Azul (AZUL4) só vai reduzir tarifas quando preço do combustível cair, dizem executivos

"Algumas pessoas não vão voar por causa dos preços mais altos, mas isso não vai ficar assim para sempre", disse o CEO da empresa

Mitchel Diniz

John Rodgerson, CEO da Azul (Divulgação)
John Rodgerson, CEO da Azul (Divulgação)

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Em coletiva de imprensa sobre os resultados da Azul (AZUL4) no segundo trimestre, os executivos da empresa afirmaram que a companhia aérea ainda não sentiu o efeito da queda no preço do combustível. “Trabalhamos com os preços de 45 dias atrás”, explicou John Rodgerson, presidente da companhia. “Até lá temos que ter tarifas altas”, complementou.

Rodgerson avalia que a demanda por voos da empresa entre abril e junho foi mais forte que a esperada, acredita em continuidade do crescimento na segunda metade do ano, mas faz ressalvas. “Algumas pessoas não vão voar por causa dos preços mais altos, mas isso não vai ficar assim para sempre. Caindo o preço dos combustíveis, vai haver mais volume de passageiros. Mas, no momento em que estamos, precisamos das tarifas mais altas”, afirmou.

O CEO também destacou que a receita do segmento de viagens corporativas já está acima do nível pré-pandemia, mas o volume de passageiros segue mais baixo. “Temos menos gente viajando, porém com tarifa média mais alta”, disse.

Ao contrário da Gol (GOLL4), que sinalizou com uma redução na oferta de voos no segundo semestre para contornar impactos negativos do combustível, a Azul não deve ir pelo mesmo caminho. Os executivos afirmam que, atualmente, a companhia já opera com menos voos do que o normal.

“A Azul é capaz de voar muito mais do que hoje. Com o combustível caro, alguns voos não fazem sentido. Já cortamos 10%, 15% do que somos capazes”, afirmou Rodgerson.

Alex Malfitani, CFO da Azul, falou sobre o preço do arrendamento de aeronaves, que continua sentindo impactos da pandemia. Durante o período das medidas restritivas, que paralisaram os voos, a companhia aérea precisou renegociar com os “lessores” a postergação de pagamentos. “Em 2023 vamos começar a pagar uma outra etapa dessa postergação, que vai aumentar o aluguel em até R$ 600 milhões, para R$ 3,8 bilhões”, explicou o executivo.

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Resultados do segundo trimestre

A Azul registrou prejuízo líquido ajustado de R$ 721,4 milhões no segundo trimestre de 2022 (2T22), uma diminuição de 39,4% em relação ao prejuízo da mesma etapa de 2021.

O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) totalizou R$ 614,6 milhões no 2T22, ante resultado negativo de R$ 50,9 milhões no 2T21.

A receita líquida somou R$ 3,924 bilhões no segundo trimestre deste ano, crescimento de 130,5% na comparação com igual etapa de 2021.

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A receita de passageiros, por sua vez, cresceu 151,0% com 59,6% de aumento da capacidade total em comparação com o mesmo período do ano passado.

Para o Itaú BBA, um dos destaques positivos do balanço foi a margem Ebitda, que atingiu 15,7% entre abril e junho, alta de 18,6 p.p. frente a margem registrada em 2T21. A relação dívida/ Ebitda, que caiu de 7,7x no primeiro trimestre para 6,2x no segundo foi outro destaque para os analistas da casa. O BBA ressaltou a geração de caixa positiva da companhia área de R$ 800 milhões no período.

A avaliação do BBA para AZUL4 é market perform, com preço alvo de R$ 32,50 ao final de 2022.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados