Azul (AZUL4) supera expectativas de mercado e ação sobe 2,5% após balanço

Companhia aérea reduz prejuízo e registra Ebitda recorde no 3T24, mas alavancagem elevada e dólar forte mantêm recomendação neutra dos analistas

Murilo Melo

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O balanço financeiro da Azul Linhas Aéreas (AZUL4), divulgado ao mercado nesta quinta-feira (14), superou as estimativas dos analistas da XP Investimentos, que previam um aumento de 3%, e da Genial Investimentos, que também revisaram suas projeções para cima. Com o resultado, a companhia aérea figurou entre as maiores altas do Ibovespa, com AZUL4 encerrando o dia com alta de 2,5%, a R$ 5,33.

Mais cedo, a Azul anunciou prejuízo líquido ajustado de R$ 203 milhões no terceiro trimestre (3T24), uma redução de 76,3% ante o desempenho negativo de 856 milhões apurado no mesmo período de 2023.

Soma-se a isso o desempenho operacional medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) recorde de R$ 1,65 bilhão, crescimento de 6%, com a margem passando de 31,7% para 32,2%. Além disso, a receita líquida total também foi recorde, de R$ 5,1 bilhões de julho ao final de setembro, crescimento de 4,3% sobre um ano antes.

De acordo com o relatório da XP Investimentos, a Azul registrou uma leve elevação de 1% no Rask, que representa a receita por assento-quilômetro disponível, em relação ao mesmo período do ano passado. A taxa de ocupação das aeronaves também teve um desempenho positivo, alcançando 82,6%, um crescimento de 0,5 ponto percentual, enquanto a demanda doméstica cresceu 7%, compensando a redução de 7% na capacidade internacional devido a ajustes temporários na frota.

No relatório, os analistas pontuam que a empresa continuou a focar na renovação de sua frota, o que resultou em uma maior eficiência no consumo de combustível, que caiu 3% por assento-quilômetro disponível (Ask). Esse esforço, juntamente com uma maior utilização das aeronaves, ajudou a mitigar os aumentos nos custos de combustível, que subiram 5% no trimestre, conforme apontado pela XP Investimentos.

Rentabilidade e controle de custos

A Genial Investimentos destacou a margem Ebitda da companhia, que alcançou 32,2%, um aumento tanto em relação ao ano passado quanto ao trimestre anterior. Esse aumento na margem, dizem os estrategistas da Genial, foi impulsionado pela gestão eficiente de custos e pela diluição de custos fixos devido ao aumento na demanda e na capacidade operacional.

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Os especialistas dizem ainda que a empresa também se beneficiou da melhoria na sua receita de transporte de cargas, que cresceu 6% no trimestre, impulsionada pela alta nos preços do frete marítimo, tornando o transporte aéreo uma alternativa mais competitiva.

A Genial pontua que a Azul manteve o Cask, que representa o custo por assento-quilômetro disponível, estável, apesar das pressões externas como a valorização do dólar e os aumentos nos preços do combustível. A XP, por outro lado, destacou a implementação de medidas de corte de custos e a transição para aeronaves mais eficientes como fatores-chave para a manutenção dessa estabilidade.

Alavancagem e perspectivas para 2025

A análise da Genial Investimentos aponta um aumento na dívida líquida da companhia, que atingiu 4,8 vezes o Ebitda, refletindo a valorização do dólar e os custos financeiros elevados. No entanto, a corretora diz que a empresa está implementando uma reestruturação financeira que inclui a conversão de R$ 3,1 bilhões em obrigações para ações e novos financiamentos de até US$ 500 milhões. Com esses ajustes, segundo os analistas, a Azul projeta uma redução significativa da alavancagem para 3,4x no início de 2025.

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Já a XP manteve sua previsão de um fluxo de caixa livre de R$ 1,1 bilhão para 2025, com uma previsão de Ebitda de R$ 7,4 bilhões, apoiada por um ambiente de forte demanda e pela continuidade da eficiência operacional. A companhia também anunciou uma leve revisão para baixo em sua estimativa de crescimento de Ask para 2024, ajustando-a para 6% (antes 7%).

Azul (AZUL4): recomendação e preço-alvo

A XP manteve uma recomendação neutra para as ações da Azul. A empresa apresenta um bom desempenho operacional e eficiência na gestão de custos, mas os analistas ainda são cautelosos devido à alavancagem elevada e ao impacto da alta do dólar. O preço-alvo da XP para as ações da Azul é de R$ 40, um potencial de valorização moderado, considerando o cenário atual e as projeções de crescimento.

A Genial também recomenda uma postura neutra, afirmando que, apesar da boa performance no 3T24, a companhia ainda enfrenta desafios relacionados à alavancagem e à volatilidade do mercado. A meta de preço para as ações da Azul estabelecida pela Genial é de R$ 44, levando em conta a expectativa de crescimento gradual do Ebitda e da recuperação da demanda nos próximos trimestres.