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Nesta segunda-feira (10), as ações da Vitru, companhia com foco em educação à distância, passam a ser negociadas na B3 (B3SA3) sobre o ticker VTRU3. A estreia marca um movimento inédito, já que, até semana passada, a edutech era listada na Nasdaq. E a operadora da Bolsa brasileira quer “roubar” outras companhias das americanas.
Em entrevista ao InfoMoney, Leonardo Resende, superintendente de relacionamento com empresas da B3 (B3SA3), menciona que a companhia está empolgada com o processo. “É muito emblemático o cancelamento da listagem de Vitru nos Estados Unidos e a vinda para o Brasil. O movimento evidencia que o nosso mercado de capitais está apto a financiar empresas brasileiras”, diz.
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Nos últimos anos, principalmente durante a pandemia, uma série de companhias brasileiras buscaram o mercado americano para lançarem suas ações. Com o recuo dos juros vistos a partir de 2020, quando o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) tentava manter a economia dos EUA aquecida em meio à Covid-19, houve um boom de liquidez, que abriu espaço para novos IPOs. O mercado americano, então, parecia muito promissor.
“Quando esses lançamentos aconteceram, havia algumas dúvidas se o investidor brasileiro iria avaliar essas empresas listadas lá fora, levando dinheiro para o exterior, e se haveriam ‘bolsos’ diferentes a serem acessados. Essa volta, para nós, vem um pouco na contramão da crença inicial”, explica Resende.
Dificuldade de brasileiros e investir e menor liquidez impactam
Para Resende, a falta de acesso de muitos brasileiros a investimentos no mercado norte-americano se mostrou um empecilho. O processo para aportar de forma direta nas Bolsas americanas nos Estados Unidos pode ser difícil, tendo de, usualmente, ser feito através de corretoras dos EUA.
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Além do mais, os investidores estrangeiros, com a diminuição da liquidez após o começo do ciclo de alta dos juros pelo Fed também acabaram minguando, com a perda de interesse de investidores por ativos de risco (principalmente de países emergentes).
Apesar de listadas nos EUA, essas empresas são ligadas às questões macroeconômicas brasileiras — e inclusive sempre foram analisadas por especialistas em Brasil.
“O que aconteceu é que algumas companhias acabaram se vendo, eventualmente, sozinhas. E isso em um ambiente que tem um custo muito maior, em dólar, com regras de observância muito diferentes e em um ambiente jurídico mais complexo”, fala Leonardo. “Fora isso, o mercado americano ainda tem uma competição muito maior”.
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B3 defende que listagem no Brasil traz benefícios
Para o especialista da B3, companhias brasileiras acabam se beneficiando da listagem no Brasil por terem, por aqui, maior força de marca. A Vitru, por exemplo, é a maior operadora de educação à distância do Brasil e tem forte presença no país. “Ela tem acesso aos indivíduos. Ela pode ter os clientes como investidores. É uma proximidade que aumenta o interesse”.
A possibilidade de compor índices brasileiros também é um possível diferencial hoje destacado pela B3. Lá fora, pelo tamanho do mercado e das companhias, essas empresas acabam tendo dificuldades de aparecem nas composições. “Vale lembrar que a indústria de fundos passivos, que investem através de índices, é gigantesca. Acessar esse bolso é importante”, contextualiza.
Companhias brasileiras nos EUA
A B3 continua, segundo ele, fazendo contato direto com empresas brasileiras listadas nos Estados Unidos para tentar atraí-las para o mercado nacional. Hoje, várias delas sofrem pela baixa liquidez das suas ações nas bolsas norte-americanas.
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“Estamos com um trabalho de informação sobre os benefícios de ser listados na B3. Queremos reforçar que o mercado de capital brasileiro é o melhor lugar para elas estarem”, defende Leonardo. “Temos a expectativa de que o movimento da Vitru inspirará outras”, conclui.