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Após o feriado do Dia de Martin Luther King, o mercado nos Estados Unidos retorna com Donald Trump empossado, assumindo a presidência em um clima de otimismo. Em seu primeiro discurso, Trump prometeu intensificar a luta contra a imigração ilegal, reverter política de diversidade, entre outros temas que têm sido um dos pontos centrais de sua agenda. Bruno Corano, economista da Corano Capital, afirma que nas primeiras semanas será possível perceber quais aspectos de sua retórica de campanha serão efetivamente executados, especialmente no campo geopolítico, que promete uma fase de calmaria.
A temporada de balanços americana segue firme com a divulgação de resultados da 3M, United Airlines e Netflix nesta terça.
No Brasil, a agenda de indicadores está esvaziada, com pouca movimentação nos mercados. A atenção se volta para a reunião ministerial realizada por Lula na véspera, que gerou especulações sobre as direções do governo. Corano diz que, apesar do cenário de cautela, a expectativa é que, com o retorno das atividades, o mercado local comece a reagir às decisões e movimentações políticas, que podem impactar diretamente a economia.
O que vai mexer com o mercado nesta terça
Agenda
O presidente Lula inicia sua agenda às 9h com uma reunião com o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, no Palácio do Planalto. Às 10h, participa de outra reunião com a presença do ministro da Casa Civil, Rui Costa; da ministra das Relações Exteriores substituta, Maria Laura da Rocha; da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva; do ministro Sidônio Palmeira; do assessor-chefe da Assessoria Especial do Presidente da República, Celso Amorim; e do secretário extraordinário para a COP30 da Casa Civil, Valter Correia. Às 14h40, o presidente se reúne com o secretário especial para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Marcos Rogério de Souza, e, às 15h, com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
O ministro do STF, Luís Roberto Barroso, discursará no Fórum Econômico Mundial, em Davos, às 9h.
Já o presidente do BC, Gabirel Galípolo, tem reunião com Marcos Barbosa Pinto, Secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, no Edifício-Sede do Banco Central, em Brasília. (fechado à imprensa)
EUA
14h – Perspectiva Energética de Curto Prazo da EIA (Semanal)
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Zona do Euro
7h – Índice ZEW de Percepção Econômica (Janeiro)
Internacional
O que Trump quer
Imigrantes fora dos EUA
O recém-empossado presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na segunda-feira (20) que declarará a imigração ilegal como uma emergência nacional. Entre as medidas, estão o envio de tropas para a fronteira entre os EUA e o México e o restabelecimento da política de “permanecer no México”, em uma iniciativa de endurecimento contra a imigração. Trump afirmou ainda que buscará bloquear todas as entradas ilegais no país e deterá todos os imigrantes que forem flagrados cruzando a fronteira de forma irregular.
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Dois sexos
Trump planeja emitir um decreto ao assumir o cargo que estabelecerá o reconhecimento oficial de apenas dois sexos, masculino e feminino, pelo governo federal, informou à Reuters uma nova autoridade da Casa Branca ontem. Além disso, o governo anunciou que Trump irá assinar uma ordem que extinguirá os programas de diversidade, equidade e inclusão considerados “radicais e desnecessários” dentro das estruturas do governo federal, de acordo com a mesma fonte.
Adeus ao Acordo de Paris
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O governo Donald Trump confirmou a saída dos EUA do Acordo de Paris. O presidente assinará uma ordem executiva para iniciar o processo. A decisão coloca em risco os resultados da Conferência do Clima da ONU, marcada para Belém, no final do ano. Os Estados Unidos, atualmente o segundo maior emissor de gases de efeito estufa, ficam atrás apenas da China. Donald Trump anunciou o fim de programas de tecnologia limpa e a retomada do uso intensivo de petróleo, incluindo novas operações de exploração. Na ONU, o secretário-geral António Guterres alertou que a saída dos EUA enfraquece os esforços globais contra as mudanças climáticas. Em 2017, Trump já havia abandonado o Acordo de Paris, pressionando europeus e outros países a salvarem o pacto.
