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O Assaí (ASAI3) trouxe na noite dessa quarta-feira (21) um resultado do quarto trimestre de 2023 misto ao olhar dos analistas, mas com tendência de interpretação mais otimista. Apesar de a companhia ter batido o consenso do lado operacional, especialistas continuam de olho na alavancagem do grupo, que cresceu após a compra dos hipermercados Extra.
Na parte do faturamento, a receita líquida foi de R$ 18,4 bilhões, alta de 15,5% no ano, dentro do consenso da maioria das casas. “Alta foi apoiada por vendas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) positivas de 2,9%, apesar dos impactos da deflação alimentar, e expansão da área de venda de 12%”, diz o time do Bradesco BBI, encabeçado por Felipe Cassimiro.
A baixa inflação – ou até mesmo uma deflação em algumas categorias – vinha sendo um temor do mercado para o setor. Quando a variação de preço está baixa, as pessoas e comerciantes tendem a montar menos estoques, já que não há risco dos preços aumentarem, o que impacta o faturamento dessas varejistas. Fora isso, em um cenário de deflação, não raro essas empresas veem seus estoques perdendo valor de mercado, tende de vender produtos por preços menores do que pagaram.
No entanto, o Assaí conseguiu contornar o problema, com as vendas mesmas lojas (SSS) subindo principalmente com a ajuda da maturação das lojas convertidas. Fora isso, a empresa também expandiu organicamente, com 12 lojas abertas no quarto trimestre.
“O Assaí conseguiu navegar no ambiente relativamente bem, postando um crescimento positivo em vendas em mesmas lojas de 3%, impulsionado tanto pelo volume quanto pelo ticket. Acreditamos que esse desempenho reflete a resiliência do modelo de cash & carry do Assaí e a qualidade de seus pontos comerciais”, diz Irma Sgarz, do Goldman Sachs.
A maturação das lojas também auxiliou a margem Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês), que chegou a 7,8%, ante 7,3% um ano antes. “Olhando para a rentabilidade, a margem bruta caiu 0,5 ponto percentual (para 16,7%), em cima de uma base comparativa difícil e menos expansões, enquanto a margem Ebitda ajustada subiu 0,5, se beneficiando de alavancagem operacional advinda da maturação das lojas e de controle de despesas”, explica a equipe da XP, encabeçada por Danniela Eiger.
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Do lado negativo, como já mencionado, ficou o resultado financeiro do Assaí. O BBI, por exemplo, menciona que “a alta alavancagem e o capex de expansão continuaram a pesar sobre a geração de caixa”, com a companhia ainda tendo gastos por conta da aquisição de unidades do Extra e com a conversão de lojas.
Mesmo com a melhora operacional, o lucro líquido do Assaí, por conta principalmente dos gastos com dívidas, ficou em R$ 297 milhões, queda de 26,8% no ano. No entanto, a percepção geral é de melhora em 2024.
“Com o plano de conversão em grande parte finalizado e no caminho certo, e pagamentos relacionados a negócios amplamente realizados, vemos uma trajetória positiva para o crescimento dos ganhos”, mencionam os analistas do Morgan Stanley. “Continuamos positivos com a tese de investimentos na companhia, com o plano de conversão avançando em linha com o indicado pela empresa e esperamos que – dada o fim das conversões das lojas adquiridas pelo Extra assim como a finalização dos pagamentos referentes à transação – o Assaí inicie um processo de desalavancagem financeira”, comenta a Eleven;
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Os analistas também mencionam que a aceleração da inflação alimentar deve contribuir para o resultado do Assaí ao longo deste ano, bem como para uma melhor geração de caixa e desalavancagem. O maior fator de preocupação em 2024 está na mudança de benefícios fiscais, mas a companhia estaria bem posicionada para repassar preços ao consumidor e mitigar os impactos.
Em entrevista ao InfoMoney, Daniela Sabbag, CFO do Assaí, disse que os sinais são de que essa evolução positiva percebida pela companhia deve prosseguir. De um lado, o cenário macroeconômico traz boas notícias, como perspectiva de queda de juros, de inflação sob controle e poder de compra do consumidor fortalecido. Além disso, a empresa vem colhendo os frutos da redução da alavancagem e da conversão das lojas da rede Extra, adquirida em 2021, que foi praticamente concluída. Das 66 lojas, 64 já operam sob o padrão Assaí. Em média, essas unidades faturaram R$ 28 milhões ao mês, o que significa o cumprimento da meta de triplicar o faturamento das lojas convertidas até o fim de 2023.