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A ação da Azzas 2154 (AZZA3) – fruto da fusão entre Arezzo e Soma – opera com forte queda na sessão desta quinta-feira (29), após o anúncio de transição da administração na AR&Co., sua atual unidade de negócios de Vestuário Lifestyle Masculino, com os fundadores da Reserva (Rony Meisler, Fernando Sigal, Jayme Nigri e José Silva) deixando a empresa até o final de 2024, juntamente com a expiração de seu lock-up. O papel da varejista fechou com recuo de 4,23%, cotado a R$ 50,72.
Ruy Kameyama, que atualmente faz parte do Conselho da Azzas, assumirá o cargo de CEO da AR&CO a partir do próximo ano. Ruy tem um extenso histórico em shoppings e franquias, tendo atuado por 6 anos como CEO da brMalls.
Embora acredite que os fundadores da Reserva tenham sido essenciais para levar a marca ao seu estágio atual, a XP Investimentos também vê o processo de transição como uma parte natural do negócio, especialmente porque as principais vias de crescimento da Reserva já foram estabelecidas. Além disso, segundo a corretora, suas substituições dentro da operação da marca devem ser internas, com pouca (ou nenhuma) interrupção dos negócios.
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Por outro lado, a XP comenta que o anúncio pode reforçar as preocupações com relação à retenção de talentos da SOMA, embora veja um baixo risco de saída dos principais profissionais criativos no curto prazo, pois ainda há muito espaço para desbloquear valor, principalmente na Hering e na Farm, enquanto um acordo de lock-up e não concorrência de 10 anos está em vigor.
No entanto, é possível que outros executivos deixem a empresa no curto prazo (como foi o caso do ex-CFO do SOMA) como parte do processo de integração.
Apesar dos possíveis desafios operacionais e ruídos, a XP disse continuar construtiva em relação ao valor a ser desbloqueado dentro da empresa. Conforme última atualização, a corretora prevê de R$ 1,9 bilhão de valor presente líquido (R$ 9 por ação) em seu modelo, que devem começar a aparecer nos resultados já no segundo semestre de 2024, embora mais materialmente em 2025. Assim, mantém recomendação de compra.
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De forma geral, o JPMorgan avalia que a notícia não é uma surpresa, pois muitos investidores já esperavam o movimento há algum tempo, dada a distância da equipe de gestão da AR&Co em relação ao mercado. Ainda assim, o JPMorgan espera que anúncio deveria trazer instabilidade às ações hoje, pois Meisler possui grande expertise em roupas masculinas, sendo responsável por transformar a Reserva em uma das principais avenidas de crescimento da Arezzo&Co nos últimos anos (AR&Co representa hoje 13% das vendas da Azzas).
Além disso, segundo JPMorgan, o movimento ocorre no início de uma grande integração, enquanto o Meisler deveria liderar a divisão de roupas masculinas, integrando algumas marcas do Soma e capacidades de produção da Hering na AR&Co, bem como não houve menção à transição de gestão no evento “Day One” da empresa algumas semanas atrás, embora o mercado já especulasse que o Meisler poderia deixar a empresa após o vencimento do lock-up da última tranche de suas ações (previsto para dezembro de 2024).
O JPMorgan mantém recomendação de compra para Azzas 2154 e vê a empresa negociando a 11 vezes Preço/Lucro estimado para 2025. O preço-alvo é de R$ 66.
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O Itaú BBA, por sua vez, classificou anúncio como neutro, pois acredita que o mercado já estava antecipando a saída de Rony da empresa, pois havia sinais de que o executivo e a empresa estavam indo em direções opostas.
A equipe de research do BBA também disse ver Rony como um executivo excepcional, mas, ao mesmo tempo, destaca que o segundo nível de executivos da Reserva continua na empresa. Nesse sentido, analistas acreditam que a empresa tem capacidade para continuar administrando a marca sem grandes contratempos.