Aumento de carteira de microcrédito do BB mostra pressão estatal, diz Planner

Corretora fala em ingerência do governo, mas não vê deterioração da rentabilidade do banco e mantém perspectiva otimista

Nara Faria

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SÃO PAULO – A notícia de que o Banco do Brasil (BBAS3) vai investir no aumento de sua carteira de microcrédito para este ano é vista pela Planner como a comprovação da maior influência do governo sobre as decisões de investimentos do banco. O BB planeja conseguir uma alavancagem de R$ 1,5 bilhão em 2011, sobre o valor atual de R$ 1,1 bilhão – montante que, segundo a corretora, representa pouco menos da metade do total direcionado para microcrédito em todo o sistema financeiro. 

De acordo com a Planner, nos últimos meses o BB tem sido pressionado pelo governo federal a aumentar a sua oferta de crédito em áreas de interesse social, principalmente em relação ao microcrédito e atuação no segmento de habitação popular, com o intuito de complementar à Caixa Econômica Federal no financiamento do programa “Minha Casa, Minha Vida”. 

Desde 2003, há uma norma do Banco Central que determina que 2% dos depósitos à vista sejam direcionados para o microcrédito, caso contrário serão retidos em compulsórios. Os empréstimos, contudo, são mais arriscados. 

Rentabilidade não é prioridade do governo
Na opinião da Planner, a maior ingerência estatal faz com que os múltiplos da empresa fiquem cada vez mais baixos, já que as decisões do governo não privilegiam a rentabilidade.

Entretanto, a corretora destaca que isso ainda não é visível no balanço.”Ainda não observamos queda na rentabilidade do banco, bem pelo contrário, por esta razão continuamos com nossa visão positiva da empresa”, diz a Planner. Apesar disso,  “notícias como essas lembram o acionista que seu principal sócio ainda é o governo”, afirma a corretora.