fortes resultados nos primeiros nove meses do ano, vemos o banco no caminho bem para cumprir o seu guidance”, aponta.

Em relatório chamado “Rentável, mas quebrando a sequência de crescimento trimestral”, a Genial Investimentos também destacou que o lucro da companhia ficou abaixo das suas estimativas em 3%, mas com um bom ROE, “em um nível semelhante ao Itaú ITUB4 e consideravelmente à frente do Santander SANB11) e Bradesco (BBDC4) em termos de rentabilidade.

“O trimestre foi afetado negativamente devido à necessidade de fazer provisões adicionais para os créditos problemáticos relacionados à Americanas, resultando em um aumento de R$ 507 milhões nas despesas de provisões para devedores duvidosos (PDD). Caso não fosse pelo impacto causado pela varejista, acreditamos que o Banco do Brasil teria potencial para apresentar o maior lucro entre os grandes bancos, competindo diretamente com o Itaú pelo título nesse trimestre”, afirma.

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Para 2024, a Genial projeta uma manutenção da rentabilidade robusta, embora com uma desaceleração no crescimento do lucro após um crescimento de 11,4% esperada em 2023 e de 51% em 2022.

“Estimamos um lucro de R$ 38,4 bilhões (+8,5% ao ano) e um ROE de 20% em 2024. Essa desaceleração será influenciada principalmente por um crescimento mais lento da margem financeira (NII), alinhado com um menor crescimento da carteira de crédito. Entretanto, nossa expectativa é de que as provisões não aumentem em comparação com 2023, beneficiadas por uma menor inadimplência”, avalia. Também vendo a ação como descontada, a Genial recomenda compra, com preço-alvo de R$ 64,90 (upside de 25,6% em relação ao fechamento da véspera).

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.