B3 com derivativos fortes: o que fez B3SA3 subir 4% apesar dos dados fracos de ações

Bolsa teve baixa de 21,4% no volume negociado em junho, a R$ 24 bilhões

Felipe Moreira

B3  Bovespa  Bolsa de Valores de São Paulo  (Germano Lüders/InfoMoney)
B3 Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo (Germano Lüders/InfoMoney)

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A B3 (B3SA3) divulgou na última quinta-feira (11) sua prévia operacional de junho de 2024, com destaque para o volume financeiro médio negociado (ADTV, na sigla em inglês) de R$ 23,978 bilhões no período, que ficaram ligeiramente acima das expectativas dos bancos consultados. Mas o grande destaque na visão de analistas foi o crescimento do volume em derivativos. A ação da B3 subiu 4,16%, cotada a R$ 11,51.

O Goldman Sachs comenta que os volumes trimestrais ficaram 2% acima da sua estimativa. Enquanto isso, as receitas mensais e trimestrais de derivativos melhoraram com volumes maiores e ficaram 1% acima da estimativa do Goldman Sachs devido a taxas mais altas do que o esperado.

Além disso, custódia e registro ficaram acima da estimativa do Goldman Sachs para o trimestre, enquanto a unidade de financiamento ficou em linha.

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A B3 divulga os resultados do 2T24 em 8 de agosto e o Goldman Sachs espera que o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) aumente em relação ao trimestre anterior devido a melhores tendências de receita em todos os segmentos e que o lucro líquido aumente, pois a amortização relacionada ao CETIP não deve mais impactar os resultados. O banco mantém recomendação neutra e preço-alvo de 13.

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Já para o JPMorgan, o grande destaque do mês e do trimestre foram os derivativos, com as receitas de derivativos totalizando R$ 219 milhões em junho, quase repetindo o forte desempenho de R$ 236 milhões visto em abril. Como resultado, os números do 2T24 estão agora projetados em R$ 644 milhões de receitas, 11% acima da estimativa do banco.

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Segundo o JPMorgan, os bons resultados são principalmente explicados por volumes muito fortes de taxas de juros.

Em suma, os números implicam algum risco de alta para estimativas de receitas do 2T24, enquanto a recente recompra de títulos pode ser um pequeno obstáculo para os resultados financeiros. O JPMorgan mantém classificação neutra na B3 e vê a empresa sendo negociada a 11,5 vezes 2025.

Embora uma fraqueza nos números de ações já fosse esperada, os números gerais vieram um pouco melhores do que as estimativas do BTG, sinalizando resultados do segundo trimestre melhores do que temidos.

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“Considerando a recente deterioração do cenário macroeconômico, a possibilidade de taxas de juros altas por um período prolongado e volumes persistentemente fracos, parece haver uma falta de entusiasmo pelo papel”, diz BTG, em relatório. “No entanto, as ações da B3 caíram mais de 20% no ano, o que parece exagerado, especialmente considerando a forte posição competitiva da B3 e a diversificação de receitas.”

Embora o risco de aumento da concorrência possa ter reduzido o potencial de alta da ação (em caso de flexibilização monetária), o perfil de risco e retorno da B3 parece cada vez mais inclinado para o lado positivo. Por enquanto, o BTG mantém recomendação neutra e preço-alvo de R$ 14.

De forma geral, a XP Investimentos classifica os dados como piores do que o esperado, frustrando um pouco a expectativa de aumento nos volumes médios negociados em 2024.

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Segundo a XP, os resultados operacionais divulgados em junho indicam que o segundo trimestre continuou apresentando volumes fracos, o que deve continuar pressionando o segmento de listados da B3 no 2T24.

A equipe de analistas da XP ainda reconhece que o ruído político e a pausa no ciclo de redução das taxas de juro podem afetar negativamente os fluxos de investimentos futuros e o apetite dos investidores por ativos financeiros. Com isso, reitera visão conservadora para a B3, com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 16.