Banco do Brasil (BBAS3): as visões distintas de BBA e JPMorgan sobre a ação após 2T24

BB divulgou seus números trimestrais na semana passada

Felipe Moreira

Banco do Brasil (Foto: RI/BB)
Banco do Brasil (Foto: RI/BB)

Publicidade

Após os resultados do segundo trimestre de 2024 (2T24), o Itaú BBA reiterou recomendação neutra para ação do Banco do Brasil (BBAS3) e preço-alvo de R$ 31 (potencial de valorização de 14%), ao incorporar as estimativas atualizadas.

Apesar de ainda ser uma tese de retorno sobre patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) de aproximadamente 20% em 2024 e 2025, o BBA destaca que os lucros de curto prazo provavelmente permanecerão estáveis devido a uma margem financeira (NII) mais fraca e maiores provisões para crédito.

Segundo os analistas do BBA, a margem do BB enfrenta desafios de mix de crédito, dado o maior crescimento em Agronegócio e corporativo, impactos adversos do aumento da carteira renegociada e comparações difíceis com o forte primeiro semestre de 2024 da Patagonia.

Continua depois da publicidade

Os NIMs (margens de lucro líquidas) dos clientes estão caindo, pois os rendimentos mais baixos dos ativos encontram apenas custos de financiamento estáveis. “Portanto, a revisão para cima de R$ 2,5 bilhões no guidance de NII para o exercício de 2024 parece ter sido mais impulsionada pelo desempenho do primeiro semestre e por uma perspectiva mais alta para a Selic, e menos pela dinâmica do crédito”, explica o BBA.

Além disso, segundo o banco, as pressões de custo de crédito devem persistir por mais algum tempo na carteira corporativa, conforme a revisão para cima da orientação de R$ 4 bilhões.

Nesse contexto, os analistas do Itaú BBA comentam que o BB é o único grande banco com uma carteira renegociada em crescimento neste ponto do ciclo, criando um obstáculo de NPL (inadimplência). Sem revisões para despesas gerais e administrativas (SG&A) e receita de tarifas, a faixa de orientação de lucro inalterada parece ter menos assimetria positiva.

Continua depois da publicidade

O BBA prevê lucros de R$ 38,2 bilhões e 39,4 bilhões para 2024 e 2025, crescimento de 8% e 3%, respectivamente.

Apesar de negociar a avaliações descontadas de 0,7 vez o múltiplo de Preço/Valor Patrimonial e 4 vezes Preço/Lucro para 2025 e cerca de 10% de dividend yield (dividendo sobre o valor da ação), os analistas vislumbram um momento de lucro fraco impedindo a reavaliação das ações.

O JPMorgan, por sua vez, elevou a estimativa de lucro recorrente em 1,5% para R$ 37,563 bilhões em 2024, implicando um crescimento anual de aproximadamente 6% e um retorno sobre patrimônio líquido (ROE) de 21,8%.

Continua depois da publicidade

Para 2025, a previsão de lucro recorrente foi elevada em 2% para R$ 39,312 bilhões, implicando em um crescimento anual de 5% e um ROE de 20,4%. No entanto, as expectativas do JPMorgan estão 2% abaixo do consenso da Bloomberg para 2024 e 1% abaixo para 2025.

Embora o JPMorgan defenda que o ROE do Banco do Brasil atingiu seu pico e deve gradualmente diminuir, ainda considera a avaliação muito atraente.

Com isso, o banco americano traçou um novo preço-alvo de R$ 33 por ação para o final de 2025 (ou upside de 22%), em comparação com o preço-alvo anterior de R$ 32 por ação para o final de 2024, e manteve a recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para os ativos.