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As ações ordinárias da Azul (AZUL4) sobem mais de 10% por volta das 11h desta quarta-feira (20), após o Goldman Sachs elevar, em relatório publicado ontem à noite, as recomendações para os papéis da companhia aérea para compra. Na segunda-feira, o JP Morgan também tinha elevado a sua recomendação para a Azul.
Segundo Luan Alves, analista da VG Research, a elevação acaba puxando, junto, os papéis preferenciais da Gol (GOLL4), que sobem 9%, e os ordinários da CVC (CVCB3), que tem alta de 8,75%.
No relatório do GS, os especialistas destacam que identificaram uma assimetria positiva na expansão do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) junto de um valuation descontado por conta das recentes quedas. Os papéis da Azul caem cerca de 35% nos últimos três meses.
“Além disso, observamos que a recente renegociação com arrendadores e detentores de títulos reduziu significativamente os riscos do balanço patrimonial”, escreveram.
“A Azul recentemente também captou cerca de US$ 800 milhões com uma nota sênior garantida para somar aos R$L 2 bilhões em caixa e contas a receber relatados no segundo trimestre, o que, na nossa opinião, torna o balanço ainda mais seguro”.
O Goldman afirma que a situação atual representa uma boa oportunidade de compra, dada a racionalidade do ambiente competitivo no setor aéreo – o que deve permitir o aumento de preços nos próximos trimestres para compensar os custos mais altos, sendo que o preço de querosene de aviação avançou 38% desde o fim do segundo trimestre, seguindo a alta do petróleo.
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“Nesse contexto, observamos que a empresa conseguiu com sucesso repassar os efeitos do aumento dos custos com combustível para as tarifas no ano passado (RASK expandiu-se em 27% em 2022) à medida que todo o mercado tem sido racional e focado na reconstrução da lucratividade para níveis pré-pandemia”, falam.
Por fim, eles mencionam que a Azul conseguiu manter os seus rendimentos em níveis elevados mesmo em um contexto de preços mais baixos de combustível de aviação no primeiro semestre, sem repassar o recuo dos preços.
“O mercado brasileiro permanece racional, com um crescimento anual composto de cerca de 0% na capacidade doméstica ao longo dos últimos 10 anos. No geral, acreditamos que a empresa demonstrou que tem sido capaz de manter e continuará a manter o poder de precificação”, fecham.
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O preço-alvo do banco americano para as ações da Azul foi fixado em R$ 29, ante R$ 24,3 anteriormente, um upside de 114,3% frente ao fechamento da véspera.
Na segunda, JP Morgan elevou recomendação para Azul
Dois dias antes do relatório do Goldman Sachs ser publicado, foi o JP Morgan que elevou sua recomendação para a Azul para overweight (acima da média do mercado, equivalente à compra). O preço-alvo foi fixado em R$ 29, o mesmo estipulado pelo GS.
“Estamos elevando a recomendação após o que consideramos ser um desempenho recente injustificado – as ações caíram 32,5% nos últimos três meses, em comparação com os pares que caíram em média 12% – somado ao fato de que a empresa já concluiu seu gerenciamento de passivos e tem apresentado resultados operacionais consistentes”, justificaram.
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O JP, no entanto, revisou para baixo suas expectativas de Ebitda para as empresas aéreas, citando a alta dos preços dos combustíveis.
Para a Gol, contudo, o banco ainda tem visão cautelosa.
“Reconhecemos os esforços da empresa no gerenciamento de passivos, tendo já concluído uma troca de títulos de US$1,4 bilhão com seu acionista controlador – Abra – incluindo US$450 milhões em dinheiro novo”, falam.
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“Por outro lado, a operação incluiu uma cláusula de conversão que deve implicar uma diluição de cerca de 70% no patrimônio – anunciada em agosto – agora incorporada em nossas estimativas. Além disso, a GOL ainda está negociando seus acordos de locação, o que traz uma maior incerteza sobre sua situação financeira no futuro, pelo menos quando comparada às empresas do setor na região”, ponderam.
Para a Gol, a recomendação é de underweight (abaixo da média do mercado, equivalente à venda), com preço-alvo em R$ 7 – upside de 9,3% frente ao fechamento anterior.