Automob (AMOB3) dispara mais de 200% em estreia na B3

Nova companhia do grupo Simpar entra no mercado com ações em alta, receita de R$ 12 bi e planos de consolidação em um setor fragmentado

Equipe InfoMoney

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A Automob (AMOB3), nova empresa do grupo Simpar, faz sua estreia na B3 (B3SA3) nesta segunda-feira (16), marcando a conclusão de um processo de reorganização societária anunciado em setembro passado pela holding que controla marcas como JSL (JSLG3), Movida (MOVI3) e Vamos (VAMO3). Por volta das 11h45, as ações negociavam em forte alta de 221,85%, a R$ 0,54.

Como parte dos planos da companhia, a reorganização resultou em um spinoff que separou as operações de locação e concessionárias da Vamos. Com isso, a vertical de varejo automotivo foi integrada à Automob, unindo a rede de concessionárias de veículos leves da Simpar em uma única estrutura. A medida, segundo a empresa, traz maior clareza às teses de investimento de cada segmento, além de facilitar a modelagem individual dos negócios.

Leia mais: Qual a estratégia da Automob para estrear com sucesso na Bolsa?

Diferente de uma oferta pública de ações (IPO) convencional, a Automob não passou por um processo de bookbuilding, em que o preço do papel é definido a partir da procura dos investidores pelo ativo. Sendo fruto de uma cisão da Vamos, a companhia nasce com acionistas e uma parte de valor de mercado da empresa que lhe deu origem. 

“É um valor irrisório para o tamanho do negócio”, afirmou Antonio Barreto, CEO da Automob, em entrevista ao InfoMoney na última sexta-feira. O preço de estreia da empresa de concessionárias equivalia a 3,4% do valor de mercado da Vamos na última quarta-feira.

“O valuation vai depender da visão do mercado e dos investidores, do quanto eles acreditam em um negócio com esse potencial de crescimento e oportunidades”, disse Barreto. 

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“A ação foi colocada por um preço bem abaixo do que considerávamos o normal para ela”, afirma João Daronco, analista da Suno Research. Segundo ele, os investidores definiram esse preço normal pelo equilíbrio de oferta e demanda do papel no momento em que a Automob estreou na Bolsa.

A Automob inicia sua trajetória no Ibovespa com uma posição de destaque: é a primeira empresa do segmento de concessionárias a se listar na bolsa brasileira. A companhia reúne 188 lojas espalhadas por todas as regiões do país e um portfólio diversificado que inclui 35 marcas, entre veículos leves, caminhões, máquinas e equipamentos.

Com a operação, a Simpar detém agora 71,75% da Automob, enquanto os acionistas minoritários da Vamos ficaram com 25,40% e os demais acionistas da Automob com 2,85%. Como parte do processo, os atuais acionistas da Vamos receberão ações da nova companhia, que começarão a ser distribuídas a partir de hoje.

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Mercado fragmentado

Em entrevista ao InfoMoney, Antonio Barreto explicou que a Automob, como empresa listada, tem o potencial de se tornar um consolidador natural em um mercado extremamente fragmentado. Ele destacou que, assim como em mercados mais maduros de outros países, o crescimento da companhia será impulsionado tanto por aquisições quanto por expansão orgânica, com aumento nas vendas de veículos e concessões de novas marcas.

Nos 12 meses encerrados em setembro, a Automob — em sua estrutura original focada em concessionárias de veículos leves — registrou uma receita de R$ 9,382 bilhões. Já o segmento de veículos pesados, incorporado da Vamos, gerou R$ 2,730 bilhões no mesmo período. Segundo Barreto, essa área enfrentou entraves recentemente devido a um momento delicado no setor agrícola brasileiro, mas ele enfatizou que a diversificação da Automob ajudará a lidar com os ciclos naturais do agronegócio.

Combinando esses resultados, a nova empresa estreia na Bolsa com uma receita líquida superior a R$ 12 bilhões e um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) de R$ 439 milhões.

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Contramão

Enquanto a Automob dispara no Ibovespa, outras empresas da holding despencam na Bolsa. Às 11h45, a Vamos (VAMO3) registrava queda de 2,72%; as ações da JSL (JSLG3) derrapavam 4,15% e os papéis da Movida (MOVI3) caíam 2,11%.