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Na teleconferência com analistas sobre os resultados da B3 (B3SA3) do primeiro trimestre de 2023, Andre Milanez, diretor-financeiro da administradora da Bolsa brasileira, disse que a companhia não vê “qualquer necessidade” de mudança em sua atual política de preços.
Milanez afirma que todas as questões relacionadas a preços que poderiam impedir a expansão de volumes, tanto entre os investidores de varejo quanto os de alta frequência, já foram endereçadas.
“Vamos continuar administrando nossa política, faremos ajustes finos quando necessários, mas não vemos qualquer necessidade de revisão neste momento”, afirmou o CFO.
Mais uma vez, os executivos da B3 foram questionados sobre como veem a possibilidade de um concorrente no mercado brasileiro. Alinhado com o discurso da teleconferência do quarto trimestre, Milanez afirmou que a companhia segue trabalhando na identificação de produtos não explorados, para evitar que os gargalos sejam preenchidos por novos competidores.
O CFO deu como exemplo as soluções de blocos, para a negociação de grandes lotes no mercado de Bolsa, também conhecida como block trade. A B3 tem pelo menos três soluções nessa área que estão sujeitas à aprovações regulatórias.
“Queremos ser os primeiros a oferecer essas soluções no mercado brasileiro e nossa expectativa é que as aprovações ocorram dentro do esperado”, afirmou Milanez. De acordo com o executivo, a expectativa é que as plataformas sejam oficialmente lançados no segundo semestre deste ano.
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O executivo explica que há muito tempo a B3 vem se preparando para a entrada de novos players no mercado brasileiro e as chances de sucesso são maiores quando há diferenciação de produto.
“A gente já lida com competição em todos os segmentos que atuamos, mesmo em ações, com a concorrência dos mercados globais”, disse o CFO.
“Não temos outra plataforma de negociações no Brasil, mas competimos com outras Bolsas quando a empresa tem ADR faz uma listagem lá fora. Já estamos habituados a atuar em ambiente competitivo”.
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Disciplina da estrutura de custos
Ainda na teleconferência, Andre Milanez afirmou que a B3 vai continuar otimizando sua estrutura de custos sem comprometer a estratégia de crescimento.
“Gostaria de reforçar nosso comprometimento com disciplina de custos”, afirmou o CFO. “Não acho que isso tenha ficado de fora da nossa agenda em algum momento, mas agora estamos dando uma atenção especial ao assunto”.
Milanez explica que a aceleração de custos no quarto trimestre de 2022 foi motivada por itens não recorrentes. Isso não ocorreu nos três primeiros meses deste ano e, junto com as iniciativas de eficiência da companhia, as despesas totais foram reduzidas.
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Segundo Milanez, o objetivo é que o crescimento de custos em 2023 fique na banda mais baixa do guidance da B3 para 2023.
As despesas da companhia recuaram 0,5% na comparação anual, para R$ 851,8 milhões e caíram 12,8% em relação ao quarto trimestre.
Detalhes do resultado
A B3 reportou lucro líquido recorrente de R$ 1,216 bilhão no primeiro trimestre de 2023. O resultado é 1,9% menor que o registrado em igual período do ano passado, mas representa uma alta de 5,6% na comparação com o quarto trimestre de 2022.
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O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado da companhia foi de R$ 1,662 bilhão, queda anual de 5,8%.
A receita total da administradora da Bolsa de Valores brasileira recuou 3,3% na comparação anual, para R$ 2,460 bilhões. Na comparação com o quarto trimestre de 2022, a queda foi de 4,2%. A receita líquida, por sua vez, ficou em R$ 2,209 bilhões.
O volume financeiro médio diário negociado (ADTV) de ações à vista totalizou R$25,2 bilhões no três primeiros meses deste ano, implicando em queda de 19,2% na comparação com o primeiro trimestre de 2022.
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Em derivativos listados, o volume médio diário negociado totalizou 6,1 milhões de contratos no trimestre, um recorde histórico, com crescimento anual de 36% e 33,1% acima do desempenho do quarto trimestre.
“Apesar do desempenho positivo no 1T23, esperamos que a os resultados da B3 continuem sob pressão devido ao menor volume diário médio negociado e aos recentes investimentos em seu negócio de tecnologia (Neoway, Neurotech e Datastock), até que comecem a dar frutos”, escreveram os analistas da XP.
“No entanto, é importante ressaltar que o atual nível de margem Ebitda é semelhante ao nível pré-pandêmico, mostrando a resiliência do negócio mesmo durante o cenário macroeconômico desafiador.”
O Credit Suisse avalia que, apesar da atividade mais moderada do mercado de capitais, os impactos de custos mais eficientes são bem vindos. A casa também avalia que o trimestre conseguiu mostrar que a empresa é capaz de gerar receitas de outros produtos. O Credit espera que uma recuperação lenta e gradual do volume financeiro diário negociado, em um ambiente de juros ainda elevados.