Assaí e Carrefour: por que caem bem mais que o Ibovespa no ano e o que esperar?

Ações do Assaí e Carrefour acumulam perdas supreiores a 10% no acumulado do ano

Felipe Moreira

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As ações das empresas de varejo alimentar Assaí (ASAI3) e Carrefour (CRFB3) recuam mais de 10% no acumulado do ano, enquanto Ibovespa acumula perdas de 3%. O movimento intriga, uma vez que ambas tem relatado resultados relativamente sólidos até agora, conforme destaca o Goldman Sachs, que aponta os motivos para esse desempenho.

O banco americano aponta que grande parte do desempenho negativo foi impulsionado pelo alargamento da curva de juros.

“Apesar do perfil de demanda mais defensivo que os varejistas de alimentos oferecem, taxas mais altas têm um impacto desproporcional nos lucros, já que ambas as empresas permanecem altamente alavancadas após fusões e aquisições (M&A) e capex relacionados nos anos anteriores”, explica o banco americano.

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Para contextualizar, a Assaí fechou o 1T24 com 4,6 vezes dívida líquida/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) e Carrefour com alavancagem de 3,0 vezes.

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Em termos de avaliação, no último fechamento, o Goldman vê ASAI3 e CRFB3 sendo negociadas a 12 vezes e 10 vezes Preço/Lucro em 2025, respectivamente.

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Nesse contexto, o banco concorda que esses níveis não são necessariamente pouco exigentes em comparação com o resto das empresas em sua cobertura. No entanto, acredita que as tendências futuras de inflação de alimentos podem apoiar as vendas e impulsionar as revisões de lucro para cima (na ausência de revisões de taxas de juros para cima).

Segundo o relatório, o consenso projeta que a inflação dos alimentos acelerará pelo menos até o final do 3T24, e analistas acreditam que pode haver um risco de alta nas estimativas de consenso para o primeiro semestre de 2025.

Expectativas do mercado para a taxa de política monetária no final de 2024/2025 subiram de 9.0%/8.5% no início deste ano para 10.5%/9.5%, de acordo com estimativas compiladas pelo Banco Central do Brasil.

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Como resultado, as revisões para baixo das projeções de lucro líquido superaram as do Ebitda no acumulado do ano: -28%/-27% para o lucro líquido estimado de 2024 para ASAI3/CRFB3 versus -2%/-11% para o Ebitda.

Mesmo em um cenário de taxas elevadas por mais tempo, o Goldman Sachs espera que o lucro por ação (EPS, na sigla em inglês) cresça 13% em 2024 e 57% em 2025.

De acordo com relatório, o crescimento deve ser impulsionado por um aumento da receita de +12% (média anual), mas também pela contínua desalavancagem a partir da geração de fluxo de caixa positivo à medida que a base de lojas amadurece e os layouts de capex incrementais são menores.

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Da mesma forma, o Goldman Sachs projeta que o lucro líquido da Carrefour quase dobre em base anual no próximo ano.

Para o braço de atacado do Carrefour, os analistas esperam melhores tendências de receita no 2T24, uma vez que a empresa foi relativamente mais promocional durante suas campanhas tradicionais do 2T, com vendas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) crescendo 4% e receita líquida +8%. Nesse contexto, o banco vê pouco espaço para expansão da margem bruta.

Com relação a operação de varejo do Carrefour, o Goldman espera SSS praticamente estável, com receita líquida caindo 11% ano a ano, como resultado das lojas de supermercado e hipermercado fechadas no período. Além disso, acredita que o Sam’s Club pode ser mais negativamente impactado pela sazonalidade da Páscoa, levando o SSS a registrar +3,0% (crescimento da receita líquida de +16%) e a margem Ebitda a permanecer amplamente estável ano a ano em 5,0%.

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Por fim, o banco americano reitera classificação de compra para Assaí e Carrefour, com preço-alvo de R$ 14 para ambos.

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