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A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) anunciou nesta quinta-feira (2) que irá aumentar a sua produção da commodity de 432 mil barris por dia para 648 mil barris em julho. Contudo, mesmo com o acréscimo da oferta, os contratos futuros de petróleo fecharam em alta, com o Brent para agosto subindo 1,43%, a US$ 117,89 o barril – isso porque, para analistas, a quantia somada ainda é insuficiente.
“Acreditamos que esse aumento continua sendo insuficiente para equilibrar o mercado global de petróleo, que já está voltando ao déficit após a recuperação da demanda da China”, apontam os analistas Damien Courvalin, Callum Bruce e Jeffrey Currie, do Goldman Sachs, em relatório.
Para eles, além da questão da China, o fato de a União Europeia ter recém-anunciado o embargo ao petróleo russo deve pressionar os preços. Também hoje, o bloco anunciou que será proibida a compra da commodity por vias marítimas do país governado por Vladimir Putin durante seis meses e de derivados por oito, em mais uma rodada de sanções por conta da guerra da Ucrânia.
“Assumimos um declínio de produção de 1,1 milhão de barris por dia na produção russa a partir do segundo semestre, com riscos, agora claros, de queda devido à proibição europeia anunciada”, explicam.
O novo acordo da Opep+ pressupõe aumento da produção para todos os membros, inclusive para a Rússia, que poderia aumentar sua extração em até 170 mil barris por dia a partir de julho, embora ela esteja caindo pela falta de compradores.
A Rússia é um dos três maiores produtores de petróleo do mundo, junto com a Arábia Saudita e os EUA. Antes da invasão, bombeava 11,3 milhões de barris por dia, cerca de 11% da oferta global. O país até está conseguindo manter a sua produção, com a Índia aumentando a compra, mas alguns funcionários da Opep acreditam que será difícil continuar bombeando no mesmo nível, depois que União Europeia de fato embargar o produto.
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Conversas com Irã, Venezuela e Líbia não andam
Nas outras frentes que estão no radar para aumentar a produção, as negociações estão empacadas. No Irã, as conversas sobre o acordo nuclear não progridem e a projeção de que país pudesse aumentar a produção mundial em 500 mil barris por dia no segundo semestre agora é, para o Goldman, “improvável até o próximo ano”.
As produções da Líbia e da Venezuela também vêm frustrando as expectativas do banco – que aguardava algo próximo aos 600 mil barris por dia provindos dos dois países. Neste cenário, o Goldman projeta o barril do brent a US$ 125 para o segundo semestre de 2022 e vê riscos de alta nas projeções.
“Dada a alocação proporcional para todos os membros (com a Rússia mantendo sua parcela de cotas) e nossa expectativa de que muitos países continuarão a ficar para trás em suas cotas, esperamos que essa mudança represente apenas um acréscimo de produção de 200 mil barris por dia durante o verão no hemisfério norte”, afirmam.
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O analista Tim Evans, do Citi Bank, vai no mesmo caminho. “O aumento será alocado proporcionalmente a todos os membros, o que sugere que o volume real de oferta adicional pode ser apenas cerca de metade do tamanho. A Rússia, em particular, simplesmente vai produzir o que puder vender e isso provavelmente será bem abaixo de sua alocação”, diz.
Por fim, o JP Morgan corrobora as afirmações – em entrevista ao Wall Street Journal, Christyan Malek, chefe do setor de petróleo e gás do banco americano, defendeu que é é improvável que o acordo traga significativamente mais produção de petróleo do grupo: “é como se a OPEP+ estivesse disparando balas de borracha no mercado de petróleo, é uma maquiagem”.
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