Tarifaço
Trump também disse que irá tarifar e taxar os países para enriquecer os norte-americanos, prometeu uma revisão do sistema comercial e disse que os Estados Unidos estabelecerão um “serviço de receita externa”. “Estamos estabelecendo o serviço de receita externa para coletar todas as tarifas, taxas e receitas. Serão enormes quantias de dinheiro que entrarão em nosso Tesouro, provenientes de fontes estrangeiras”, disse ele em seu discurso de posse.
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Otimismo do mercado
Investidores reagiram positivamente à segunda posse de Donald Trump, antecipando uma agenda favorável aos negócios, embora mantenham reservas quanto às suas políticas comerciais protecionistas, especialmente em relação às tarifas. Durante o discurso, os futuros de ações dos principais índices de Wall Street (S&P 500, Nasdaq e Dow Jones) registraram alta de 0,4% a 0,5%. O dólar, por outro lado, apresentou depreciação antes da posse, devido ao sinal de que novas tarifas não seriam anunciadas no primeiro dia do mandato. “Apesar da expectativa de volatilidade no curto prazo, acreditamos que o primeiro ano de Trump será marcado pela valorização do dólar e das ações nos EUA”, afirmou James Reilly, economista da Capital Economics.
Confrontar Trump
O primeiro-ministro francês, François Bayrou, afirmou que França e Europa precisam confrontar Donald Trump e suas políticas para evitar serem “esmagadas”. Durante um discurso de Ano Novo em Pau, Bayrou destacou o impacto da política dos EUA, que busca dominar via dólar, indústria e atração de investimentos globais. “Se não reagirmos, seremos marginalizados”, alertou. Ele enfatizou que a resposta cabe ao povo francês e à Europa, defendendo que apenas a união europeia pode oferecer resistência eficaz
Economia
Equilíbrio fiscal
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse nesta segunda-feira que o governo federal fará o que for necessário para garantir o equilíbrio das contas públicas, destacando que esse é um compromisso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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“O compromisso fiscal não é do ministro A, do ministro B. O compromisso fiscal é do presidente da República, do governo”, afirmou em entrevista a jornalistas na Granja do Torto após reunião ministerial com o presidente.
Superávit
A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 1,356 bilhão na terceira semana de janeiro, com exportações de US$ 6,446 bilhões e importações de US$ 5,09 bilhões. No acumulado do mês, o superávit é de US$ 2,553 bilhões. As exportações tiveram alta de 7,8% na média diária em relação a janeiro de 2024, impulsionadas principalmente pela Indústria Extrativa e pela Indústria de Transformação. As importações cresceram 17,5%, com destaque para aumento no setor agropecuário e na indústria de transformação.
Mudança
O Banco Central (BC) anunciou mudanças no relatório Focus, com a criação de 10 novos rankings e a alteração da metodologia do IPCA Cesta. A partir de sexta-feira (24), o Top 5 de IGP-M será descontinuado. Novos rankings de fiscal, PIB e taxa de desocupação serão criados, considerando variáveis como Dívida Líquida do Setor Público, PIB e taxa de câmbio. A metodologia do IPCA Cesta será ajustada para incluir o IPCA Administrados, que não terá mais um ranking exclusivo. A mudança visa incentivar a participação das instituições financeiras no boletim.
Swap cambial
O Banco Central informou nesta segunda que dará início, a partir de terça-feira, aos leilões diários para a rolagem de 14,0 bilhões de dólares em swaps cambiais tradicionais que expiram em 5 de março, em um total de 279.630 contratos.
O BC informou em nota que, como de costume, os lotes ofertados poderão ser alterados a cada dia e que as propostas acatadas podem eventualmente ser inferiores à oferta, a depender das condições de demanda, sem prejuízo do objetivo de rolagem integral do vencimento.
Política
O que Lula quer
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumprimentou Donald Trump pela sua posse como presidente dos Estados Unidos e destacou a trajetória de cooperação histórica entre os dois países, mencionando os laços fortes em diversas áreas. Lula expressou desejo de uma gestão bem-sucedida de Trump, visando o bem-estar do povo dos EUA e um mundo mais justo e pacífico.
