Azul: o dilema da diluição que fez com que a ação AZUL4 entrasse em queda na B3

Companhia tem apresentado dificuldades em sua busca por reestruturação e pode passar por forte diluição de capital; XP revisa preço-alvo para baixo

Camille Bocanegra

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Ainda vai demorar um pouco mais para a ação da Azul (AZUL4) registrar dias mais tranquilos na Bolsa, de acordo com análise do Research da XP. Mesmo após um acordo realizado na esfera extrajudicial, a companhia ainda sofre com o chamado “dilema da diluição”, segundo a corretora. Mesmo com algumas alternativas para gestão de passivos, as opções levam a cenários potenciais de diluição de capital de até 64%, de acordo com a análise.

A Azul liquidou parte de seu arrendamento de aeronaves por meio de um instrumento conversível em ações. Mesmo considerando que fornecia um resguardo de liquidez, ainda assim, para a XP, implicava um risco significativo de diluição de capital.

“Instigado por gatilhos de ações negativos (principalmente relacionados a câmbio/combustível), o preço das ações da Azul entrou em uma espiral descendente desde meados de 2023, alimentado pela estrutura de capital conversível que implicava que ‘quanto mais baixo o preço das ações se movesse, mais baixo ele deveria se mover'”, explica a análise.

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Assim, na conversão atual das ações, isso significa uma diluição severa de 56% para os acionistas de Azul. Além disso, quanto mais perto do cronograma de conversão de ações, maior parecia ser a preocupação de investidores com liquidez e diluição. Isso ainda em meio a especulações sobre um potencial aumento de capital. Nas notícias que também impactaram os papéis da companhia, o possível pedido recuperação judicial nos EUA (Chapter 11) fez a ação cair ainda mais e acabou não se confirmando, enquanto a empresa correu para dar explicações ao mercado sobre o tema em busca de tranquilizar os investidores.

O presidente-executivo da Azul (AZUL4), John Rodgerson, afirmou, no fim de agosto, que a companhia aérea está saudável financeiramente, recebendo novas aeronaves e não tem planos de fazer um pedido de recuperação judicial.

“Não temos uma empresa aérea quebrada. Temos uma empresa aérea super saudável, que vai negociar com seus parceiros”, afirmou o executivo em entrevista à Reuters.

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“Finalmente, nas últimas sessões, a ação reagiu às conversas sobre um potencial novo acordo com os arrendadores, o que, de acordo com um artigo da Reuters, poderia limitar a diluição de capital até cerca de 20%. Se confirmado, isso seria um grande ponto positivo, pois implicaria R$ 1,8 bilhão em corte de dívida (120% do valor de mercado da Azul antes da notícia da renegociação)”, avalia.

Pela volatilidade atual, a XP considera que a recomendação é neutra, em especial, com base no cenário de diluição ainda não definido e pelo perfil de alavancagem mais alto ainda apresentado. Os analistas ainda cortaram o preço-alvo da ação de de R$ 30 para R$ 6,60, mas ainda um potencial de alta de 25% frente o fechamento de sexta (20).

As estimativas foram atualizadas para refletir o desempenho mais fraco do RASK (receita operacional dividida pelo total de assentos-quilômetro oferecidos), de -9% em 2024 e para -10% em 2026. Além disso, as estimativas de tarifa também foram diminuídas em 7% para 2024 e 9% para fim de 2026, com manutenção dos níveis de alavancagem em 4,9 vezes para 2024 e 4,4 vezes para 2026.

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(com Reuters)

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