Diplomacia e harmonia
Em sua reunião ministerial, Lula afirmou que o Brasil não quer conflitos com os Estados Unidos, nem com outros países, incluindo Venezuela, China, Rússia e Índia. Apesar das divergências em temas como meio ambiente e comércio, espera-se uma relação pragmática com o novo governo norte-americano, sem grandes avanços, mas com foco em diplomacia e harmonia. O desafio maior pode surgir se Trump avançar com a imposição de tarifas, como ocorreu com o aço brasileiro em seu primeiro mandato.
Zero confusão
Após a crise gerada pela confusão envolvendo o Pix, Lula ordenou que, a partir de agora, todas as portarias e medidas dos ministérios passem pela Casa Civil antes de serem publicadas. Lula demonstrou irritação com a repercussão negativa de medidas não analisadas previamente, que, segundo ele, acabam gerando problemas para a Presidência. A decisão de revogar a medida, tomada por Lula contra a opinião do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e outros ministros, resultou em uma repercussão amplamente negativa, com 86% de menções desfavoráveis ao governo, piorando a imagem do Executivo.
Entregar tudo que prometeu
Ele também expressou preocupação com o aumento da inflação e o impacto nos preços dos alimentos, enfatizando que a prioridade do governo é garantir que a comida chegue à mesa dos trabalhadores a preços acessíveis, alinhados com os salários. Lula reconheceu que, até o momento, o governo não entregou tudo o que prometeu e que é hora de acelerar o trabalho, sem inventar mais nada, para evitar falhas.
Ser presidente pela quarta vez
Lula disse, ainda ontem, que já iniciou sua preparação para as eleições de 2026, destacando sua intenção de eleger um governo que assegure a continuidade do processo democrático no Brasil e evite o retorno de ideologias como o neofascismo e o autoritarismo. Em sua primeira reunião ministerial do ano, Lula ressaltou que, enquanto a oposição já iniciou sua campanha, o governo precisa focar em entregar o que ainda não foi cumprido, acelerando as promessas feitas durante a campanha de 2022.
CPF de Haddad
O número do CPF do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi disseminado em chats de extrema direita no Telegram entre 15 e 18 de janeiro, atingindo até 100 mil pessoas. A ação, coordenada, envolveu usuários que ocultaram suas identidades ao compartilhar o dado pessoal, sugerindo seu uso em compras e serviços. O Ministério da Fazenda pediu apuração à Polícia Federal. Esse episódio segue uma onda de desinformação sobre uma suposta taxação no Pix, que gerou fake news e alcançou 22,5 milhões de pessoas entre 9 e 13 de janeiro.
Quando voltar
O Congresso Nacional retoma seus trabalhos em fevereiro com 55 vetos pendentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o maior acúmulo desde 2018, informou a Agência Estado. Entre os vetos mais relevantes estão os relacionados ao bloqueio de emendas parlamentares impositivas, à reforma tributária e a novas despesas. O veto 47/2024, que impede o bloqueio de emendas, e o veto 48/2024, sobre limites de gastos públicos, são destacados, com o governo argumentando que essas propostas contradizem decisões do Supremo Tribunal Federal. Além disso, vetos a projetos relacionados à diabetes e ao vírus zika geraram polêmicas. O Congresso deve também analisar vetos mais antigos, como o que impede a volta do despacho gratuito de bagagem em voos e a criação de uma nova autoridade para prevenção de violência no esporte.
Corporativo
Nubank (ROXO34)
A Nu Holdings, criadora do Nubank (ROXO34), está considerando transferir seu domicílio legal para o Reino Unido em busca de uma expansão global. David Vélez, fundador e CEO da empresa, afirmou que essa mudança faz parte dos planos de expansão para os próximos dez anos, considerando também o ambiente regulatório dos Estados Unidos. O Nubank, com mais de 100 milhões de clientes no Brasil, México e Colômbia, vê a administração de Donald Trump como uma oportunidade para explorar o mercado de fintechs e criptomoedas. Embora a Europa seja relevante, a prioridade está nos mercados emergentes, como demonstrado pelo investimento de US$ 150 milhões no Tyme Group, da África do Sul e Filipinas.
(Com Reuters e Agência Senado)